LUÍZA NARRANDO
Passou o final de semana e já era segunda-feira de novo.
Rocinha, 06h da manhã.
- BARULHO DE DESPERTADOR- Ouço um barulho que se repete por alguns segundos, percebo que é o meu despertador. Me levanto da cama, pego uma lingerie, meu uniforme e uma legging. Tomo um banho um pouco demorado, lavo meus cabelos e saio do banho... ''nem acredito que falta só mais algumas semanas e estou de férias''. Faço minha higiene matinal, em seguida volto para o quarto e começo a me vestir. Assim que termino de me arrumar, pego meu celular em cima da cama e desbloqueio o mesmo. Verifico minhas redes sociais e respondo minhas mensagens no WhatsApp.
📲WHATSAPP ON
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Mariana 🎀: Bom dia minha linda, segundouuu dia de provinha
- Bom dia meu amorzinho, depois disso é férias!
Mariana 🎀: Nem me fala, quero sair e curtir bastante.
- Vou ir pra escola, logo nos falamos quando eu chegar, beijinhos 💋
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📲WHATSAPP OFF
Pego minha mochila, vou saindo do meu quarto quando fecho a porta, percebo a porta do quarto da minha mãe se fechando, começo a ouvir algumas vozes era ela e o Cristian. Provavelmente chegaram agora, decido ir até o quarto da minha mãe, falar com ela antes de bater na porta e ouço eles comentando algo entre si.
Cristian: Ele virá hoje à tarde. Será que vai dar certo? Ele não gostou muito da proposta e sério Fabi, ele pode até querer nos matar!
Fabiana: Fala baixo porra, a menina ta ai ainda!
Fabiana: Vai dar certo sim e eu tenho certeza que ele vai aceitar.
Cristian: Se não der certo, a gente se fode.
Fabiana: Para de falar merda, vai dar tudo certo!
Bati na porta e o Cristian abriu a mesma. Ele possuía um olhar estranho, o cheiro de cachaça e de quem não tomava banho há dias.
Luíza: Mãe, to indo para a escola.
Olho para minha mãe, que fica me observando por um tempo e muda o tom de voz.
Fabiana: Vai logo menina, quando sair da escola vem direto para casa e não quero você andando com aquela menina. Agora vaza e já sabe não se atrasa.
Cristian: É, Lu, não se atrasa.
Aceno com a cabeça positivamente, olho para o Cristian e ele abre um sorriso falso. Mas nem dou muita importância, me viro e saio caminhando até sair de casa. Vou descendo o morro, seguindo em direção a escola, me deparei com o Luizinho, ele estava de costas e possuía um fuzil atravessado nas costas. Levo minha mão até ele, que se assusta e vira rapidamente para mim.
Luizinho: Que susto doida, quer me matar do coração?
Luíza: Oi seu mané, estou com saudades de você.
Luizinho: Verdade, também estou é que agora eu tô em outras funções,e a correria tá grande. Sabe como é.
Luíza: E eu, não posso sair de casa... lembra que a Fabiana não me deixa nem respirar?
Luíza: Quero que você garanta que vai se cuidar viu? E não esquece que você faz parte da minha família e é meu irmão de coração! Agora eu tenho que ir lá porque já estou atrasada!
Abri um sorriso, abraço o Luizinho por alguns segundos, ouço uma voz rouca e grossa num tom ignorante falando com o Luizinho.
Badá: E ai chegado, vamos cola lá na boca, quero trocar uma ideia firmeza contigo.
Era o Badá, Luizinho me soltou, ele me deu uma encarada, eu desviei meu olhar, me despedi do Luizinho, ele saiu ajeitando a camisa no ombro e a arma na cintura.
Me virei e fui caminhando quietinha, apenas pensando... ''Badá é mó gato, meu deus! Aqueles olhos azuis, alto... aqueles braços fortes e fechados de tatuagens. Nunca tinha visto ele, até aquele dia, imaginava que ele fosse totalmente diferente, pelo o que contam sobre ele, ele possui tatuagens de números que representa o número de estupradores que ele matou, ele tem uma cicatriz no rosto próximo do olho não muito grande e muitos dizem que foi um tiro de raspão outros que foi de faca. Era muitas histórias que contavam sobre ele, então isso fez com que eu imaginasse que ele fosse um velho, nojento e arrogante. Mas não, ele é bem diferente do que eu imaginava. Assim que cheguei na escola com alguns minutinhos de atraso, assisti todas as aulas, pensando apenas que eu estaria de férias, nem prestei atenção, fiquei só de conversinha com a Mariana depois de ter feito duas provas. Deu 12:00, o sinal tocou, sai junto com a Mari e seguimos até a casa dela. Conversamos sobre vários assuntos aleatórios, até eu ver a hora, sai na disparada e eu sabia que minha mãe ia falar no meu ouvido. Sai correndo para casa, abri a porta e dei de cara com a minha mãe e meu padrasto sentado no sofá me esperando. Mal coloquei o pé dentro de casa e já tomei um soco na boca. Bati com as costas na porta e cai sentada. Meu padrasto segurou no meu cabelo e me fez ficar de pé. Nessa hora eu levei vários tapas na cara e alguns socos da minha mãe. Aquilo demorou um tempo até eles me soltarem e eu deitar no sofá.
Fabiana: Você acha que me engana, vadiazinha?
Fabiana: Saiu com a sua amiga Mariana, não é mesmo?
Fabiana: Como você pode ser tão burra e achar que eu não saberia?
Christian: Quem deixou você sair? Sua vagabunda! Aí saiu com a outra rodada e foi atrás de macho? Foi?
Eu só ouvia xingamentos, apanhava e a única coisa que passava na minha cabeça era ''isso tem que parar''. Até que meu padrasto não satisfeito, foi até o quarto e voltou com uma cinta. Eu só tentava não me concentrar nos estralos que a mesma fazia quando encostava no meu corpo, prendia a respiração como uma forma de amenizar a dor e na minha cabeça eu só pedia a Deus para me ajudar. Nisso ouvi batidas na porta e em segundos alguém chutou a porta. Eu tomei um susto, mas ouvi a voz dos meninos que eu conhecia e também ouvi a do Badá. Fiquei com a cabeça baixa, eu não queria que ninguém me reconhecesse pois era humilhante demais apanhar com um público é ainda pior, segurei o choro e fixei meu olhar no chão tentando respirar fundo.
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Fiksi PenggemarEu sempre fui uma sonhadora, mas vi meus sonhos se esvaindo ao ser vendida para um dos maiores do Rio de Janeiro.