PV. Anastácia
Lúcia tenta a todo custo me convencer a aceitar, mas não quero ter um filho assim, e casar? Deus! Casar com quem?
E, porque nos últimos dias tudo parece girar em torno de ter um filho, primeiro Christian com a proposta mais estranha que já vi na vida, agora isso.
— Ana, tenta pensar com calma, eu fique da mesma forma que você, como eu disse também não entendi o pedido dele, mas depois ficou mais claro a intenção.
— Intenção? Porque essa exigência descabida? Sabe o que é isso? Consciência pesada, ele nos abandonou, simplesmente foi embora sem olhar para trás, sem ao menos saber como faríamos para comer quando tudo acabasse, porque a minha mãe abriu mão da carreira dela para que ele estudasse, e como ele agradeceu? Virou as costas e partiu. — Limpo as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. — Mas graças a deus eu tenho uma mãe, que não deixou que nada me faltasse, não tivemos luxo, na verdade, minha casa cabe toda dentro desta sala, mas temos o principal, amor, algo que ele não deu valor. Sei que a Senhora não tem nada com isso, mas o meu pai deixou esse testamento com o intuito de que eu não faça com o meu filho ou filha, o que ele fez comigo, mas o que ele não teve a oportunidade de saber sobre mim, é que, dinheiro não me compra, eu não tenho vergonha de trabalhar e correr atrás, mas ele não vai manipular a minha vida desta forma, como se eu fosse um fantoche.
Lúcia me abraça, tentando me acalmar, sei que ela não tem culpa do que aconteceu em minha vida, e muito menos o que vem acontecendo, sei que ela não merece ouvir todo o meu desabafo, mas isso foi a gota d'água, eu não quero porcaria de dinheiro nenhum.
— Chora, pode chorar. — Diz fazendo carinho nas minhas costas. — Mesmo os fortes precisam chorar Ana, você está magoada e machucada pelo que seu pai fez você e sua mãe passarem, e eu te entendo, não consigo dimensionar a dor que está sentindo, tudo que posso te oferecer no momento, é o meu colo para chorar, minha querida, então chora.
Me agarro ainda mais à Lúcia, como se ela de alguma forma tivesse se transformado em meu bote salva-vidas, choro como uma criança que está sozinha perdida sem saber qual rumo seguir, e é exatamente assim como me vejo, meu pai morreu, minha mãe não quer se tratar, se ela morrer eu não tenho mais ninguém neste mundo.
"Porque tudo isso está acontecendo comigo meu Deus?
— Minha mãe está morrendo Lúcia, ela recusa a se tratar, meu pai morreu se ela também se for, o que será de mim? — Ela me aperta ainda mais em seus braços.
— Não sou mãe Ana, mas você terá a mim.
Não respondo só consigo chorar, deixar tudo que estou vivendo sair em forma de choro.
Depois de um tempo consigo me acalmar, só agora percebo que o advogado foi embora, me assusto ao ver a hora, acabei dormindo no colo de Lúcia, que continua fazendo carinho nos meus cabelos.
— Mais calma?
— Sim, me desculpa por isso.
— Não se desculpe, o que sua mãe tem Ana? Você disse que ela está doente.
— Ela está com câncer, devido ao alto custo do tratamento ela recusou o tratamento.
— Eu pago. — Lúcia diz rápido.
— Não precisa, obrigada, meu chefe já pagou, vou pagá-lo aos poucos, é uma longa história, obrigada por tudo Lúcia, vou embora, que está ficando tarde.
— Vou te levar em casa.
— Não precisa se incomodar.
— Faço questão, no caminho podemos conversar e nos conhecer mais.
Não questiono mais, entro no carro com ela, no caminho conto sobre a faculdade e tudo que aconteceu desde que Raymond foi embora de casa. Explico para ela o medo da minha mãe em me deixar desamparada, Lúcia parece ser uma boa pessoa, também parece ter a melhor das intenções.
Por todo o caminho ela vai fazendo carinho em minha mão, ela também aproveita para me contar sobre a vida dela, e como foi chegar até onde chegou.
— Está preocupada Ana? — Lúcia pergunta, ao me ver olhando para o celular pela décima vez.
— É que mandei mensagem para minha amiga, avisado que atrasaria em voltar para casa e ela não respondeu.
Explico assim que o motorista estaciona em frente de casa, vejo minha mãe sentada na varanda.
— Obrigada, pela carona.
— É sua mãe?
— É sim.
— Qual o nome dela?
— Carla.
— Se importa se eu descer e conversar com ela?
Não sei o que responder, sinceramente não sei o que minha mãe vai pensar de tudo isso, ela anda tão estranha desde a descoberta da doença, que hoje não sei definir como seria sua reação.
— Sei que é inesperado, caso ela não queira falar comigo, vou entender.
— Tudo bem. — Digo com medo de como será a reação dela.
Desço do carro, acompanhada por Lúcia, com o coração batendo a ritmo de bateria de uma escola de samba, por não saber como Dona Carla vai reagir à visita inesperada.
— Boa noite. — Lúcia a cumprimenta.
— Boa noite mãe, essa é Lúcia...
— Esposa do seu pai, eu sei quem ela é, Anastácia e boa noite.
Olho para ela sem entender de onde ela conhece Lúcia, olho para a mulher que tem um olhar perdido.
— Já limpei a sua casa. — Minha mãe responde antes que eu faça a pergunta.
— Não sabia. — Lúcia responde um pouco desconcertada.
— Fui uma vez e nunca mais voltei, sente-se fique à vontade.
— Vou tomar um banho, fique à vontade Lúcia.
— Ana, Kate precisa falar com você.
— Tudo bem. — Dou um beijo na testa dela aceno para Lúcia e saio deixando as duas na varanda.
Subo as escadas pedindo a Deus que as duas se entendam, Lúcia parece ser uma pessoa sozinha, quem sabe as duas não possam ser amigas? Ao chegar no quarto encontro Kate deitada fazendo carinho na barriga.
— Só eu trabalho nesta casa? — Pergunto e ela se assusta.
— Meu Deus, Ana!
— Está sonhando acordada Kinder?
— Onde você estava até essa hora? — Pergunta desviando da minha pergunta.
— Uma longa história, mamãe disse que quer falar comigo?
— Ah! Sim, preciso que leve uma encomenda para casa dos Grey's.
— Ah! Não Kate, acabei de chegar de lá.
— Viu só bebê, como sua dinda é uma péssima pessoa?
— Golpe baixo Katherine. — Resmungo e ela sorri, sabendo que não nego nada para ela. — O que tenho que levar?
— Você.
— Como?
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O Mundo Dentro de Mim
FanficO casal queridinho do momento Olga e Christian Grey, são casados há cinco anos, e a família começa a cobrar um herdeiro. Ele tem o sonho de ser pai, ela nem pensar, se apavora sempre que a palavra filho é mencionada. Christian sente que seu sonho es...