47º 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

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LUÍZA NARRANDO

Eu já não aguentava mais as dores, as contrações, a sensação, eu queria só ver a minha filha e não via a hora desse momento chegar. Depois que toda a equipe medica se pôs presente, foi iniciado os procedimentos, eu estava com dez dedos de dilatação, pronta para chegada do meu bebê e nada daquele vagabundo. Que estranho... será que ele não quer entrar? Será que aconteceu alguma coisa? Será que ele se perdeu no meio do caminho? Ahhhh meu deus!!!!! Era um misto de emoções, sentia dor, raiva por ele não estar ali, medo de estar sozinha, medo de não conseguir pôr ela no mundo, medo de não aguentar, quanto mais eu tentava pensar, mais dor eu sentia, enquanto o obstetra fazia o parto, eu tentava empurrar o bebê com força, mas era uma dor horrível, sentia meu corpo todo se abrindo e um monte de gente olhando pra minha...

   Depois de umas 3 horas meu sofrimento acabou, pude ouvir aquele choro lindo, respirei fundo, tiraram ela de dentro de mim, cortaram seu cordão, a enrolarão em panos e me deram aquele bebê lindo que eu esperei ansiosamente para conhecer.

Luíza: Oi filha, o traste do seu pai não está aqui agora, mas saiba que ele te ama tanto quanto eu. 

Ela logo foi levada para um banho, terminamos os procedimentos, fui levada para o quarto, parei no banheiro antes com ajuda da enfermeira e tomei um banho na cadeira. O tempo todo eu perguntava se ela viu o meu marido e ela simplesmente desviava da pergunta. Depois do banho, tomei um pijama e me deitei na cama. Amamentei ela enquanto admirava a beleza dela, o rostinho de joelho amassado e os sorrisos que ela dava quando eu falava baixinho que ela estava com a mamãe. Quando ela dormiu, ela foi deixada num berço dobrável ao meu lado, eu me ajeitei na cama e a chefe dos enfermeiros entrou no quarto.

Liza: Olá, Luíza?

Luíza: Olá.

Liza: Como se sente?

Luíza: Com dores, mas... bem! Você é a chefe daqui não é mesmo? Sabe me dizer se já avisaram ao meu marido que estou no quarto?

Liza: Querida, sobre isso... seu marido foi levado pela polícia.

Luíza: O que? Como assim minha senhora?

Liza: Sim, minutos antes do parto. Porém, optamos não lhe informar para não prejudicar o parto e não termos surpresas com a sua pressão. Mas sim, seu marido foi levado por alguns policiais.

Luiza: E só agora você me diz? Pra onde levaram ele? Eu preciso ir até lá.

Liza: Você precisa descansar, cuidar da sua filha saudável e evitar estresses.

Luíza: Eu não posso deixar ele sozinho.

Liza: Você não pode é deixar sua filha, pequena e frágil sozinha. Ele é um homem formado e que, para a policia estar atrás, não deve ser boa pessoa.

Luíza: Você não sabe de nada! Você só me conhece porque está fazendo o plantão hoje.

Liza: O que? Vamos lá, uma moça nova, bonita, com uma filha linda, deve ter seus vinte e poucos anos, com baixas chances de ter terminado o ensino médio, não é mesmo? Ele é o que? Foragido? Se for, tem a probabilidade de ser mãe solteira ou viúva ainda cedo.

Luíza: Não, por incrível que pareça, eu sou estudada, recebo muito mais do que você pode imaginar, além de bonita, nova e com uma filha, eu tenho estrutura e por mais ele seja do crime, isso não te torna superior a ele, muito pelo contrário, talvez te torne muito mais inferior por ser essa pessoa sem empatia que se mete onde não é chamada. Se retire, por favor e nunca mais fale de alguém sem saber quem ela é, isso pode te trazer consequências...

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