Capítulo 29

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PV. Anastácia

— O que a filha da faxineira faz aqui, Christian?

Ela pergunta com desgosto na voz.

— Onde está Olga?

— O que a Senhora está fazendo aqui?

Os dois se encaram por um tempo, e eu estou calada apenas assistindo a disputa de olhares entre eles.

— Fiz duas perguntas e exijo a resposta.

— Acontece que na minha casa a Senhora não exige nada, com todo respeito que tenho, por você e meu pai, exijo que me respeitem, não devo satisfações da minha vida a ninguém, eu disse que Olga e eu, nos separamos.

— Eu não vou aceitar isso Christian, você está se deixando seduzir. — Faz uma pausa e me olha com nojo. — E você? O que faz aqui? Eu sabia, sabia que colocar você aqui não daria certo, novinha e bonita demais para ficar perto de homem casado.

— A Senhora não me conhece. — É tudo que consigo dizer, um nó se forma em minha garganta, nunca fui tão humilhada em toda minha vida, nem mesmo quando servia mesas, encontrei clientes tão repugnantes.

— Mãe, que absurdos são esses? A Senhora não pode vir na minha casa e fazer o que bem entender, respeite Anastácia.

— Respeitar? Respeitar porquê? Essa, aprendiz de golpista, pelo amor de Deus, Christian, como você está cego meu filho, Olga é a pessoa certa para você, linda, tem classe e elegância, o que você viu nesta menina, foi só atração.

— CHEGA. — Christian grita pegando nós duas de surpresa. — Ponha-se daqui para fora e não volte mais, a partir de hoje a Senhora, meu pai ou quem quer que seja da nossa família terá que respeitar as minhas escolhas, não cabe a vocês decidirem por mim.

Grace começa a bater palmas, seus olhos escurem de uma forma assustadora, me encara como se eu fosse a pior coisa que já viu em toda sua vida.

— Você, pode destruir o casamento do meu filho, pode continuar com o seu joguinho de boa moça, mas eu estou de olho em você, dele você não arranca um centavo. — Vira para Christian com o olhar magoado. — E você, muito cuidado, pois não demora ela aparece grávida e vai te dar um belo golpe da barriga.

— Quem é você? — Percebo a voz de Christian embargada. — O que fez com a minha mãe, onde está a mulher que sempre nos ensinou o respeito ao próximo? Ah! O respeito só se deve com pessoas da sua classe social? Nunca pensei que você fosse ser tão mesquinha a ponto de julgar uma pessoa pela vida que ela tem, a Senhora pode por favor, sair da minha casa?

— Você é e sempre será a filha da faxineira. — Diz me olhando.

— Com muito orgulho Senhora, nunca pisei em ninguém para ser quem sou, nunca precisei diminuir alguém para me sentir superior, Deus me livre de ter uma mãe como você ou ser obrigada a conviver com alguém como a Senhora.

— Sua...

— SAI DA MINHA CASA. — Christian grita antes que ela possa me responder.

Ela passa pela porta furiosa, ouço o barulho alto, e sinto algo dentro de mim se quebrar em vários pedaços, como pode existir pessoas assim? É isso que estou tentando dizer, Christian é uma pessoa boa e foi incrível ter me defendido, mas eu estou disposta a viver isso diariamente?

Meu Deus! Nunca pensei que Grace fosse tão mesquinha.

Sinto mãos segurando meu rosto, só então percebo que choro.

— Me desculpa, por favor, eu não sei o que deu na minha mãe, eu nunca a vi agir assim.

— Eu sou a filha da faxineira Christian, é isso que estou tentando dizer desde que coloquei os pés nesta casa, mesmo que nós quiséssemos, não daria certo.

— Ana, você não é a filha da faxineira, você é a filha da Carla, uma mulher guerreira que tem um trabalho muito honesto, é uma pessoa íntegra, que está lutando para vencer na vida, não se diminua, pelo que minha mãe disse, não vou tentar justificar o que ela fez, pois, para mim, não tem justificativa e nem perdão, mas peço que não deixe esse acontecimento, atrapalhar qualquer tipo de relação que possa existir entre nós.

— Nunca existiu e nem vai existir nós, Christian, imagina ter que conviver com isso? Com essa situação? Sua mãe me humilhou, como nunca fui em toda minha vida.

— Ana, por favor.

— Eu quero ir embora, me desculpa, mas quero distância da sua família.

— Dessa família, até eu quero distância Ana, não quero conviver com pessoas que julgam as outras, mesmo sendo meus pais.

— Você não pode se afastar da sua família por uma pessoa, Christian, você tem que encontrar alguém que todos aceitam, vai ser mais fácil.

— Eu vivi com essa pessoa cinco anos, Ana, e não, eu não vou mais abrir mão da minha felicidade da pessoa que eu quero ao meu lado pela minha família, continuo amando e respeitando, mas minha vida é minha vida, não sou mais uma criança que precisa da autorização para tudo.

— Eu não quero ser parte disso, dizem que não devemos ignorar os conselhos de mãe, a minha pediu que eu me afastasse, agora entendo o porquê  a sua fez o mesmo, então é melhor terminar aqui o que ainda nem começou.

— Tudo bem, você tem razão, eu vou me afastar.

— É o melhor a se fazer. — Digo, por algum motivo desconhecido ele ter concordado me incomoda.

— Sim, vou me afastar de quem me faz mal, de quem não sabe respeitar minhas escolhas, e essa pessoa não é você.

Quando menos espero, os lábios dele vem ao encontro do meu, não tenho tempo de pensar ou reagir.

Nossos lábios se moldam, Christian me abraça com carinho e por um segundo esqueço tudo que aconteceu hoje, e vivo o momento.

Nosso encaixe é perfeito, o abraço o beijo tudo se molda perfeito, como se tivéssemos sido feitos um para o outro, até que a realidade me puxa para o agora  separo nossos lábios.

— Me dê a chance de te conhecer Ana. — Pede com a testa colada à minha.

— Não tenho forças para entrar nessa guerra com sua família, sua mãe está bem disposta a não deixar você em paz, muito menos eu.

— Não pensa neles, conhecer, só isso que te peço. — Coloca uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e sorri.

Porque ele tem que ser tão bonito?

O Mundo Dentro de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora