Capítulo 30

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PV. Anastácia

Taylor me deixa em casa, me despeço dele, passo pela porta e dou de cara com minha mãe sentada me esperando.

— Ainda acordada mãe?

— Estava te esperando.

Quando me aproximo dela, me encara séria.

— Porque estava chorando?

— Nada que a Senhora precise se preocupar mãe, só cansaço e estresse do dia a dia.

— Cansaço agora chama, Christian Grey?

— Mãe, por favor.

— Por favor, o que Ana? O que você não quer me contar? Eu estou doente, mas ainda não morri, quando eu deixei de ser sua amiga, aquela com quem você desabafava?

— Eu não quero te preocupar com nada. — Ela sorri.

— Impossível, desde que descobrimos a gravidez, o filho passa a ser uma preocupação. — Faz um carinho no meu rosto. — Se abra comigo, me diz o que está acontecendo entre você e Christian.

Abaixo a cabeça envergonhada ao lembrar do beijo que ele me deu.

— Não está acontecendo nada.

— Ana. — Diz meu nome em tom de repreensão, mas está rindo, sinceramente não sei o que ela e Lúcia conversaram, mas percebo que mamãe está mais leve, menos fechada.

— Ele pediu para me conhecer melhor, ele e Olga estão se separando, ela conversou comigo hoje à tarde quando estava lá para limpar, deixou claro que não existe nada entre eles, nem interesse, disse que são muito amigos, mas que existem contratos que os impede de separar agora.

— Se ela conversou com você, porque voltou lá, agora a noite?

— Porque Olga, Elliot e Kate me fizeram ir, do contrário Elliot traria o Christian aqui, como não queria te deixar nervosa eu fui.

— E o que aconteceu, para você chegar chorando?

— Dona Grace apareceu lá, estava furiosa, disse que não aceitaria o divórcio de Christian e que eu queria dar o golpe nele. — Dou um sorriso triste, se ela ao menos soubesse que o filho dela me fez uma proposta absurda de barriga de aluguel.

— O que mais ela fez?

— Disse que eu sou e sempre serei a filha da faxineira.

O rosto da minha mãe não demonstra surpresa.

— E você?

— Disse ter muito orgulho de ser a filha da faxineira. E Christian expulsou a mãe da casa dele, falou várias coisas para ela, e disse para nunca mais voltar.

Agora eu vejo surpresa em seu olhar.

— Christian?

— Sim, me assustei com ele gritando com a mãe. — Me olha de forma estranha.

— Porque está me olhando assim?

— Grace sempre teve uma superproteção com Christian, ela sempre mexeu os pauzinhos para que ele fizesse o que ela queria e, ele sempre fez.

— Ela parece querer mandar nas decisões dele.

— Ela manda, ela influenciou o casamento dele, aqueles dois sempre foram muito amigos, viviam grudados estudando, estava estampado para quem quisesse ver que ali não existia amor, só uma linda amizade, mas eles eram muito novos, eles casaram com vinte anos, haviam acabado de sair da faculdade, mas Grace com um jeitinho conversou com eles, mostrou os pontos positivos de estarem casados, e foi o que fizeram.

— Como ela pode fazer isso, hoje os dois estão passando por um divórcio, por causa dela.

— Exatamente, Eliane a governanta da casa dela, sempre disse que Christian não era filho do Sr. Grey, segundo ela, Grace teve um envolvimento com um dos seguranças, eu não sei se isso é verdade, mas dizem que para Carrick não desconfiar ela faz de tudo para que ele seja o filho perfeito, ele queria um filho que seguisse os passos dele, na administração, e Grace o fez mudar o sonho dele, para fazer o gosto do pai, assim ele nunca teria motivo para questionar onde ele errou com aquele menino ou se era realmente filho dele.

— E eu pensando que meu pai era o pior da história, aí vem Christian Grey com sua vida nada perfeita.

— É por isso que ela sempre consegue que ele faça o que ela quer, pois, desde pequeno ela aprendeu a manipulá-lo.

— Parece que ele não está mais disposto a fazer o que ela quer.

— O que vocês conversaram? O que você sente por ele?

— Ele me pediu a chance de nos conhecermos, e o que eu sinto? Não sei, é um misto de sentimentos, mas não estou com cabeça para isso, no momento.

— Você não precisa ter cabeça, só estar disposta a enfrentar o que vem pela frente, cheguei à conclusão que não cabe a mim, dizer de quem você deve se afastar, mas saiba que o que passou hoje com Grace é só uma amostra do que está por vir.

— Porque está me dizendo tudo isso? O que aconteceu na minha ausência? Depois que ele passou a noite no hospital conosco, você se fechou, afastou de mim, pensei estar me julgando e até pensando que eu estava me envolvendo com homem casado. — Dá um sorriso triste.

— Ana, eu conheço a filha que eu tenho, jamais te julgaria por isso, porque sei que você nunca se envolveria com homem comprometido, meu medo é que você saia machucada no final de tudo isso, eu estava assustada e com medo de morrer e deixar você sozinha neste mundo.

— E o que mudou?

— Lúcia mudou, ela me prometeu cuidar de você, caso aconteça algo comigo.

— Mãe, eu não vou aceitar a exigência absurda que meu pai deixou.

— Nem deve, siga o seu coração, Ana, independente de herança, ela me fez uma promessa, algo me diz que posso confiar a ela o bem mais precioso que eu tenho.

— Parece que se deram bem.

— Sim, ela me fez aceitar o tratamento.

— Ah! Meu Deus! Essa sim, é uma ótima notícia. — Abraço minha mãe, estou feliz.

— Como ela fez isso? Eu estava a ponto de te amarrar e levar a força para o hospital.

Agora quem está rindo é minha mãe.

— Ela disse, Carla amanhã venho te buscar para irmos ao hospital ver sobre seu tratamento.

— Simples assim? — Pergunto e ela nega com a cabeça.

— Eu respondi que não havia me decidido, ela disse que ela já, foi embora, não me deu a chance de negar.

— Gostei do método da Lúcia.

— Não começa, você não vai me fazer tomar aquela sopa horrorosa.

— Quando era comigo você não reclamava.

— Era para o seu bem. — Diz, ergo as sobrancelhas e caímos na gargalhada.

Como senti falta da minha mãe sorridente, da minha amiga e companheira.

— Agora vamos dormir, porque amanhã preciso acordar cedo, e tentar conversar com Louis ver se ainda tenho uma vaga lá, porque na casa dos Grey eu não volto, não é orgulho, é amor-próprio.

— Eu te apoio, meu anjo.

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