Amor Vagabundo

5

Yasmin|Yá

Sexta feira, 26/09 - 16:15pm

Yá: Eu tinha o direito saber que você é bandido, Lucas. Porra, eu podia ter morrido, sabia?

Lucas: Eu sei, e te entendo bem, mas se eu te contasse, talvez você não quisesse mais me ter como amigo.

Yá: Era o que eu deveria fazer, mas minha consciência não permite. Sei o que você passou antes de tudo acontecer, e sei também que essa não era a melhor escolha.- falo.

Lucas: Minha mãe tava doente, tive que arrumar algo de urgência, só não pude mais sair, nem queria e nem quero.- fala.- Essa vidinha de playboy não combina comigo, tu bem sabe.

Yá: Tu tem formação, poderia facilmente conseguir um trabalho bom.- falo e ele rir.

Lucas: É fácil falar quando não se sabe como é metade da vida de um morador de favela. Quando nunca se levou um enquadro da polícia só por ser da comunidade, nunca teve que ralar de verdade pra ter comida no prato, muito menos serviu de chacota no colégio.

Engoli todas as palavras que estava pra dizer, porque ele tá certo, eu nunca passei por nada disso.

Lucas: Desculpa, Yasmin.

Yá: Você tá certo, tem toda razão do mundo.

Lucas: Olha, hoje é dia de baile lá na rocinha. Quero que tu vá lá, ver como é as coisas lá, tirando todo o tráfico em si, lá é um lugar maneiro.

Yá: Não, valeu.

Lucas: Convida aquela tua amiga, pô. A Ananda. Cês vão curtir, vai ter Mc Poze.- fala.

Reviro os olhos e concordei com a cabeça, só porque era show do Poze, que eu tava louquinha pra ver.

Lucas: Venho buscar vocês às 23h.

Yá: Eu sei o caminho.

Lucas: Beleza.

[...]

Nanda: Nossa, a gente é muito doida pra tá indo na...

Yá: Ananda, fecha essa boca. Quer que meu pai escute?- pergunto e ela nega.

Nanda: Bom, eu já tava doidinha pra encostar lá, você que estragava tudo. Toda chatinha.- fala.

Yá: Claro, a primeira vez que tu falou sobre ir pra lá,  a gente tinha 17 anos. Eu não era louca nesse ponto.

Nanda: Mas hoje tu é, né?

Yá: Tô indo pelo Poze, já tu.- falo e ela me encara depois de terminar seu delineado.

Nanda: Qual é? Sou gente também, posso me aventurar em paz?- pergunta me fazendo rir.

Yá: Pode, ué.

Terminei minha maquiagem e fui até meu closet, tirei minha toalha do corpo e vesti um conjunto de saia e croped preto. O croped era de amarração nas costas e a saia tinha um regulador de tamanho, que fazia ela ficar franzida.

Calcei um tênis preto também e saí do closet.

Nanda: Estilo all black.

Yá: Linda, né? Eu sei.- falo colocando um cartão de crédito na lateral do meu tênis.

Terminamos de nos arrumar, peguei a chave do meu carro e saímos do quarto. Descemos as escadas, e damos de cara com meu pai, mexendo em seu notebook.

Yá: Tô saindo, e quando voltar, vou pro meu apartamento.- falo.

Ricardo: Cuidado nessa tal balada, não quero que o que aconteceu no banco se repita.- fala sem me olhar.

Yá: São duas situações diferentes.

Caminho até a porta, sendo acompanhada pela Ananda, saímos de casa, destravo meu carro e entro no mesmo,  a Ananda faz o mesmo.

Liguei meu carro e dirijo até a entrada da rocinha, antes de chegar lá mandei uma mensagem pro Lucas pelo meu applewatch.

Fomos paradas na entrada por um cara armado.

Xxx: Não pode subir de carro.- fala.

Yá: Se prometer cuidar do meu carro.- falo e o mesmo assente.

Ananda: Cê confia muito, hein.

Dou de ombros abrindo a porta do carro, travei o mesmo depois da Ananda sair de dentro, dei a chave pra ela que colocou no bolso da frente de seu shorts.

Xxx: Pode subir direto, vai ver a quadra rapidinho.

Saímos quase em disparada, até chegar na tal quadra, rolei os olhos pelo povo e não encontrei o Lucas.

Ananda: Vamo pegar alguma coisa pra beber, depois tu procura o Lucas.- fala e eu assinto.

Fomos até onde vendiam bebidas, o barman conversava com um homem, que logo vi ser o cara que foi uns dias atrás lá no studio com uma menina pra fazer tatuagem.

Ananda: Dois copos de whisky com energético. E gelo, por favor.

O homem que estava sentado, olha na nossa direção, e tira um cigarro aparentemente de maconha da boca.

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