PV. Carla
— Ao menos aquele infeliz lembrou-se da filha. — Lúcia me olha com uma cara estranha, sinto um arrepio, algo me diz que o que tem a me dizer, não vou gostar de ouvir.
— Creio que não seja exatamente isso que aconteceu.
— Agora estou confusa.
— Raymond deixou em testamento tudo que adquiriu em todos esses anos para Ana.
— E o que tem de ruim nisso?
— Ele não só deixou, ele também fez uma exigência para que ela recebesse o que é de direito dela, caso não aceite, tudo fica para mim.
— Não deve ser nada mirabolante, imagino. — Mais uma vez faz uma cara estranha, começo a não gostar de todo esse suspense.
— Ana recusou a cumprir a exigência do pai.
Analiso Lúcia por um tempo, e pelo desgosto em seu rosto imagino que Raymond, não pediu para que a minha menina investisse em algo que fizesse o dinheiro render, muito menos exigiu qual faculdade cursar, para Ana chegar a recusar. Em todas as opções que passam e minha mente, nenhuma delas é o que a mulher a minha frente diz, conseguindo me deixar totalmente atordoada.
— Ele exigiu que Anastácia estivesse casada e tenha um filho.
— Aquele desgraçado, não bastasse tudo que nos fez passar, ainda teve a capacidade de tentar manipular a vida da filha mesmo depois de morto.
— Carla, tenha calma, fiquei igual a você quando soube me revoltei e cheguei à conclusão de que nunca conheci o homem ao qual foi casada por alguns anos, logo depois, tentei me colocar no lugar dele e, de certa forma entendi o que queria, ele não esperava morrer tão cedo, considerando o que o próprio Raymond fez, ele tentou usar dinheiro para que Ana não cometesse o mesmo erro.
— Entendeu? Como você pode dizer isso?
— Entendi quando a outra parte da exigência é de que metade de tudo deveria estar no nome da criança.
— Fez isso porque não conheceu a filha que tinha, pensou que ela fosse igual a ele.
— Mas Ana recusou, ela não vai aceitar.
— Se veio aqui para que tente convencê-la, eu não o farei.
— Jamais, assim como você, também achei descabida, o que ele fez.
— Entendo, não quero parecer grossa, mas o que veio fazer aqui?
— Te convencer a se tratar.
— Não posso.
— Carla, pensa um pouco, Ana precisa da mãe, ela é ainda muito nova, enfrentando uma barra dessas, o pai morreu não que ele estando aqui, fizesse tanta diferença na vida dela, isso eu já entendi, mas você? Você é o mundo dela, a vida dela.
— Não posso deixar minha filha desamparada.
— Para de pensar negativo, você só fala como se fosse morrer.
— Porque eu estou morrendo.
— Não, você está se entregando, sem ao menos tentar, sem lutar, olha para sua filha, veja o quanto ela está sofrendo, tentando ser forte, sua filha desabou no meu colo hoje, e não, ela não chorou pelo que o pai fez, mas por toda a carga que ela vem carregando sozinha.
— Não seio o que fazer.
— Tenho uma proposta para você. — Analiso seu rosto, Lúcia parece uma boa pessoa, mas se vier com uma proposta, igual à que Raymond fez, vai sair da minha casa agora.
— Que seria?
— Já te disse que não tive filhos, prometo cuidar de Ana, se algo acontecer com você, mas para isso, você precisa aceitar o tratamento.
— Porque está fazendo isso?
— Porque eu posso e quero.
— Espero não ter segundas intenções nesta história.
— A única intenção que tem, é o sentimento de ter tentado, de Anastácia saber que a mãe vai lutar por ela, e quem sabe ganhar uma grande amiga, ou se preferir continuar pensando negativamente, de que quando partir Ana não estará sozinha no mundo, pode escolher não me importo.
Começo a rir e ela também, quem diria que a essa altura da minha vida, a mulher do meu ex-marido apareceria em um cavalo branco para tentar salvar a mim e a minha filha da solidão.
Ana desce as escadas me olha rindo para Lúcia e não diz nada, apenas avisa que vai sair, quando a questiono aonde vai ela diz que na casa dos Grey, não digo nada, quando ela voltar, preciso conversar e saber o que está acontecendo.
Sei coisas sobre a família Grey, que Ana precisa saber, ela passa pela porta, e Lúcia me encara.
— Grey? A família Grey?
— A própria, eu trabalhava para eles, mas devido a doença tive que parar, Ana era garçonete em uma lanchonete a mesma que Kate trabalha e onde minha filha faz bicos aos finais de semana para ajudar mais na renda, como o meu trabalho gerava a renda maior de casa ela ficou no meu lugar e começou a trabalhar para eles.
— Entendo, porque você fala com desgosto?
— Eu gosto deles, mas meu coração de mãe diz que tem algo a mais nesta história, não sei o que está acontecendo, lá no fundo tenho certeza que minha menina sairá machucada.
— Não entendi.
— Uma longa história.
Após horas conversando com Lúcia, ela me contou toda história dela com Raymond, e percebi que ele não nos deixou para ficar com ela, e sim porque quis, ela não teve culpa do que ele nos fez passar.
Lúcia me parece uma pessoa boa e muito honesta, apesar de conhecê-la hoje, percebo que é muito sozinha, não perguntei porque não teve filhos, não sei se foi opção ou por simplesmente não querer, o que não é da minha conta, mas vendo como ela se refere a Ana vejo carinho, e que ela teria sido uma excelente mãe.
A companhia dela me agrada, ela é engraçada e divertida, me fez esquecer um pouco tudo que vem acontecendo, percebo que nossa conversa foi boa para ela também.
— Aceita algo para beber? — Pergunto.
— Não, obrigada! Preciso ir, posso voltar amanhã? — Pergunta muito educada.
— Claro, será muito bem vinda.
— Obrigada, minha casa é grande demais para uma pessoa sozinha.
— Imagino que sim, me lembro bem o tamanho dela, cá para nós um exagero. — Ela sorri do que digo.
— Concordo plenamente, mas como dizia minha falecida mãe, tudo pode mudar nessa vida, hora estamos sozinhos, hora a casa pode estar repleta de pessoas amigas, quem sabe todo aquele tamanho não tenha um propósito que ainda vou descobrir.
— Sua mãe tinha razão, nunca é tarte para se viver o amor.
— Sim, em suas diversas formas, esqueci de perguntar, como você faz para ir ao hospital? — Não sei o motivo da pergunta, mas respondo.
— Vou de ônibus, porque?
— Só uma dúvida que surgiu aqui é bem afastado, não sei se você se lembra mas minha casa é bem próxima.
— Lembro sim.
— Então, até amanhã Carla, manda um beijo para Ana, e amanhã eu busco você para irmos ao hospital ver sobre o seu tratamento.
— Ainda não me decidi se vou fazer.
— Eu já, não vou deixar você ser egoísta com Ana e recusar esse tratamento. — Diz se afastando. — Até amanhã.
Diz saindo não me dando a chance de responder ou questionar.
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O Mundo Dentro de Mim
FanficO casal queridinho do momento Olga e Christian Grey, são casados há cinco anos, e a família começa a cobrar um herdeiro. Ele tem o sonho de ser pai, ela nem pensar, se apavora sempre que a palavra filho é mencionada. Christian sente que seu sonho es...