7º 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

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Badá: Ai?

Fico em silêncio, terminando de arrumar o que falta das minhas coisas e então ele entra no meu quarto.

Badá: Vou na boca, deixei os moleques aqui de vigia. Preciso resolver meus b.o, não é para sair daqui.

Badá: Tá com fome?

Luíza: Não.

Badá: Jaé então.

Eu terminei de guardar a roupa, olhei para ele e sequei meu rosto. Ao ver ele sair dali, fui tomar um banho, precisava esfriar a cabeça, tomei um banho gelado, depois coloquei uma música no celular e dei uma ajeitada naquela bagunça. Quando terminei de fazer meus afazeres, eu peguei minha mochila e tentei estudar para me distrair... então eu ouço um barulho na porta, vejo o Muralha entrar e ele estava com uma sacola em mãos.

Muralha: E ai Luíza, tá tudo bem?

Muralha: Nossa, essa casa tava precisando mesmo de uma arrumada.

Muralha: Vim trazer seu café da tarde, a mando do chefe, Mal dá demora, eu tava na função.

Luíza: Relaxa

Peguei a sacola.

Muralha: Tem um dorflex aí, quando nos precisa, ele é o único que salva.

Luíza: Valeu!

Luíza: Pode chamar de Lu, mas bem não está... me sinto num pesadelo.

Muralha: Ele teve uma boa intenção.

Luíza: Que intenção? Mandar em alguém? Compra uma pessoa? Agir como um idiota o tempo todo, é... bela intenção.

Muralha: É difícil, mas confia. Conheço dele desde menor, ele tem esse jeitão de mal mas no fim tem o coração bom.

Luíza: Pelos comentários que já ouvi sobre ele e sobre boa parte do pessoal daqui, eu tenho dúvidas.

Muralha: Sabe que o povo fala demais né?!

Muralha: Mas ai, visão... Fica suave que ele não vai fazer nenhuma maldade com você.

Luíza: Tem certeza? Ele me trouxe contra a minha vontade e me deixou presa aqui, isso é Art. 148. sabia?

Muralha: Que papo é esse? Maluca!

Luíza: Cárcere de privado.

Luíza: Eu quero ser advogada.

Muralha: Olha ela, quer ser doutora.

Luíza: Morar na favela, me fez ver que... a mídia sempre vai taxar o pobre, preto, favelado como o criminoso da história e não é bem assim!

Muralha: Então se eu for preso, tu me defende?

Luíza: Depende da quantidade de crimes que tu vai responder.

Muralha: Tô fodido então, pego a lei dos 30.

Começamos a dar risada, prolongamos a conversa, eu tomei o remédio, comi os salgados do boteco da vó Helena e era o melhor. Quando eu terminei de comer, o Muralha saiu e voltou para a boca. Joguei as coisas no lixo, fui para a sala novamente, sentei no sofá e comecei a pensar... sobre o rumo de tudo, de como a minha vida era de mentira, eu acreditava que tinha uma família, uma mãe que me protegia, que faria qualquer coisa por mim, afinal eu só tinha ela né? Algumas horas depois, eu caí no sono, acordei com alguém me chamando e era o Luizinho.

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