Jú
Terça feira, 23/12 - 02:50am
Tava andando há mais de hora, sem ter noção nenhuma de onde estava, só sabia que no Alemão não era.
Era uma espécie de matagal, já passei até por umas árvores, mas não vi um sinal de vida desde que saí daquele galpão.
Só consigo pensar na Yasmin, em como será que ela tá, se o maldito do Ruan fez alguma coisa com ela... meu peito dói só de imaginar ele machucando ela mais ainda, não consigo não pensar nela.
Dei mais alguns passos e acabei em uma rua sem movimento, até que dois faróis fortes começaram a vir em minha direção, um carro, mas logo parou e alguém desceu do mesmo.
Kaio: Júlia?
Jú: Me ajuda.- falo começando a chorar.
Ele vêm até mim, tenta me abraçar mas eu me afasto.
Jú: Não encosta em mim, por favor.
Kaio: Calma, Jú. Sou eu, não vou te fazer nada.- fala com um tom tão calmo.- O que aconteceu com você? Esses machucados, seu cabelo... cara, o que te fizeram?
Jú: Me leva na Rocinha, preciso ver meu pai, rápido.- falo, ele assente e tenta novamente me abraçar, mas eu saio andando.
Não quero magoar ele, mas não consigo abraçar ele, mesmo querendo muito. Eu tô com tanto nojo de mim mesma, que o melhor agora é ficar longe dele.
Ele abriu a porta do carro, eu entrei e fechei a mesma, ele logo entrou também. Ligou o carro e partiu em direção ao morro do meu pai.
O caminho foi completamente silencioso, ele me olhava pelo retrovisor de dentro do carro às vezes, mas não falava nada, e eu não me incomodei em não ouvir nenhuma pergunta, só o barulho da noite.
Chegando na entrada, o carro foi parado, abrir o vidro e coloquei a cabeça pra fora me identificando, eles liberaram a passagem e mandei o Kaio subir direto.
Jú: Para aqui.- falo vendo meu pai conversar com a Talita na frente da casa dele.
Olhei pra barriga dela, e cara, a barriga dela tá enorme, acabei sorrindo de canto, era meu irmãozinho que tava ali dentro, e não importa se ele é filho dela. Acima de tudo, ele é meu irmão.
Abrir a porta do carro e vejo o Kaio fazer a mesma coisa, os olhos do meu pai logo me veem e ele vem quase correndo até mim, e me abraça apertado.
Borges: O que fizeram com você, meu amor?- pergunta assim que nos separamos.
Jú: A Yasmin, pai. Cê precisa ir atrás dela.
Borges: Onde você tava? Como conseguiu sair de lá?
Kaio: Eu encontrei ela numa rua perto do Cantagalo, quando voltava da casa do meu tio.
Jú: Pai, a Yasmin, ela tá muito machucada, você precisa ir atrás dela, hoje, agora!- falo e ele assente.
Talita: Vem, Júlia, eu fico com você. Lá na casa da Nayara tem uns negócios pra esses machucados.- fala se aproximando.
Jú: Pai...
Borges: Leva elas, Kaio.- fala e vai na direção da moto dele.
O Kaio apenas assentiu. Entramos no carro dele e a Talita foi falando o caminho da casa da Nayara. Acabei olhando pra fora do carro, e vi uma pessoa em um beco, no mesmo momento meus olhos encheram de lágrimas.
Era um dos homens do Ruan, e um dos que me abusou. Comecei a chorar sem parar, as memórias daquele dia vieram com tudo, o sentimento de nojo, repulsa, aquelas mãos grossas tocando em mim...
Talita: Júlia, ei menina. Júlia!
Jú: O Souza...
Talita: Quem é Souza?
Jú: Liga pro... meu pai.
Ela logo pegou o celular, discou o número do meu pai e o mesmo atendeu no primeiro toque.
Ligação 📲
Borges: fala, Talita.
- pai, três becos antes da casa da Nayara... um homem do Ruan... Souza, ele me...
Borges: nem precisa terminar, tô indo.Ligação 📲
Talita: Calma, Júlia. O que esse homem te fez?
Nego com a cabeça, não queria falar isso na frente do Kaio, ele iria sentir pena de mim ou até mesmo nojo, e eu prefiro que ele não saiba disso.
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Amor Vagabundo
General Fiction"Somos intensos, como o calor do sol e as chamas do fogo"