Ciclo do Lobisomem. 《Concluído》

Capítulo 47. A cura.

- Aquela gente não presta - desdenhou Jonathan a Ethan enquanto analisa os restos mortais das duas ovelhas escondidos num tonel.

- Não seria o tal monstro que atacou no centro esses dias?

- Não seja ingênuo, homem; uma criatura que vinha comendo animais pelas fazendas e agora conheceu o gosto de carne de gente, vai voltar a comer bicho? Claro que não. Eles estão se aproveitando da criatura para acabar com a minha produção de leite de lãs, só pode.

Calaram-se por certo tempo.

- Vá buscar a camionete e despache isso em algum lugar longe daqui.

- Não vai comunicar a polícia?

- Para quê? Das últimas vezes o que diabos a polícia fez? Nada! Então não quero aqueles abutres dentro de minhas terras.

O celular de Jonathan tagarelou o som anunciador de chamadas.

- Espere - disse a pessoa ao atender a chamada. - Faça o que eu te disse e não diga a ninguém sobre isso, nem mesmo para Evelyn. - Concluiu a Ethan.

Ethan assistiu a seu patrão se distanciando falando cautelosamente para não ser ouvido.

...

Evelyn está com sua secretária na calçada de frente ao prédio protagonista das atenções daquela manhã. Ela se despede da funcionária prometendo se comunicar assim que receber alguma resposta da polícia após a perícia feita.

Recebeu uma mensagem pelo celular.
- A gente se fala ainda essa semana! - disse ao se distanciar rumo ao seu carro.

Evelyn foi travada pelo impacto da mensagem. Sem delongas ela iniciou uma ligação.

- Como assim, duas ovelhas mortas? - indagou assim que respondida. - Onde?

- "No celeiro".

- Jonathan já sabe disso?

- "Sim. Eu vim deixar os restos na floresta. Ele pediu pra não contar a ninguém".

- Como ele reagiu?

- "Meio que com naturalidade. Eu achei que ele surtaria ou chamaria já a polícia... Mas ele disse que não, quer a polícia longe!".

Evelyn se fechou por uns instantes.

- Okay, quando eu chegar aí, você me conta direito!

- "Tudo bem, mas não comente com ninguém, por favor, ele me deu essa ordem".

- Okay. Até mais tarde.

...

Harry está no quarto com seu irmão. Observa seu avô no jardim enquanto espera Wesley ligar o videogame para jogarem uma partida num jogo de corrida, há tanto tempo pedido pelo irmão. Maya, sua irmã, está assistindo TV enquanto sua avó, na cozinha, prepara o almoço.

De repente Harry levou um puxão de braço que lhe arrancou impiedosamente de seus longínquos e profundos pensamentos.

- Hey, tá surdo?! - indagou Wesley expressando impaciência.

Harry virou para seu irmão num golpe ligeiro de pescoço numa clara demonstração de susto pelo feito violento do jovem.

Wesley assiste seu irmão se meter num olhar vazio desconectado de seu entorno.

- Oh! Está tudo bem contigo?

Harry o olhou nos olhos e balançou a cabeça positivamente, porém.

- Então, podemos jogar?