17º 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

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LUÍZA NARRANDO

2 MESES DEPOIS...

Os dias foram passando, se formaram meses...passou Natal, Ano Novo e nenhuma notícia eu tive do Badá. Os dias começaram a ser uma tortura, tive pesadelos e durante a tarde eu sentia uma falta enorme dele. Tentava focar toda minha atenção nos livros e isso era inútil. O que me ajudou bastante foi a volta às aulas, conheci pessoas novas, alunos, professores, fiz novas amizades e aos poucos eu fui voltando a minha rotina normal. Eu estudava na escola de manhã, vinha para a casa, fazia as coisas de casa e depois voltava a estudar. Eu queria muito fazer o vestibular, passar para uma faculdade, ser dona da minha vida e do meu destino. Como ninguém queria me deixar sozinha, Mariana dormia aqui quase sempre, Muralha estava aqui todos os dias junto com o restante dos meninos, colocaram mais alguns vapores por aqui ao redor da casa e além do Marola tinha o Magrão que também que acompanhava por todos os cantos que eu ia. Acabei fazendo uma nova amizade em especial, era um menino novo que se mudou para o morro á um mês, por ser um menino super simpático e preocupado se tornou parte do meu grupo. Agora somos um triozinho da sala, não me sinto mais sozinha e fofoca é garantida.

Rocinha, 11:45 da manhã.

Mari: Lá em casa então?

Luíza: Melhor na minha né.

Samuel: Aí Lu, desculpa mana... mas não vou lá na sua casa, não.

Luíza: Ihhhh Samuel, para de graça. Você vai sim e fim de papo.

Mari: Vai rolar um almoço gostosinho?

Luíza: A gente pede para os meninos buscar marmita ou eu faço uma lasanha.

Samuel: Hm, então eu vou!! Aí, então eu vou! Podia ter falado antes né?!

O papo continuou por um tempo, até que o sino bateu, o Marola estava lá na frente me esperando, eu sai junto com a Mariana e o Samuel. Seguimos para a casa, avisei ao Muralha por mensagem que o Samuel estaria indo ali para fazermos um trabalho e que se ele quisesse ele poderia ir ficar com a gente lá ou deixar o Marola na contenção. Enquanto conversávamos coisas aleatórias, subimos o morro até a casa do Badá, hoje fariam três meses que aquele idiota simplesmente arrumou as coisas dele e saiu dizendo que iria para uma missão. Quando cheguei em casa, os vapores ficaram nos olhando e um deles falou comigo.

Magrão: Aí Lu, a entrada de outras pessoas que o patrão não conhece, não é autorizada. Sabe como é.

Luíza: Mas eu tô autorizando.

Magrão: Não é assim que funciona.

Luíza: Ele vai entrar comigo e fim de papo.

Magrão: O patrão não vai gostar.

Luíza: Não ligo para o que teu patrão gosta ou não. Ele vai entrar comigo, o máximo que você vai poder fazer é avisar para o teu chefe, então avisa quando ele decidir voltar para a casa.

Entrei em casa com a Mari e o Samuel. Vi a tv ligada, fui até a sala, olhei ao redor e nada. Achei estranho já que não lembro de ter deixado a mesma ligada mas segui até meu quarto junto com os dois, conversando e dando várias risadas altas. Quando eu terminei de subir as escadas, eu senti o cheiro do perfume amadeirado que o Badá costumava usar, respirei fundo e senti um frio na barriga... quando abri a porta do quarto, vi aqueles olhos azuis de longe me esperando entrar no quarto, eu olhei bem para ele, nisso o Samuel apareceu atrás de mim na porta e o Badá levantou da cama em questão de segundos. Veio na minha direção na maior agilidade e deu uma encarada bolada no Samuel.

Badá: Que porra é essa Luíza? Quem é esse mano ?

Badá: Em caralho, tô falando com você!

Luíza: Badá.

Badá: Responde a minha pergunta.

Luíza: Gente, desce ali na sala rapidinho.

Badá: Ninguém vai sair daqui, anda porra.

Badá: ficando louca?

Eu entrei no quarto, me virei para eles e pedi para eles descerem novamente. Fechei a porta e me virei na direção do Badá.

Luíza: Para de gritar comigo, eu quem te pergunto, tá ficando louco?!

Ele se aproximou mais de mim, segurou no meu braço e me encarou.

Badá: E tu? Perdeu a noção do perigo? Que porra é essa, Luíza?!

Luíza: Trabalho de química e eu vou fazer com o meu grupo.

Badá: Ah claro, trabalho...

Luíza: Me solta.

Ele me soltou, fechei a minha cara legal e retribui a encarada.

Luíza: Você acha que eu sou o que?!

Badá: Quem é esse moleque? Como ele entrou no morro e ninguém me avisou? Como ele vem assim na minha casa e eu não sei? Virou bagunça nessa porra?!

Luíza: Fala baixo e para de cena. Ele mora no morro, ele estuda comigo e se quiser mais informação puxa a ficha dele.

Badá: Tu tá muito folgada Luíza, melhor tu repensar as tuas atitudes.

Luíza: Eu sou folgada?

Luíza: É Badá, fiquei aqui durante três meses sozinha, sem noticias suas, sem saber se tava bem ou se estava mal. Não sai para lugar nenhum além da escola, passei Natal e Ano novo sozinha assistindo televisão porque você tinha dado ordem direta para mim não sair de casa. Eu respeito você o tempo inteiro, faço tudo o que você me pede e ainda sim eu sou a folgada? Folgada por quê? Porque preciso de nota para um trabalho da escola?!

Luíza: Francamente.

Luíza: Mas esperar o que de alguém que só sabe resolver as coisas na base da agressividade.

Luíza: Você é patético.

   Virei as costas, abri a porta e quando fui sai do quarto. Ele me chamou, mantive a minha postura, fechei a porta, fui na sala, eles já tinham aberto os livros, Mariana estava pesquisando algumas coisas no celular, peguei meu caderno e fui revisando o matéria. Passou um tempo, ouço barulho nas escadas e sinto um frio na barriga novamente.

Badá: Aí Mari, suave?

Ela respondeu e ele logo falou com o Samuel.

Badá: Aí menor, foi mal aí, não sabia que tu viria aqui na minha casa, pode fica a vontade... mas não tanto.

Samuel: Tudo bem lindo, não precisa se preocupar comigo, gosto da mesma coisa que ela.

O Badá me olhou, olhou para o Samuel e deu risada.

Badá: É, espero não precisar me preocupar mesmo.

Ele foi saindo, abriu a porta e me olhou de longe. Mando um beijo, fechou a porta e saiu. Passou algumas horas, parte do trabalho estava pronta, eu tinha que arrumar a casa e fazer mais algumas coisas por ali. As meninas foram para casa, eu fui passar um café e ajeitar a cozinha depois de ter arrumado o restante dos outros cômodos.

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