Capítulo 66

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PV Anastácia

Abro os olhos ainda um pouco atordoada, olho à minha volta e não reconheço esse lugar, logo o cativeiro, Carrick e Grace voltam em minha mente, o tiro, Deus, onde está Grace?

— Grace? — Chamo, tento me levantar e minha cabeça dói.

Vejo a porta se abrir e como um anjo Elliot passa pela porta fazendo meu corpo relaxar e ao mesmo tempo lágrimas rolarem pelo meu rosto, eles nos encontraram.

— Calma, você está bem. — Ele diz carinhoso como sempre.

— Sua mãe. — Peço e meus olhos se enchem de lágrimas novamente a última imagem que tenho e daquele homem a agredindo.

— Acabou de sair da cirurgia, vai ficar bem, ela é forte.

— Graças a Deus! — Digo sentindo um alivio absurdo. — Me conta o que aconteceu? — Peço um pouco perdida.

Após me contar tudo e como foi para que nos encontrassem seu rosto muda completamente, parece até um pouco divertido.

— O que foi?

Ajeita sua postura e começa a rir, queria entender qual a graça.

— Elliot?

— Você já viu aquele Kinder Ovo duplo? — Pergunta me deixando completamente perdida, como ele foi do assunto sequestro para chocolate.

— Já, e o que tem?

— Um deles é a Kate. — Começa a rir e para ao perceber minha confusão. — O outro é você.

— Oh merda, me esqueci completamente, confirmou? — Pergunto assustada, enquanto ele ri da minha cara. — Para Elliot de rir.

— Eu vou ser titio e pai ao mesmo tempo, eu estou feliz Ana.

— Minha mãe vai me matar.

— Carlinha vai adorar a notícia, sua mãe é a melhor pessoa do mundo, depois de como vocês acolheram a minha mulher, você nem deveria pensar nisso, mas você disse confirmou, você já estava desconfiada?

— Sua mãe desconfiou, eu passei mal não conseguia me alimentar, e desde que ela imaginou que pudesse ser isso, ela me protegeu de uma forma que nunca imaginei.

— Dona Grace vai ficar louca com dois bebês, e agora com meu pai preso, tenho certeza que ela poderá dar aos netos o amor e carinho que nunca pode nos direcionar, e eu fico muito feliz com tudo isso. — Diz e sinto tristeza em sua voz.

— Você sempre soube do que ela passava? — Pergunto.

— De certa forma eu percebia que existia algo errado, não pensei que ele a agredia, ela sempre estava bem vestida, normalmente roupas que cobria quase todo o seu corpo, então não era possível ver as marcas, mas alguns flashes de memória me recordo de um tempo muito difícil.

— Do que se lembra?

— Algumas coisas soltas. — Seus olhos se enchem pelas lágrimas. — Mia e eu deitados no corredor na porta do quarto deles, chorando, o choro da minha mãe do outro lado da porta, algumas vezes os gritos dele, e um longo tempo sem vê-la, Taylor e ele brigando, eu tento me lembra de todo o contexto, mas tem várias pontas, e nada se encaixa.

— Sabe de uma coisa? — Pergunto e ele nega. — Não vale mais a pena lembrar, montar contexto ou tentar entender, desde que descobri a doença da minha mãe, coloquei prioridades, a sua prioridade é se lembrar de momentos ruins, difíceis e de sofrimento, ou focar no seu bebê que está para chegar, na sua vida com a pessoa que ama, na família que todos nós somos?

— Focar em nossa família, e agora no meu sobrinho ou sobrinha.

— Sei que ele é seu pai, mas esquece o que ele fez ou o que aconteceu, passou e o importante é que sua mãe está bem, e logo teremos duas coisinhas para mimar muito.

— Como você e sua mãe podem ser tão fortes? Quando era para nós consolarmos vocês, são vocês que o fazem. — Diz me fazendo rir.

— A vida nos fez assim, ela nos preparou, para enfrentar tudo isso e ensinar a vocês como seguir em frente, mesmo com tudo o que aconteceu.

Me assusto quando ele me abraça, se separa do abraço e sorri para mim.

— Obrigado! Vou autorizar a entrada dos outros.

— Tudo bem. — Digo e fecho meus olhos, tentando pensar em coisas boas e em como dar a notícia para Christian.

— Ana? — Elliot me chama com a mão na maçaneta, o encaro por um tempo. — Obrigada, por isso, nos perdoe por ele ter feito o que fez com você e eu amei saber que vou ser titio.

Nego com a cabeça.

— Nunca mais me peça perdão por algo que não fez e que ninguém a não ser  Carrick é o responsável, e tem mais, você não será titio, Elliot, você será o padrinho do nosso bebê. — Sorri para mim muito emocionado.

— Certeza?

— Você e Kate, com toda certeza do mundo.

— Mas você nem perguntou ao Christian.

— Quem é a mãe? — Pergunto de braços cruzados.

— Você. — Responde rindo.

— Quem tem mais de quinze dias que não come? E tudo que come passa mal?

— Você?!

— Então eu decido. — Digo piscando para ele.

Não demora, vejo a porta se abrir Lucia, Kate e mamãe passam por ela, as duas primeiras quase me sufocam, minha mãe se mantém parada aguardando sua vez.

Assim que se afastam os olhos de Dona Carla passam por todo meu corpo, tomba a cabeça me olhando e sorri.

— Mãe. — Ela se aproxima mais, me abraçando, Deus como senti falta do abraço dela, como pedia para que nada acontecesse a ela enquanto eu não estivesse aqui, apesar de perceber que perdeu peso, e estar um pouco abatida, mas bem.

— Como você está meu amor? — Pergunta se separando do abraço e limpando o rosto.

— Bem mãe, feliz que fomos encontradas e que Grace ficará bem.

A puxo novamente para um abraço, sinto Lúcia e Kate nos abraçando também.

— Eu amo vocês! — Digo sincera e as três abrem lindos sorrisos para mim.

— Nós também Ana, você faz muita falta. — Kate diz chorosa, ergo a sobrancelha, estava preocupada com minha mãe e agora percebo que ela está muito magra.

Antes que eu tenha tempo de brigar a porta do quarto se abre vejo Elliot e Christian, ele paralisa por um tempo parece não acreditar que estou aqui, oh Deus e ele ainda nem sabe a surpresa que tenho para ele, me seguro para não rir, porque a pouco tempo, ele me fez uma proposta muito louca, exatamente neste hospital.

O Mundo Dentro de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora