27° 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

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Bom, já estávamos no mês de setembro, alguns meses depois da última tentativa de invasão do morro inimigo, tive que me aliar a outros morros para aumentar minha proteção e a proteção do morro. O Marola está até hoje no quartinho, levou um tiro, fiz questão de mandar no postinho, ele foi cuidado e vai ficar agora apenas sofrendo. Já que não quer falar, vai apanhar todos os dias, era madeirada pelo corpo todo, evitamos bater na cabeça para o mesmo não ocorrer o risco de um traumatismo, precisava dele vivo por enquanto... Depois que descobri a trairagem do Marola e de outros vapores. Fiquei mais esperto e estava de olho em todo mundo principalmente os que estavam comigo direto. Afinal, eu não podia confiar em ninguém.

A Luíza era chamada de patroa pelo morro todo, por onde ia fazia amizade com os moradores, era super carinhosa com as crianças e logo veio com uma ideia de fornecer sacolão para os moradores mais necessitados todo início de mês. Todos os dias era a mesma coisa, ela ia para escola, voltava e ficava grudada nos livros. Tinha vezes que eu chegava em casa, ia para o quarto sem fazer barulho só para abrir a porta e ver ela concentrada toda séria. Ela ficava ainda mais linda. Claro que nesse meio tempo, eu já tinha ensinado ela a manusear várias armas, automática, submetralhadora, fuzil, espingarda. Eu tinha certeza que ela precisava ficar segura.

Rocinha, 02:35 da manhã

LUÍZA NARRANDO

Eu acordo, olho para cama e o Badá não estava aqui, me levantei e fui caminhando até a cozinha. Quando desci as escadas vi a luz acessa, entrei na cozinha e ele estava lá. Sentado na cadeira, com um copo de gelo com whisky, a garrafa ao lado dele, ele me olhou e limpou o nariz. Foi aí que eu percebi que ele estava se drogando, pois ele respirou fundo, limpou o nariz novamente e deu risada enquanto me olhava.

Badá: Tá fazendo o que acordada?

Luíza: Tu chegou agora?

Luíza: Estava onde?

Ele começou a rir, deu mais um gole no whisky, terminando o mesmo e enchendo o copo novamente.

Badá: Eu estava na boca, bebendo um whisky com os meus parceiro

Luíza: E enchendo a cara de droga né?

Luíza: Quando tu vai criar jeito? Para de usar essa porcaria.

Luíza: O cheiro de cachaça está chegando aqui.

Luíza: Vai tomar um banho, comer alguma coisa, guarda essa garrafa e vai descansar.

Badá: Me deixa pô, não vem cortar a minha brisa.

Badá: To afim de beber, então eu vou beber.

Luíza: Para de agir como criança, Badá.

Luíza: O que houve?!

Badá: Me deixa Luíza, me deixa.

Badá: Vai dormir , pega o caminho da cama.

Ele fez outra carreira, ali em cima da mesa mesmo, ajeitou com o cartão, pegou a nota enrolada e cheirou tudo de uma vez só. Respirou fundo e deitou a cabeça para trás.

Luíza: Deixar você se entupir de droga achando que isso resolve qualquer problema? Deixo sim, boa noite chefão. Mas não esquece que você tinha me prometido que nunca mais iria usar droga aqui dentro.

Nessa hora ele alterou a voz e me encarou de cima à baixo.

Badá: A casa é de quem?

Badá: As drogas que eu uso, é patrocinada por quem?

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