38º 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

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LUÍZA NARRANDO

Começamos a nos ver com frequência, ele tinha os corres do morro para resolver, eu tinha os casos que viam parar na minha mão e a maioria era indicação de clientes que tiveram sucesso com a minha defesa. Era como se eu e o Badá estivéssemos nos dando uma segunda chance, estávamos nos permitindo a recomeçar... segundo ele, essa era a nossa chance de começar a nossa história de novo, de forma diferente e com tudo o que tínhamos direito. Ele me disse que tinha se resolvido com a mãe dele e que depois disso eles se reaproximaram bastante. Dona Mara é como se fosse uma mãe para o Badá, ela segurou as pontas ao lado dele na minha ausência, ela fez ele se alimentar, ela fez ele parar de beber e usar droga como um louco e ela que ajudou a colocar juízo na cabeça desse menino.

Rocinha, 19:00 da noite.

Era uma sexta-feira anoite e eu estava encostando o carro na entrada do morro da rocinha, como os meninos já conheciam o meu carro, liberaram passagem e parei no meio da barreira.

Luíza: Oi meninos, sabem me dizer se o Badá já está em casa?

M11: Ih patroa, patrão tá na neurose lá na boca, teve uns b.o aí e ele tá lá com uns mano do comando do morro do MT.

Luíza: Vou encostar lá na casa dele, pode avisar a ele que estou lá?

M11: Jaé, vou dá um salve nele pelo rádio.

Dei tchau aos meninos, fui devagar subindo em direção a casa do Badá, assim que cheguei abriram o porta, eu entrei e estacionei. Dei um salve nos meninos, entrei e quando abri a porta vi a Dona Mara conversando com a Dona Ângela.

Luíza: Oi meus amores...

Dona Mara: Boa noite meu amor.

Dona Ângela: Oi norinha, saudades.

Dona Ângela: Quer um café?

Luíza: Na verdade, aceito uma dose de whisky.

Ela se levantou, serviu uma dose para mim e outra para ela. Continuamos a conversar conforme eu tomava minha dose e quando dei o último gole um dos vapores entra com tudo.

Magrão: Patroa, corre...

Luíza: O que foi?

Magrão: Badá tá bem louco lá na boca, querendo dá pipoco em geral.

Luíza: Por que?

Magrão: Não sei, só vim correndo porque eu vi o Luizinho no meio.

Ouvi aquilo, sai na disparada, abriram o portão, eu sai de carro até a boca, encostei um pouco antes e entrei no beco onde era a biqueira. Assim que ouvi os gritos vindo de longe, eu andei mais rápido, entrei na boca, vi o Badá de um lado com o MT e uns cara que eu nunca tinha visto e de outro estava o Luizinho, Mano e mais dois vapores.

Luíza: Tá fazendo o que? Endoidou foi?

Badá: O que que tu tá fazendo aqui porra?

Badá: Mete o pé para casa.

Veio na minha direção, parou na minha frente e me encarou com a cara fechada.

Badá: Vai, já chego lá.

Luíza: Não, tu vai comigo e agora.

Luíza: E já falei para você falar comigo direito.

Ele bufou.

MT: Que isso Badá, sendo mandado por mulher?

Eu ouvi a risada dele e a presença desse menino me incomodou de uma forma. Eu encarei ele, sustentei meu o olhar sobre o dele e respirei fundo.

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