Capítulo 38

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Pv. Anastácia

— Eu te avisei para ficar longe do meu filho sua golpista, o que pensa que está fazendo? Destruindo um casamento?

— Mãe a Senhora enlouqueceu de vez? — Christian pergunta nervoso, ficando ao meu lado.

— Eu já disse que não vou aceitar isso Christian, você está cego meu filho.

— A Senhora não tem que aceitar nada, a minha vida não pertence a você, sou grato por ter me dado a vida, mas não te devo satisfações do que faço dela.

— Isso é o que você pensa, você me deve sim a sua vida a mim e ao seu pai.

— Me esquece. — Christian grita alto que me assusta.

— Seu filho não te deve a vida, a Senhora não é dona dele, que tipo de mãe exige que o filho seja infeliz em um casamento ao qual nem ele e nem a mulher querem seguir?

— Quem você pensa que é para se intrometer em nossas vidas? Você não passa de uma golpista da filha da.... — Não a deixo terminar de falar.

— Da faxineira da Carla pode nomear como quiser, mas eu posso bater em meu peito e dizer que tenho orgulho da mãe que tenho, não sei se seus filhos podem dizer o mesmo.

Me assusto quando alguém passa por mim e dá um tapa no rosto da mãe de Christian.

— Lave sua boca para lavar da minha filha, quem a Senhora pensa que é? Eu nunca a desrespeite, sempre fiz tudo que me pediu, por vezes cuidei mais dos seus filhos do que da minha própria filha, quem pensa que é para dizer do que ela é ou não digna? Você não tem moral para falar de ninguém, a Senhora tem a vida mais suja do que muitas pessoas que não tem o seu dinheiro por aí.

Dona Grace olha para minha mãe completamente assustada, Christian não está diferente assim como eu, minha mãe sempre foi uma pessoa de paz, mas não a julgo, porque se fosse eu em seu lugar faria pior se fosse com um filho meu.

— Você não é ninguém para falar da minha vida, você não passa de uma coitada que foi abandonada pelo marido, que a largou para ficar com uma mulher de classe, você não sabe o significado disso, agradeça a mim e aos meus filhos por ter o que comer em sua mesa, mas a sua filha não vai se enfiar na minha família achando que pode conviver conosco de igual para igual, funcionário e seus filhos devem saber seu lugar. — Grace grita com raiva.

— É verdade, em algo a Senhora tem razão, por anos a comida em minha mesa foi sim proveniente do meu trabalho na casa da sua família, e não me envergonho disso, pois se fosse preciso para não faltar o de comer para a minha filha eu cataria reciclável, mas sabe o que me surpreende Grace. — Minha mãe dá um sorriso que não consigo definir o que passa em sua mente. — Você diz que funcionário deve saber o seu lugar e concordo com a Senhora, mas se me permite gostaria de lhe fazer uma pergunta, o que você pensava quando estava traindo seu marido com o seu segurança? Neste momento ele não deveria saber o lugar dele?

— Mãe? — Falo para que ela não continue.

— Sua.. — Grace vai até minha mãe entro na frente dela.

— Até agora eu respeitei a Senhora, mas se encostar na minha mãe, eu não me responsabilizo pelos meus atos.

— O que Carla quer dizer com isso mãe? — Christian pergunta nervoso.

— Isso é conversa da criadagem Christian, não acredito que vai dar importância para o que essa mulher diz.

— E porque a Senhora não desmente?

— Porque ela está querendo plantar dúvidas em nossa família.

— Christian me perdoa, mas todos os empregados da casa principalmente os mais antigos sabem que sua mãe teve um caso extraconjugal e que você pode ser fruto deste relacionamento.

Christian olha para minha mãe com os olhos cheios de lágrimas, volta a encarar Dona Grace que não o olha e não desmente o que mamãe acabou de contar.

— Sinto muito. — Digo o abraçando, ele não responde simplesmente se afasta e faz o caminho de volta para sua casa em silêncio.

Grace nos olha com raiva, se fosse possível ela nos mataria apenas com o olhar.

— Nunca mais volte a insultar minha filha, não direcione uma palavra a ela, você não é digna disso. — Mamãe diz, o ódio em sua voz é quase palpável.

Grace se afasta e entra no carro que até então eu não havia percebido estar ali, quando volto meu olhar para minha mãe ela respira com dificuldade, corro até ela e a abraço, sinto seu corpo amolecer e por um momento penso que a deixarei cair, até sentir alguém segurá-la, quando vejo quem é, Elliot me encara e não consigo definir o que pensa.

Ele me ajuda a leva-la para dentro de casa, assim que a coloca na cama sai sem dizer nenhuma palavra, vou atrás dele.

— Elliot? — Chamo, ele se vira e me encara.

— Meu irmão precisa de mim, e sua mãe precisa de cuidados, ligue para Mia, ela vai poder te ajudar, mas eu realmente preciso ver Christian agora. — Apenas concordo com a cabeça sem saber o que dizer.

Ligo para Mia que chega rápido, na verdade a casa de Lúcia é cercada pelas casas dos Grey, Christian mora a duas ruas daqui, Mia na rua lateral e Grace pouco mais a frente, o único que não mora no mesmo condomínio é Elliot.

Enquanto Mia avalia minha mãe, me pego pensando em como Christian está, chateado, magoado, não chega perto do que deve estar sentindo, passar a vida pensando que uma pessoa é seu pai e agora descobrir que Sr. Carrick pode não ser, deve ser devastador, principalmente para ele, que foi criado para o ser o filho perfeito.

— Ana? Ana? Está me ouvindo? — Mia me chama e só então percebo que falava comigo.

— Me desculpa. — Peço sem graça.

— Sua mãe passou por algum estresse?

— Sim.

— Não é bom que isso aconteça, ela está com os batimentos alterados e a pressão também está alta, dei um calmante para ela relaxar e dormir, mas não quero que isso se repita.

— Tudo bem, não vai acontecer novamente.

— Está tudo bem? Você também não me parece bem.

Penso em contar tudo para Mia, ao mesmo tempo que não devo intrometer na vida deles, e se alguém tem que contar para a irmã esse alguém é Christian e não eu.

— Vou ficar, obrigada Mia!

Assim que ela sai do quarto volto minha atenção para minha mãe que agora dorme calma, me viro para sair do quarto e dou de cara com Elliot, seu rosto passa preocupação.

— Ele não quer falar com ninguém.

— Sinto muito, não queria que nada disso estivesse acontecendo, ele não merece.

— Não é culpa sua Ana, nada disse é culpa de vocês, só tem uma culpada em tudo isso, minha mãe. — Me mantenho calada pois realmente não sei o que dizer. — Posso te pedir um favor?

— Claro.

— Você pode ir e tentar falar com ele? Talvez você ele ouve.

Olho para minha mãe, num impasse.

— Eu fico aqui com tia Carla Ana. — Kate diz.

— Tudo bem. — Digo já saindo do quarto.

— Obrigado, meu irmão não merece passar por isso, ao mesmo tempo acho que o que aconteceu vai ser bom para ele. — Elliot diz, mas não entendo onde tudo isso pode ser bom.

— Não sei como ele está ou como vai reagir com a minha presença, mas vou tentar.

O Mundo Dentro de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora