40º 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜

158 5 0
                                    

BADÁ NARRANDO

Os dias foram passando e como eu e a Luíza decidimos reatar nosso namoro, vou ver uma casa para ficar por enquanto, decidi que vou reformar o casarão e deixar tudo no jeito para mim, sei lá... nunca fui muito apegado nessas coisas, mas quero o conforto pra ela, saber que tudo o que ela quiser, ela terá... pretendo deixar tudo no grau, vai que no futuro as coisas melhoram e a gente fica junto pra sempre. Eu quero mudanças, coisas novas, tenho em mente ainda, o sonho de casar com ela. Quero que ela venha morar comigo daqui um tempo, quero me casar com ela e se der tudo certo. Penso até em lançar dois cpf no mundo com aquela maluca, imagina como as crianças vão ser lindas (Essa parte é brincadeira). Eu vivi com a minha família durante um bom tempo, até os meus 11 anos para ser mais exato nesta casa. Minha vida aqui foi feliz, tive uma infância muito boa, por mais que meu pai fosse dono de morro envolvido em vários crimes, ele sempre me ensinou a respeitar minha mãe e respeitar as mulheres principalmente se uma delas me dissesse NÃO. Afinal, NÃO É NÃO! E todas as mulheres merecem respeito e eu respeitava. Nunca fui um cara de mexer com as mina na rua, muito menos de ficar encarando, medindo a mina da cabeças aos pés e eu acho isso feio demais.

Minha mãe sempre foi muito atenciosa, cuidadosa comigo, sempre tive todo o amor, respeito, carinho e dedicação dentro de casa. Minha mãe contava que, antes de eu nascer, meu pai tirou umas ''férias'' do morro e aproveitou o máximo que podia com ela. Minha mãe engravidou cedo, tinha quatorze anos e meu pai tinha 18 anos, quando ela engravidou de mim, ele estava assumindo a linha de frente do morro, foi complicado para os dois, eles já se relacionavam a dois anos mas por ela ser nova demais e se envolver com um bandido meu avô a colocou para fora de casa desde então ela vivia no morro com o meu pai.

Eu me espelhava nele, porque meu pai, André, sempre respeitou minha mãe e era nítido que era louco por ela. Ela, hoje, conta que ele sempre a fazia se sentir a mulher mais amada do mundo, ele nunca soltou a mão dela e sempre fez de tudo por nós três. A vida do meu pai foi interrompida aos seus 29 anos e tudo aconteceu em uma das ''pacificação no morro''. Só que sempre achei que foi armado, eu era novinho, mas me lembro certinho daquele dia, era um dia de chuva, estávamos trancados em casa enquanto as rajadas de tiro percorriam os becos... era tarde da noite quando foi confirmado a morte dele, minha mãe o reconheceu...depois disso, minha mãe virou outra pessoa, nunca estava feliz, estava sempre chorando e vivia trancada no quarto. Até que um dia ela simplesmente saiu de casa e não voltou mais. A minha sorte, foi a coroa do Muralha e do JK que me deram mó apoio. Além deles, eu tinha o Hélio, JP, Day e Pepe. As pessoas que se tornaram a minha família com o tempo e aprendemos juntos como era a vida do crime.

Até hoje, eu lembro do que meu pai falava para mim quando eu tinha meus nove anos... ''Para você ser um grande homem, você vai precisar de uma grande mulher ao seu lado, olha onde eu cheguei com a sua mãe, ela é a responsável desse morro ter paz e vivermos em harmonia."

Rocinha, 16:24 da tarde.

JK: E aí, tu e a Luíza? Já acertaram?

Badá: Já... aos poucos estamos nos resolvendo. Mas...

Badá: Ela aceitou voltar comigo.

JK: E depois, Badá? Tu vai fazer o que? Bate nela de novo?

Nisso, Muralha chegou na sala e se juntou a conversa.

Badá: Não, pode deixar que esses seis anos longe dela, me fizeram aprender e entender o que o meu pai me dizia quando eu era criança, então...

Badá: Fica tranquilo, nunca mais vou tocar a minha mão nela, sem ela pedir.

JK: Eu tô confiando em ti em, porra.

🇹 🇮 🇳 🇭 🇦    🇶 🇺 🇪      🇦 🇨 🇴 🇳 🇹 🇪 🇨 🇪 🇷Onde histórias criam vida. Descubra agora