68: bônus

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Mara

Terça feira, 10/02 - 08:13am

Desci as escadas atrás do Ricardo. Ele estava frustrado pela briga com a Yasmin, e por tabela, eu tô pagando o pato.

Ricardo: Tudo por causa daquele bandido metido a esperto. A Yasmin tinha que está aqui!- fala após desligar o celular em mais uma tentativa de falar com a Yasmin.

Mara: Não acha que o que importa é ela estar bem?- pergunto e ele me encara.- O que foi?

Ricardo: Você tá do lado deles? Logo você que sempre esteve em pé de guerra com a yasmin.- fala cruzando os braços.

Mara: Nunca quis o mal dela, você sabe disso. Era ela que implicava comigo, por achar que eu tenho algum interesse em seu dinheiro.- falo e rio ao lembrar.

Ricardo: E será que não tem mesmo?

Mara: O que está insinuando, Ricardo?

Ricardo: Você vive em salão, lojas de grife, joalherias caras. Tudo isso com o meu dinheiro, então me faz questionar se você não tá comigo por interesse mesmo.

Mara: Eu não tô acreditando.- falo rindo. Canalha!- Acha mesmo que eu iria suportar tudo que sua filha me fez passar nesses anos por causa do seu dinheiro? Ou melhor, acha que eu não tenho dinheiro para bancar meus próprios gastos?

Ricardo: Bom, você não tem tanto dinheiro assim, Mara. Era sócia de uma boate de prostituição, só não está presa agora por minha causa, eu limpei a sua ficha pra você viver bem e sem risco de ficar numa cela.- fala se aproximando de mim e segurando meu rosto com força.

Mara: Você tá me machucando, Ricardo.

Ricardo: Se hoje você não está presa ou na lama, é por minha causa. Lembre-se disso!

Ele solta o meu rosto virando ele bruscamente, ajeita a camisa e sai de casa. Sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto, e as limpo imediatamente.

É muito difícil ter que admitir, mas eu realmente amo o Ricardo, não era pra ter acontecido, mas aconteceu e já era. Tudo começou quando eu conheci ele na boate que eu era sócia. Ele ia lá quase todas as noites 2 anos antes da Jamile "morrer", e ela sabia, ela sempre soube.

Eu e a Jamile éramos melhores amigas, estudamos juntas até o ensino médio, mas depois que ela casou com o Ricardo, nós duas perdemos o contato uma da outra.

Até nos encontrarmos em um bar, as duas na beira do penhasco, a ponto de se jogar ou ser empurrada e pelo mesmo homem.

Ela me contou tudo o que aconteceu nos anos que ficamos distantes, e eu sabia muito bem da outra parte da história dela, sobre o pai e tal. Acabou que ela fez um plano mirabolante pra fingir sua morte e eu entrar no meio disso como a nova namorada do Ricardo.

Eu não neguei, não só por gostar do Ricardo, mas principalmente pela nossa amizade. E também contei sobre a minha paixão por ele, ela não se opôs ou ao menos se importou, e daí começou tudo.

A parte mais difícil de tudo foi ter que tratar a Yasmin mal, eu passava noites em claro pedindo pra aquilo acabar logo ou pra ela se mudar de vez pro apartamento dela, só pra não ter que tratá-la com hostilidade. Aliás, ela é filha da minha melhor amiga, seria minha afilhada se tudo não tivesse acontecido da forma que aconteceu.

Rita: Senhora?

Mara: Oi, Rita. Aconteceu alguma coisa?

Rita: Não senhora, só queria saber o que eu faço para o almoço.

Mara: Pode escolher o almoço hoje, estou sem cabeça pra isso.- falo e ela assente.- Pede pro motorista tirar o meu carro, eu vou sair.

Ela assente e sai.

Subo as escadas rapidamente, peguei minha bolsa e meu celular. Eu preciso ir até a Yasmin, preciso contar tudo.

Rita: O seu carro já está lá fora, senhora.

Mara: Obrigada, Rita. Eu volto logo, se o Ricardo perguntar por mim, diz que fui ao salão.

Rita: Sim, senhora.

Saí de casa tentando ligar para a Yasmin, entrei no meu carro e esperei por ela atender, mas deu em nada. A chamada foi pra caixa postal.

Joguei meu celular na bolsa e liguei meu carro, decidida a ir na Rocinha, só espero que a Yasmin me receba.

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Mais um pra compensar o sumiço

Amor VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora