Capítulo 18

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Christian

Enquanto a tal Giovana conversa com Anastácia, percebo o quanto o mundo é injusto, ela está desolada por tudo que vem acontecendo e ainda ter que lidar com essa situação, é muita coisa para uma moça tão nova.

Mas percebe-se que Ana mesmo chorando ainda é forte, talvez uma das mulheres mais fortes que já conheci, não quero que Carla deixe de se tratar por falta de condições, ela trabalha para minha família há anos, posso fazer isso por ela. Ela sempre cuidou tão bem da nossa família, é o mínimo que posso fazer.

A questão agora é convencer Ana a me deixar pagar todo o tratamento, sabendo o pouco que sei dela, vai ser uma guerra, principalmente após me precipitar e oferecer o acordo da barriga de aluguel, tenho certeza que no segundo seguinte ao me oferecer para pagar ela vai recusar e pensar que essa é uma forma de prendê-la a mim.

Pensando bem, não seria de tudo ruim prendê-la a mim.

"Que pensamento é esse?"

Como eu esperava Anastácia por pouco não me deixa pagar o tratamento, como sabia que não aceitaria nada vindo de mim, fiz uma proposta, no meu ponto de vista, mais absurda que a barriga de aluguel, mas enfim, importante é que agora está tudo certo, para Carla fazer o tratamento.

Volto para o quarto, Elliot não tira os olhos de mim, Ana está conversando com a amiga, meu irmão vem até mim.

— O que você está fazendo Christian?

— Ajudando a cuidar de Carla.

— Abraçado com a filha dela?

— Desde quando começou a me julgar?

— Não estou julgando, você mal saiu de um casamento.

— Olga já está com outro.

— Não é explicação, Christian, Ana não merece passar por tudo isso e ainda ter o coração partido, devido ao seu ego ferido de Olga já ter outro.

— Elliot, sugiro que cuide da sua vida, se acredita que eu seria capaz de fazer tal coisa, só diz que não me conhece.

— Te conheço por isso estou estranhando tudo isso, você não é assim, e se estiver pretendendo brincar com os sentimentos dela, corto você da minha vida, não aceito ter um irmão babaca a ponto de aproveitar de um momento de fragilidade de uma moça.

— Sério me cortar da sua vida? O que está acontecendo com você? Pensei que estivesse se envolvendo com a sua loira.

— E estou, mas Ana é como uma irmã para Kate, ela não deixou a minha mulher jogada na rua quando os pais dela a expulsaram de casa, aquela moça, Christian, pode ter bem menos do que nós, mas o coração dela é maior que o meu e o seu juntos.

— Não vou magoá-la, estou apenas estendendo uma mão amiga, a quem precisa.

— Esse é o irmão que eu conheço.

Após a conversa estranha com Elliot, ele vai embora levando Kate. No quarto estamos Carla que ainda dorme Ana e eu, vez ou outra, vejo limpar uma lágrima.

— Christian, agradeço por ter vindo, mas pode ir. — Ana diz me tirando dos meus pensamentos.

Caminho até a cama de Carla dou um beijo na cabeça dela, repito o gesto com Ana, quando estou saindo do quarto ela me chama.

— Christian, obrigada por tudo, nunca vou esquecer o que fez.

— Estarei sempre aqui Ana, boa noite!

Saio do quarto, pego meu telefone e ligo para Mia, para saber se Carla acorda hoje. Minha irmã é outra que me dá o recado de não fazer nada com Anastácia, e completa dizendo que pelos sedativos, Carla só acorda amanhã.

Vou até a lanchonete do hospital, compro um, sanduíche natural e um suco, Anastácia não comeu nada até agora, já são quase duas da manhã, daqui a pouco a filha está no lugar da mãe.

Volto para o quarto, abro a porta com calma, Ana está dormindo com a cabeça apoiada na cama da mãe, amanhã peço para que Mia transfira Carla para um quarto mais confortável, ela não pode dormir nesta cadeira, me aproximo da cama, meu coração se aperta por ver seu nariz vermelho e seu rosto inchado por chorar.

Não consigo entender a vontade que tenho de cuidar de Anastácia, nunca senti isso por Olga, não que eu não gostasse da minha mulher, mas por Ana é algo novo e diferente.

Faço um carinho em seus cabelos, ela pula da cadeira.

— Calma, sou eu, trouxe um lanche para você.

Olha-me por um tempo, sem dizer nada, acredito que se recuperando do susto.

— Obrigada, não precisava se preocupar.

— Mia disse que ela não vai acordar hoje, pensei em te chamar para ir à lanchonete e escolher o que quisesse, mas imaginei que não quisesse deixá-la sozinha, trouxe um, sanduíche e um suco.

— Não precisava se preocupar, mas obrigada.

Levo a mesinha até perto dela, que come em silêncio, às vezes me olha, mas não diz nada.

— Vai passar a noite aqui?

— Se não tiver problema para você.

— Por mim, não tem problema, só não tem conforto.

— Não importo amanhã vocês serão transferidas de quarto. — Os olhos dela faltam saltar do rosto.

— Christian pelo amor de Deus! Não precisa mudar nada, vou ficar te devendo a minha alma. — Diz me fazendo rir.

— Não tem graça.

— Relaxa Ana.

Ela termina de comer, afasto a mesinha, pego uma cadeira colocando ao lado dela. Não demora Ana está dormindo, me ajeito como posso, e a coloco apoiada em mim, deixo minha cabeça encostada na parede, com o cansaço do dia acabo dormindo.

Acordo quando Ana se afasta de mim, ouço a voz de Carla um pouco alterada.

— Porque estou aqui?

— Mãe a Senhora passou mal ontem, por sorte Elliot estava lá com Kate, eles a trouxeram para o hospital.

— Vamos embora Ana.

— Mãe fica calma, já está tudo certo, a Dra. Mia disse que a Senhora não está bem e vai ter que ficar aqui.

— Não, nem pensar, você não está pensando, Ana, como vamos pagar essas despesas? E o que ele faz aqui? — Imagino que esteja perguntando de mim.

— Não se preocupe com as despesas, e o Christian ficou preocupado com a Senhora.

— Não me preocupar?

— Mãe a Senhora só tem que se preocupar em se cuidar e fazer o tratamento.

— Não decidi nada ainda, como pode estar calma deste jeito?

Decido entrar na discussão das duas, antes que isso se prolongue.

— Bom dia! Como se sente Carla?

— Bom dia, menino, o que faz aqui?

Percebo que Anastácia está constrangida.

— Soube que você não estava bem, além de ter ficado chateado por você não nos contar o que está acontecendo.

— Obrigada, já estou bem!

— Eu vou porque tenho uma reunião daqui a pouco, Anastácia, logo Mia vem para mudar vocês de quarto, e não deixe essa teimosa sair deste hospital, mais tarde volto para ver você.

Dou um beijo na cabeça de Carla e um, na cabeça de Ana, quando saio do quarto antes de fechar a porta ouço Carla dizer.

— Fique longe dele Anastácia.

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