53: Sinto sua falta.

3.4K 266 41
                                    


Seus pés batem no chão ao som da música Good Looking, da sua cantora favorita Suki Waterhouse, enquanto ela rola seu dedo pelo feed do instagram

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Seus pés batem no chão ao som da música Good Looking, da sua cantora favorita Suki Waterhouse, enquanto ela rola seu dedo pelo feed do instagram. Só por curiosidade, ela clicou na barra de pesquisa e digitou um nome. JJ Maybank.

Seu perfil aparece e ela clica em suas fotos. Eles pararam de se seguir a um bom tempo, então parece uma eternidade que ela não vê as fotos deles. Sua foto mais recente ele postou a apenas uma semana, e é uma foto com Kiara. Seu braço está em volta dele e os dois sorriem um para o outro. Seus olhos azuis brilham intensamente, e sua camiseta preta sai um pouco transparente mostrando seus músculos. Eles parecem perfeitos um para o outro.

Serena sai de seus pensamentos quando ouve a porta da frente abrir e bater. Passos soam pelo corredor e depois param. Ela escuta os gritos de Cynthia e depois a voz embriagada de seu pai. O casamento deles não vai bem, e Joseph e Cynthia só fazem brigar ultimamente. 

Serena se encolheu na cama, e guardou seu celular diminuindo o ritmo da sua respiração, seus ouvidos se contraem ao som dele se aproximando. Ela se vira de lado, enfiando a mão sob os travesseiros e fechando os olhos com força. A porta do seu quarto é bruscamente aberta.

—Onde diabos você esteve, Serena? Não vimos ou ouvimos falar de você faz dois dias!—Joseph gritou, fazendo Serena estremecer.

—Pai, fica tranquilo.—Serena aperta uma almofada contra seu peito.—Eu estava na casa de Sarah.

—Você não poderia ligar? Enviar uma maldita mensagem?

—Eu poderia, sim. Mas eu já sou maior de idade, não sou mais sua responsabilidade.— Serena bufou.

— Achei que fosse pedir desculpas. — Jospeh diz, com uma cara de pau que deixa Serena atônita.

Soltando uma risada sem graça de incredulidade, o que é estranho, porque a expressão no rosto de Serena não muda.

— Pedir desculpas? Por que eu faria isso?

 Joseph passa a mão pela barba bem feita, com o olhar vazio.  Seus olhos, cheios de raiva, encontram os dela, e uma veia salta em sua testa, tão vermelha quanto o restante do rosto.

— Você é igualzinha a ela, sabia? — Ele sussurra, tão suavemente que Serena mal consegue ouvir, considerando que estavam aos berros há apenas alguns segundos. — É teimosa, rebelde...nunca soube como lidar com sua mãe, e agora não sei como lidar com você.

— Por isso eu queria morar com a mamãe e não com você. — Serena se arrepende no instante em que as palavras saem da sua boca.

— Se é assim que você se sente, talvez seja melhor ir embora, você não faria falta. — Joseph grita, e isso assusta Serena, um pouco, ao mesmo tempo em que a deixa com raiva. — Todo dia eu acordo e torço para que você morresse!

Serena permanece na expectativa do instante em que Joseph irá encará-la, com os olhos marejados, pedir perdão e jurar que vai se esforçar para ser um pai melhor. Ela fica aguardando, aguardando, aguardando... mas esse momento nunca chega. 

— Eu te odeio.— Retruca na mesma hora com a voz trêmula. Ela sentiu vontade de chorar imediatamente, e cobriu a boca com as costas da mão, sentindo seus olhos marejarem um pouco. 

— Cuidado com o que diz, Serena. — Ele diz, claramente magoado e irritado.

Serena olhou para o homem a sua frente, com os olhos marejados. Ela sentia a falta de seu pai, ela sentia saudades dos carinhos, abraços e palavras de amor. Ela sentia falta das noites que Joseph contava histórias para ela dormir. O homem a sua frente, não era mais o mesmo homem de antes. Não havia como negar que ele era o culpado pela forma como sua filha era, e não havia nada que ele pudesse fazer para consertar isso. 

Ele era o culpado pelos relacionamentos anteriores a maioria deles não terem dado certo, ou melhor, o por quê de Serena não ter escolhido certo. Carência de figura masculina é, com certeza, uma das razões. Ela sempre teve a certeza que a sua mãe sempre quis ser mãe, era o sonho dela, e isso, com certeza, contribuiu para ela ser, até hoje, maravilhosa para Serena. 

Ao ver os olhos tristes de sua filha, Joseph se arrastou, cambaleando até Serena. 

— Olhe só para você. — Joseph leva sua mão para o seu rosto, alisando sua bochecha. Seu semblante automaticamente se suaviza. — Desde pequena seus olhos falam por você, e agora eles me dizem que você está triste.

Ao contrário do que Serena imaginou, Joseph a olhou com ternura e não decepcionado ou bravo.

— Sempre cuidei de você e agora você tá tristinha porque não fui protetora o suficiente — Desabafou com a voz rápida e embolada. — Não consegui te proteger e não posso fazer nada, Serena.

— Você não me protege há muito tempo, pai.— Serena não queria ser rude, mas não pode evitar o tom de sua voz.

— Eu sei — respondeu, se aproximando para abraçar sua filha. — Eu sei.

—Eu sinto a sua falta.—uma lágrima rolou por sua bochecha e Joseph limpou com um sorriso fraco no rosto.

—Não chore. Está tudo bem.

Ele se levantou ainda cambaleando, deu um beijo na testa de Serena e saiu. A deixando para trás, sozinha. Esse tempo todo ela acreditou que Rafe foi a primeira pessoa a quebrar seu coração, mas ela estava enganada. A primeira pessoa a quebrar seu coração na verdade foi seu pai.




Double TroubleOnde histórias criam vida. Descubra agora