Capítulo 57

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Pv. Ana

Christian saiu logo cedo com a promessa de voltar o mais rápido, assim que o carro some volto para casa, as três Senhoras me olham com largos sorrisos.

— Agora a Ana é só nossa. — Lúcia diz, semicerro os olhos para elas.

— Como são ingratas. — Digo e as três começam a rir.

— O que vamos fazer hoje? — Grace pergunta animada.

Nesses dias na fazenda descobri que ela é muito animada, não tem tempo ruim, tudo está bom vive na cozinha mesmo Iolanda dizendo que não quer ninguém em sua cozinha, minha mãe está mais animada e posso dizer viva, o tratamento realmente estava consumindo suas energias, Lúcia nos surpreendeu quando disse que está oficialmente aposentada.

— Eu queria conhecer a cidade o que acham? — Grace pergunta, olhando principalmente para mamãe.

Percebi que ela e Lúcia tentam fazer coisas das quais mamãe se sinta confortável em participar e que não fique tão cansada.

— Eu adoraria. — Dona Carla responde feliz.

— Então, vamos minhas idosas. — Digo já saindo da sala, porque sei que vem briga.

— Anastácia? — Mamãe grita e ouço o protesto das outras duas. — Idosa é sua... — Ergo a sobrancelha e ela se cala me fazendo rir.

— Vamos, sem brigas.

As três segue para se arrumar e logo aparecem todas produzidas, analiso as três sem saber para quê tanta arrumação, resolvo não falar nada e vamos rumo à cidade passear.

A cidade é pequena e bem aconchegante, típica cidade de interior, obvio que por onde passamos os olhares curiosos nos seguiam, somos estranhas para todos no local, sigo as três que entram e saem de várias lojas.

A hora do almoço chega decidimos almoçar por aqui mesmo, sinto um arrepio passar pelo meu corpo, e vou me servir, assim que sento em frete a Grace ela está pálida, toco em sua mão e está gelada.

— Grace? — Desvia os olhos do seu prato e me olha, sua postura é tensa e os olhos estão cheios de lágrimas. — O que aconteceu? — Pergunto, mas antes que me responda mamãe e Lúcia chegam em uma conversa animada.

Continuo olhando para ela, que nega discretamente, entendo que não quer falar agora e respeito, depois desse momento ela ficou tensa, mal abria a boca as vezes dava pequenos acenos de cabeça.

Mamãe começa a demonstrar cansaço e decidimos voltar para a fazenda, chegamos e cada uma segue para seu quarto, vou esperar um tempo, se Grace não se abrir comigo do que aconteceu, vou atrás dela para conversarmos.

O restante do dia passou tranquilo após o jantar ficamos conversando na varanda por um tempo, continuo analisando a mãe de Christian, ela não está mais leve como antes, parece com medo e preocupada, vejo que está ficando tarde, Lúcia e mamãe se despendem e vão dormir, ficando Grace e eu, sei que ela quer falar então decido esperar.

— Tive a impressão de ter visto Carrick na cidade. — Olho para ela completamente confusa. — No restaurante, tive a impressão de ter visto ele saindo de uma loja.

— Porque não contou na hora?

— Não queria assustar vocês, mas sei que você está preocupada seu rosto me mostra isso.

— Ele nos viu?

— Acho que não, na verdade nem sei se era mesmo ele, seria coincidência demais ele estar aqui.

— Ou ele descobriu que você está aqui. — Digo nervosa.

— Acho melhor voltar para casa Ana.

— O quê? Com todo respeito, mas a Senhora só pode ter ficado louca.

— Anastácia, eu não posso trazer esse inferno para a vida de vocês, eu estava tranquila até agora, porque na minha cabeça não existia a possibilidade dele descobrir onde estou, e Taylor me prometeu que não deixaria Carrick chegar perto de Christian, mas agora. — Passa as mãos no rosto, percebo que está tremendo. — Eu errei no passado Ana, quando fiquei, errei quando deixei ele me ter como propriedade, e não posso errar agora.

— Grace. — Tento falar e ela me interrompe.

— Não Ana, meu filho está feliz, nunca o vi como nesses últimos dias, sua mãe precisa de tranquilidade e Lúcia acabou de se aposentar, e está na hora de descansar, então não peça para ficar, não me peça para conviver com qualquer coisa que aquele homem possa fazer contra vocês. — Ela chora e eu a abraço.

— Eu não vou deixar você voltar, ele pode fazer alguma coisa com você.

Grace segura meu rosto com carinho e sorri, um sorriso triste, porém sincero.

— Me promete que vai cuidar de Christian, e estar com ele sempre? — Nego com a cabeça, odeio essa sensação de despedida. — Por favor, Ana.

— Não, eu não vou prometer nada Grace, me escuta, você não vai voltar para lugar nenhum, vamos pensar em alguma coisa, e outra, nem sabemos se era realmente ele na cidade.

— Anastácia está certa Grace. — Nós duas nos assustamos com Lúcia. — Percebi que estava estranha desde cedo, pensei em perguntar, mas sabia que não ia se abrir perto de Carla, só quero que não se preocupe, aqui Carrick não chega. — Olhamos para ela interrogativa. — Aponta para alguns pontos e em meio à escuridão vemos alguns pontos de luz bem distantes. — Minha escolta, ninguém se aproxima dessa fazenda, aqui podemos te proteger, mas se voltar eu não posso te garantir proteção. — Ela diz tudo muito séria.

— Meu Deus! — Grace diz chorando abraçada a mim. — Eu não sei se mereço tudo isso.

Lúcia se aproxima e sorri para ela, senta ao meu lado, Grace se afasta do abraço, limpo o rosto da minha sogra e ela sorri para mim.

— Quando viemos para a fazenda, pedi para que ficassem de olho em sua casa, e sim era ele na cidade, passei anos da minha vida julgando casos como o seu, mulheres que vivem abusos psicológicos, agressão físicas por parte dos companheiros, enfim, sei como isso funciona e como a sua cabeça fica em relação ao que ele possa fazer com os seus filhos, a maioria das mulheres aceitam por medo de que algo aconteça com eles, saiba que o problema não está em você e sim nele, ele é doente.

— Mas por anos eu aceitei, então tenho minha parcela de culpa em tudo que está acontecendo agora.

Lúcia nega.

— Você é vítima de um homem doente, mas o seu caso é um pouco mais complexo. — Ela diz e Grace a olha confusa, assim como eu. — Você conheceu um Senhor de nome Jhon Grey?

— Sim, meu sogro, um homem muito bom, sempre cuidou de mim e me defendeu do filho, acredito que no final de sua vida até se sentia culpado por ver como Carrick me tratava, já que foram eles que nos forçaram a casar.

— O Sr, Jhon deixou toda a herança dele em seu nome. — Lúcia diz e os olhos de Grace estão enormes.

— Como?

— Seu sogro deixou o escritório e tudo que era dele em seu nome, obvio que ele deixou 10% de tudo no nome do filho, acredito que o problema de Carrick em não deixar você livre seja esse, se você se separar ele perde tudo, e se você morrer, 50% é dele por ser seu marido e os outros 50% é dividido entre os filhos, como Christian não é filho dele biológico não precisa ser muito esperto para somar dois mais dois, se ele matar você ele vai atrás do seu filho e o mata também e aí tudo fica somente para Mia e Elliot. — Lúcia explica, e bem que Elliot e Mia disseram que tudo isso não podia ser só pelo divórcio dele.

— Meu Deus! — Digo em choque.

 — A decisão agora é sua, se vai voltar ou não.

— Eu não sei o que fazer. — Grace diz.

— Vamos fazer assim, a gente dorme e amanhã será um novo dia e pensamos juntas. — Digo e as duas concordam.

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