capítulo 02

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Pov Luísa:

Eu juro que não sei o que fazer com a Andressa. Com toda essa brincadeira ela está me devendo uma barca de açaí. Óbvio que eu não iria por minha vida em risco assim, de graça.

Andressa: Temos um probleminha._falou enquanto retocava a sua maquiagem.

Luísa: Temos vários problemas._revirei os olhos.

Andressa: Seu carro, ele deve ficar na barreira. Eles não autorizam entrar no morro, a não ser que seja bem próxima do dono.

O meu carro é o meu xodó. Sou herdeira de uma das maiores concessionárias do mundo. Meus pais morreram em um acidente de carro em outubro do ano retrasado. Meu irmão vive viajando pelo mundo, raramente vejo ele.

Mesmo tendo uma concessionária com vários carros de todos os jeitos. O meu é o mais especial, ganhei de presente do meu pai quando eu completei dezeseis anos.

Luísa: Isso estava bom demais para ser verdade. Se acontecer qualquer coisa lá, eu juro que vou fazer sua consciência pesar._olhei pra ela que assentiu.

Eu estava pronta, estava de salto, mesmo sabendo que eu teria que andar bastante até chegar no baile. Eu amo conforto, e é por isso que eu vou trocar por via das dúvidas. Meu look ficava impecável com um salto, com um tênis não ficava feio, mas não chegava aos pés do salto.

...

Descemos o morro, essa é a primeira vez que venho nesse lugar. Um pouco diferente do que eu imaginava. De longe podia se escutar o barulho da música, funk em volume alto. Agora eu imagino, como o pessoal consegue dormir com um volume desses?

O lugar estava movimentado de gente. Tinha pessoas de todos os tipos, dos mal encarados até os playboyzinhos. Isso é surpreendente.

Andressa: Vem, vamos pegar alguma coisa pra gente beber._segurou a minha mão e começou a andar no meio daquela muvuca.

Luísa: Andressa, pelo amor de Deus! Não vai embebedar. Eu te deixo aqui._avisei e ela levantou as mãos em forma de rendição.

Peguei uma Ice, e fiquei perto da barraquinha enquanto do meu lado a minha amiga dançava até o chão. É difícil entender essa garota. Na academia reclama que faz dois agachamentos, agora pra rebolar até o chão é uma facilidade impressionante.

Tinha um camarote, aparentemente só tinha homens. Não reparei direito, estou evitando o máximo ficar encarando as pessoas. A Andressa falou que eles são chatos em questão de ficar encarando os lugares e até mesmo as pessoas.

Baile, costuma passar direto no cidade alerta à respeito de assassinatos, brigas, drogas. Realmente, por todo lugar tinha um cheiro forte de drogas, e eu não estou acostumada com isso. A Andressa agia como a coisa mais normal do mundo, essa menina não é certa da cabeça.

Andressa: Ele está vindo!_apontou para um cara que descia o camarote.

Luísa: Ótimo, mal cheguei e já irei segurar vela._virei a garrafa de Ice na boca.

Andressa: Eu prometi não te deixar sozinha. Ou você segura vela, ou fica aí sozinha enquanto eu pego o gatão._me olhou.

Luísa: Tranquilo eu ser vela. Vai ser uma experiência incrível, pode apostar!_falei fazendo careta e ela riu.

Andressa: Boba!

Estava muito movimentado o lugar, acho que onde a gente estava era o menos movimentado. Minutos depois o tal ficante da Andressa chegou. Pode falar o que quiser, mas a Andressa tem bom gosto. O menino é lindo, cara de traficante, porém, lindo.

Andressa: Luh esse é o LJ, LJ essa é a minha amiga, Luísa._me apresentou para o cara que me cumprimentou com um abraço.

Eles foram super educados e evitaram ficarem de pegação do meu lado. Meus ouvidos agradecem. LJ, o mesmo nome que o cara falou na ligação. Quais são as chances de isso acontecer? Eu não faço idéia. Era um número privado, não dava para identificar o número.

LJ: tu não dança não?_me olhou e eu neguei rindo.

Andressa: Deixa de mentira, ela dança sim. Melhor que ela eu nunca vi. Ela só está com medo._deu um gole na sua bebida.

LJ: medo de quê pô?_riu.

Andressa: Daqui.

LJ: Porque?_me olhou curioso.

Luísa: É a primeira vez que venho aqui, é tudo muito novo._sorri simpática.

Andressa: E ela também pesquisou no Google sobre baile funk. Tava assustadinha ela.

Luísa: E isso também._concordei com a Andressa.

LJ: porra, tinha outra fonte de pesquisa pra tu vê não? Menor, o Google só fala do lado ruim dos bailes funk, das favelas. Aqui é tranquilo parça._me olhou.

Luísa: Super, só passou umas sete pessoas aqui com um fuzil nas costas. Isso é super normal!_falei irônica e ele riu.

LJ: isso aí por segurança pô. Tu não viu na barreira? Aqui todo mundo anda armado!_mostrou a arma em sua cintura.

LJ: Não matamos inocentes, nós protegemos eles.

Luísa: Valeu, mas ainda estou com a cabeça perturbada._fiz jóinha com a mão.

LJ: é porque cê viu o morro de noite. De noite não dá pra apreciar muita coisa assim. A Andressa vai vim no jogo amanhã, vem com ela pô. Aqui é top durante o dia._falou e eu assenti.

Realmente o que ele falou me convenceu, porém, não tirou e nem mudou o meu medo. Diferente de todas as festas que já frequentei. Nunca havia visto uma arma de perto antes. Apesar do medo, meu sonho é ter uma.

Comecei a dançar, não exageradamente igual a Andressa. Aquela ali não tem um pingo de vergonha, isso eu admiro nela. O LJ é super gente boa, sério, muito atencioso, cuidadoso.

***: Porra mano, tava te caçando aqui. Tá com o rádio é de enfeite._falou um cara para o LJ que cumprimentou ele com um toque.

Essa voz é muito famíliar.

LJ: Pelo amor de Deus né Grego, volume que o som tá. Dá pra escutar muita coisa não viado. Aí, Andressa esse é o Grego meu irmão, parça essa é a Andressa. Essa aqui é a Luísa, amiga da Andressa._falou e eu sorri como cumprimento.

Eu não pude deixar de reparar. Esse cara é extremamente lindo, uma cara séria, cheio de marra, tatuagens, mas lindo. E também nada parecido com o LJ, completamente diferente.

Não me chame de princesa Onde histórias criam vida. Descubra agora