LUÍZA NARRANDO
Já imaginou a vida de um jeito diferente? Onde você pode ser livre, onde você pode conquistar seus sonhos, onde você pode ser o que você quiser? Eu sonho diariamente com isso, querendo sair dessa minha realidade e ter uma vida longe daqui.
Me chamo Luíza, estou no segundo ano e no futuro eu quero ser uma profissuonal de sucesso. Moradora da rocinha, cheia de sonho e uma lista enorme dos países que eu quero visitar. Mas minha realidade não é nem um pouco cor de rosa, sofro agressões psicológicas da minha mãe e já apanhei algumas vezes do meu padrasto. O motivo? Não sei, mas acho que depois de um tempo isso se tornou prazeroso para eles.
Rocinha, 18:58 de noite.
Eu já tinha arrumado toda a casa depois que cheguei da escola, afinal era sexta-feira, passei um café, enquanto preparava a janta minha mãe e o meu padrasto chegaram.
Fabiana: Que cheiro de queimado é esse?
Olhei para o lado, o pano de prato estava pegando fogo meu do meu lado e eu não percebi. Com o berro que minha mãe deu, eu levei um susto e apaguei o fogo rapidamente.
Fabiana: Tá dormindo sua filha da puta? É tu que compra não é mesmo?
Luíza: Descul...
Tomei um tapão na cara que fez com que meu rosto ardesse e então eu respirei fundo.
Fabiana: Não mandei responder, fica bem quietinha aí. Vou tomar banho e sair. Termina essa comida logo e vai dormir.
Eu simplesmente nem respondi, só continuei a fazer a comida, não demorou nem meia hora e os dois já tinham saído novamente. E é sempre assim, quando não é minha mãe, é meu padrasto que comanda as sessões de socos e tapas. Mas ainda assim considero os xingamentos a pior violência que eu sofro aqui dentro já que é todo o dia, a todo momento e por qualquer coisa. A minha mãe me assusta, ela nem sempre foi assim... mas ela se tornou essa pessoa Queria dizer que a minha realidade era diferente, mas não era... minha mãe sempre fez questão de mostrar que nunca gostou de mim, mas depois que meu pai foi embora aos meus 8 anos... tudo ficou mais complicado. Perdi as contas de quantas vezes apanhei sem motivos, de quantas dormi com fome ou com frio como forma de castigo. Me perdi nos meus pensamentos até ouvir um barulho na porta, desliguei as panelas e fui abrir a mesma.
Mariana: E aí quenga.
Ela entrou, eu fui me servi e ela se sentou.
Mariana: Um que cheiro de queimado é esse?
Luíza: Nada, queimei o pano.
Luíza: Tá afim de jantar?
Mariana: Nãoo.
Luíza: Onde tu vai com essa maquiagem toda?
Mariana: Hoje tem baile num morro vizinho e eu vou com o JK
Luíza: Isso aí, se diverte!
Mariana: E a tua mãe? Vi ela sair, por isso vim aqui.
Luíza: Não sei, chega final de semana e eles saíem. Volta só no domingo fedendo e com a cara cheia.
Mariana: E você vai ficar em casa?
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Fiksi PenggemarEu sempre fui uma sonhadora, mas vi meus sonhos se esvaindo ao ser vendida para um dos maiores do Rio de Janeiro.