Capítulo 4

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PV. Christian

Nunca imaginei que aos vinte e seis anos eu estaria casado, há quase cinco, conheci Olga na faculdade, foi atração à primeira vista, às vezes me questiono se realmente a amo. Eu gosto dela, mas não sei se chega a ser amor, a convivência é boa e o sexo, bom não há do que reclamar.

Balanço a cabeça tentando afastar esses pensamentos, essas visitas de Elliot na empresa, estão me fazendo pensar besteiras, ele me contou que está derretido por uma pessoa que conheceu, mas que não faz ideia de onde encontrá-la, nunca vi meu irmão daquele jeito, a mulher realmente parece ter mexido com ele, tem mais de um mês que ele me atormenta por causa disso.

Começo a recolher minhas coisas para ir embora, e minha sala é invadida por meu irmão, cabelos bagunçados gravata desfeita e alguns botões da camisa, abertos, me mostram que hoje é um dia de cão. Se joga no sofá com o olhar perdido, seus olhos estão fundos, Elliot parece não dormir a dias.

— Diga.

— Cara eu devo estar enlouquecendo. — Contenho a vontade de rir.

— Por qual motivo estaria enlouquecendo? — Se vira para mim sério.

— Estou pensando em contratar um detetive particular. — Certo, isto está indo longe.

— Elliot, você não acredita que está indo longe demais com essa história? — Me olha completamente perdido.

— Como soube que a amava? — Pergunta e não entendo o que quer dizer. — Como soube que Olga era a mulher da sua vida? Que você a amava ao ponto de querer se amarrar a ela?

— Não sei Elliot. — Me sento ao lado dele, afrouxando a gravata. — Sinceramente às vezes me pego questionando se a amo, nunca senti esse seu desespero, nem mesmo nas viagens a trabalho que fico fora por dias, não sinto essa necessidade. — Me olha como se em mim, tivesse crescido duas cabeças.

— Sério? Isso é estranho Christian.

— Mas não me arrependo de ter casado, confesso que sinto uma ponta de inveja por nunca ter sentido esse seu desespero, por outro lado, não sei se estaria totalmente feliz em viver o seu desespero. — Pela primeira vez o vejo sorrir.

— É uma dor no peito, gostosa, é a sensação mais louca, é como ter milhões de borboletas voando em sua barriga, é um frio constante, como se estivesse fazendo algo proibido, coração só de pensar nela falha as batidas, e logo vem a frustração de não saber onde a filha da mãe se enfiou.

Começo a rir de seu desespero, ele passa as mãos no cabelo, irritado, Elliot sempre teve quem queria, chama atenção por onde passa, e o fato de ser médico, faz com que a maioria das mulheres caia aos seus pés, nunca precisou de muito esforço para ter nenhuma delas em sua cama, e vê-lo assim em desespero, chega ser hilário.

— Para de rir, idiota. — Diz me dando um soco no braço.

— Me deixa curtir seu desespero, é a primeira vez que o vejo dessa forma.

— Eu vou embora, é o melhor que eu faço.

— Espera, também estou de saída.

Pego minhas coisas. Descemos juntos, até nossos carros na garagem do prédio. Quando meu irmão abre a porta de seu carro o chamo.

— Elliot? — Ele me olha. — Passe o nome da sua mulher misteriosa para Taylor, tenho certeza que ele o ajudará. — Agora ele abre um enorme sorriso. — Fica me devendo essa. — Entro no carro, meu segurança e amigo, vai até meu irmão, em seguida volta para o banco do motorista.

Entro em casa e como sempre está tudo muito calmo, vou direto para o meu quarto, encontrando Olga toda arrumada, ela está linda, seus cabelos loiros estão presos em um coque elegante, um vestido preto longo com uma fenda na perna direita.

— Posso saber aonde vai? — Digo me fazendo notar, me olha através do espelho e sorri.

— Você sempre esquece o aniversário de casamento dos seus pais. — Merda realmente havia me esquecido. — Sua roupa está arrumada no closet, e o presente deles já foi providenciado. — Sorrio, sigo até ela a abraço por trás deixando um beijo em seu pescoço.

— Obrigado.

— Não precisa agradecer te espero lá embaixo, não se atrase.

Olga é uma mulher linda e muito educada, nos conhecemos na faculdade, nos tornamos amigos e acabamos nos relacionando, assim como eu, é dona de sua própria empresa, nunca quis que trabalhássemos juntos, ela começou revendendo coisas para o pessoal da faculdade, ao contrário de mim, não nasceu em berço de ouro, e a admiro muito por isso.

Seu pai morreu servindo ao país, e sua mãe alguns anos depois em um acidente, foi criada pela avó, lutou e entrou para uma das melhores faculdades do país. Ela comprava algumas coisas e revendia, depois montou uma loja "online", fazia assim seu próprio dinheiro e se sustentava, mas sua rede de lojas expandiu mesmo quando nos casamos, o que um sobrenome pode fazer. Hoje ela é dona de uma rede de franquias, não depende nem nunca dependeu de mim em questões financeiras. Tenho orgulho dela por isso.

Finalizo o nó da gravata e vou à busca da minha linda esposa, do topo da escada, faço uma pequena análise da nossa casa, é uma casa linda, porém sem vida, não sei o que é, mas sinto que falta algo, Olga está parada no meio da sala me olha sorrindo.

— Sabe que a cena está errada, certo? — Pergunta divertida.

— E como deveria ser. Sra. Grey?

— Era para você estar no meu lugar me aguardando descer as escadas e me receber ao pé dela com um enorme sorriso e dizendo que estou linda. — Não contenho a gargalhada.

— E desde quando se importa com essas cenas clichês? — Pergunto indo em sua direção, dá de ombros.

— Às vezes o clichê é legal, Christian. — Ergue as sobrancelhas.

— Olga Grey, romântica? O mundo está acabando e esqueceram de me informar? Tudo bem o aniversário de casamento dos meus pais é aceitável, mas o fim do mundo é sacanagem. — Com uma falsa cara de brava, dá um passo em minha direção diminuindo a distância entre nós.

— Eu sou romântica.

— Quem é você? O que fez com minha mulher?

— Vamos logo, seus pais nos esperam.

— Oh! Aí está você, quebrando o romantismo. — Digo e ela revira os olhos.

— Só existe uma vantagem em se casar com seu melhor amigo.

— Qual seria? — Pergunto abrindo a porta para ela.

— Você me conhece bem demais, para saber que romance não é a minha e nem preciso disfarçar, ser uma menininha doce e indefesa. — Diz piscando seus longos cílios me fazendo rir ainda mais.

— Você não vale nada.

— Então estamos quites, Sr. Grey. — Assim foi por todo o caminho até a casa dos meus pais, era isso que eu gostava em Olga, éramos amigos antes de qualquer coisa, não havia brigas, na verdade, começo a pensar que nosso casamento está mais para um contrato com benefícios.

— Olga minha querida, como vai? — Mamãe pergunta vindo nos abraçar.

— Bem Grace, e você?

— Muito bem! Quando teremos alguém crescendo aqui? — Pergunta colocando a mão sobre a barriga da minha esposa, paraliso com aquela pergunta.

— Não sei se terá alguém crescendo aí. — E foi essa resposta, que fez meu mundo parar por alguns segundos e me lembrar do que falta em minha casa, e é isso, depois de tantos anos de casamento, é essa vida que falta naquela casa, um filho!

O Mundo Dentro de MimOnde histórias criam vida. Descubra agora