Depois daquela noite juntos, iniciamos uma nova jornada e era real a maluca era minha mulher. Obvio, que vamos casar na igreja, no cartório ou onde ela quiser. Só preciso estar com ela, cuidando da nossa família e ir em busca de melhora. Mas pra falar a verdade, tem uns meses aí que venho pensando em abandonar essa vida, mas não posso... corro riscos, estar aqui dentro e nessa posição me deixa ''blindado''. Queria muito ter a minha filha longe dessa vida, queria comprar uma casinha no literal, me moca pra lá e nunca mais ser visto. Vive com a Luíza em paz, só acordando cedo para andar na praia e tira uma onda de playboy.
3 meses depois...
Bom, eu sei que ela quer dar o melhor para a nossa filha, mas o que era para ser uma casa simples, mas bonita se tornou em um sobrado enorme e bem caro. A Luíza está com 8 meses, quase nove... nossa menina está cada vez mais forte e segundo a médica vai nascer daqui algumas semanas. Ontem a Luíza estava terminando de arrumar a mala do hospital, já que segundo ela, ela sente que a nossa filha vai nascer... e eu apenas concordo. Nesses meses que se passou, fomos em mais algumas consultas e ultrassons. A Luíza quis tirar umas fotos de recordação, eu curti a ideia e registramos algumas num studio aqui do Morro. Maluco, a sensação que sinto no momento é melhor que a adrenalina que a droga que causava, deixei de ir nos bailes desde quando a Luíza não pode ir mais, queria tá com ela em casa, cuidando dela e da neném. Eu estava curtindo essa vibe de ser pai, noivo e chefe de família só pensando em como vou manter minha família segura. Já pensou? Tenho uma pá de inimigo, se malandro souber de muita coisa, pode dar problema e é embaçado.
Rocinha, 20:55 da noite.
Eu estava saindo da boca, entrei no carro depois de falar com geral e puxei para casa. Não demorou muito para mim chegar em casa, dei um salve nos menor, abri a porta e dei de cara com a Luíza. Nossa que mulher linda... ela estava servindo o nosso jantar, dei um beijo nela e subi para tomar banho. Nos jantamos, conversamos como de costume, ela me contou sobre o dia dela e eu falei sobre o meu. Fomos nos deitar, ainda estávamos na casinha improvisada, Luíza mexeu no projeto da casa várias vezes e faz mais ou menos dois meses que está indo da forma que ela queria que ficasse. Mas não vou reclamar porque tá ficando maneiro e está ficando como ela deseja. Não demorou muito para pegarmos no sono... só que durante a noite começou a aflição... eu acordei com a Luíza se mexendo muito, ela se contorcia e soltava uns gemidos estranhos. Sentei na cama ao lado dela, fiquei a observando e até que ela acordou depois de um tempo.
Luíza: Amor, amor?
Badá: Tô aqui vida, tá tudo bem?
Luíza: Não, tá doendo muito...
Badá: Onde tá doendo?
Luíza: Minhas costas, barriga, pernas... meu Deus...
Badá: Será que já ta na hora?
Luíza: Ai, não sei... tá doendo muito, preciso levantar, me ajuda.
Então eu a ajudei, ela se levantou, ela quis ficar andando de um lado para o outro, demorou um pouco para ela parar de sentir dores intensas, então ela me olhou, com a expressão cansada e com dores . Ela começou a derramar um líquido transparente entre as pernas, seus olhos estavam cheios de lágrimas e apertou minhas mãos.
Luíza: A bolsa... estourou.
Nessa hora eu me apavorei, ela ficou pálida e apenas apertava minha mão. Só pensei em levar ela para o carro, peguei a chave na correria e assim que coloquei ela lá dentro. Voltei para casa, peguei as malas que ela tinha arrumado durante meses e também pus no carro. Não demorou muito para sairmos, enquanto dirigia liguei para o médico dela, já tinhamos planejado onde seria o nascimento da minha filha, já tinha tudo preparado desde o quarto até o último técnico de enfermagem e isso não é brincadeira. Assim que chegamos no hospital, fomos levados até um quarto particular, onde estava tudo preparado esperando por nós, deixei ela sentada sobre a cama, fui buscar uma bola para ajudar ela já que ela apenas gemia de dor e pedia para aquela dor passar. Nossa, ver aquilo cortava meu coração, tão pequena e tão forte daquele jeito.
Quando voltei para o quarto, ela já tinha trocado de roupa e estava andando de um lado para o outro.Badá: Oh meu amor, pra te ajudar.
Ela se sentou e segurou nas minhas mãos. Ela se movimentou ali por um tempo, até chamarem ela para o exame de dilatação, eu fui tomar uma água e respirar. Era difícil mandar a postura naquele momento, só tinha vontade de abraçar ela e sentir por ela todas as dores que ela devia estar sentindo.
LUÍZA NARRANDO
Eu contava um, dois, três e tentava respirar controlando a dor. Mas era impossível, era algo surreal e intenso. Já tinha rezado uns três pai nosso e pedido pela nossas vidas. Quando me chamaram para o exame, fui com medo, mas fui, fiquei numa maca, com as pernas abertas, estavam conferindo a dilatação, fazia umas 4 horas que eu tinha entrado em trabalho de parto e tinha 8 dedos de dilatação. A partir daí ficou pior porque as dores só aumentavam, parecia que a qualquer momento eu ia sentir meu bebê descer pelas pernas mas ainda não era possível a cabeça dele passar pela... Optei por um parto normal, queria sentir as dores e agora estou arrependida. O Badá está do lado de fora, tinha duas enfermeiras comigo o tempo todo, me auxiliando, me ajudando a me exercita para ter mais dilatação e depois de algumas horas...
Enfermeira: Tudo pronto senhora, vamos?
Luíza: Cadê meu marido? ele vai entrar comigo!
Enfermeira: Seu marido? Bom, acho que deve estar no saguão conversando com os médicos. Vou chama-lo.
Ela saiu, tomei banho, coloquei a roupa especifica para ocasião, trancei meu cabelo e nada do Badá. Estava com dores, nervosa e muito aflita. Afinal, estávamos em um hospital particular fora do Morro, foi tudo ajeitado pelo meu médico mas comecei a sentir uma sensação estranha... era difícil de explicar, fiquei respirando fundo para tentar me conter...mas o barulho das rodinhas da maca faziam minha respiração acelerar ainda mais. Entramos na sala de cirurgia, vi o Badá todo vestido adequadamente, de toca, roupas especiais e máscara. Olhei diretamente nos olhos dele e pela fisionomia dava para ver que ele estava sorrindo. Eu estava com medo, nervosa, ansiosa e aflita. Queria ver minha filha, queria formar minha filha com o único homem que eu amei, queria começar de novo, queria ser feliz com ele, ao lado da minha pequena, indo em busca dos nossos sonhos e de uma vida fora do Morro.
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أدب الهواةEu sempre fui uma sonhadora, mas vi meus sonhos se esvaindo ao ser vendida para um dos maiores do Rio de Janeiro.