T3|9- Sonho

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   Luz. Tanta luz que chegava a irritar os meus olhos. Vazio. Vazio mas não como o vazio do qual eu estava acostumada. Ao invés da típica escuridão havia muita claridade. Muita.
 
Ao longe eu vejo uma criança. Um menino de pele preta como a noite, de cabelos lisos e negros que batiam na altura de seus ombros. Aparentava ter uns cinco ou seis anos de idade. Ele caminhava na minha direção com um sorriso no rosto. Suas covinhas me lembravam o sorriso de alguém, mas eu não conseguia me lembrar de quem. E eu não conseguia lembrar de onde eu conhecia aquela criança. Ela me parecia tão familiar...

- Olá!_ A criança me cumprimenta com alegria. Seu sorriso faz o meu aparecer também._

- Oi!_ Retribuo com o mesmo tom alegre._ -Qual o seu nome?

- Eu te conto se você aceitar passear comigo._ A criança barganha e eu a olho desconfiada. Ele não era muito novo para saber barganhar?_ - Vamos?_ Ele pede enquanto estende a pequena mãozinha para mim e eu aceito de bom grado._

- Onde estamos?

- Em um lugar bom. Ele disse que as pessoas boas vem para cá.

- Quem disse?_ Pergunto e a criança revira os olhos._

- Você faz muitas perguntas, sablia?_ Ele solta uma gargalhada gostosa e eu rio também._

- E você é muito debochado para uma criança. Seus pais não te ensinaram bons modos?_ Pergunto e a criança me olha com pesar , porém não parecia estar triste._

- Mamãe sim, papai não. Mas eu puxei isso da mamãe, apesar dela não me ensinar a ser assim.

- Sua mamãe deve ser muito responsável, então. Onde ela está?

- Junto com o papai em outro lugar. Ela não está passando por um momento muito bom, mas vai melhorar.

- Nossa! Bom, sinto muito. Seu pai está a ajudando?

- Quasle isso. Eles dois estão passando por um momento não muito bom. O papai se estressou muito e acabou machucando a mamãe sem querer.

- Meu Deus! Mas como ele pôde fazer isso com a sua mãe?_ Pergunto atônita e a criança para de caminhar antes de se pronunciar novamente._

- Não foi culpa do papai. Foi um acidente. Eu o entendo.

- Entende?

- Sim. As vezes eu também fico irritado, acho que puxei isso dele. Sabe , ele realmente não queria ter a machucado, então não o julgue.

- Tudo bem, desculpe._ Peço e suspiro._ - Mas como você pode entendê-lo? É só uma criança. Você não tem idade o suficiente para ficar tão estressado ao ponto de machucar alguém.

- As vezes eu não sou criança._ O  menino diz e um clarão faz com que eu desvie o olhar. Quando a claridade passa o menino havia sumido. Em seu lugar um rapaz havia surgido._

- Quem é você?!

- Não me reconhece?_ O garoto pergunta com uma sobrancelha levantada. O sorriso irônico em seu rosto me era familiar._ - Estava falando comigo há alguns segundos atrás.

- Mas... como você?

- É difícil de explicar. Vamos ?_ Ele dá de ombros e estende sua mão novamente. Eu aceito hesitante._

- Por que estamos aqui? Por que eu estou aqui?

- Você precisava me ver e se certificar de que eu estou bem e em um lugar pacífico. E eu precisava fazer você entender que meu pai não fez o que fez por querer.

- Por que eu preciso me certificar de que você está bem? E por que eu preciso saber sobre o seu pai? Nós nos conhecemos faz só alguns minutos.

- Não se lembra mesmo, não é?_ O rapaz pergunta e me olha fascinado._

Crepúsculo - Lua de Mistério.Onde histórias criam vida. Descubra agora