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Borges

Sexta feira, 26/12 - 11:10am

Fiz 3 carreira de cocaína e cheirei em seguida, uma atrás da outra, sem pausa. Quando tava pra fazer mais uma, o Lima entra na minha sala.

Borges: Dá o fora daqui, Guilherme, quero ficar só.- falo.

Lima: Isso mesmo, se entope de droga mesmo, pô. Vai ser lindo tu dá entrada no hospital com início de overdose, seu pau no cu.- fala e passa a mão no pó em cima da mesa, fazendo cair no chão.

Fui pra cima dele sem dó, dei uma imprensada nele na parede, segurando no pescoço do mesmo.

Borges: Te mandei sair daqui numa boa, seu merda, quer bater cabeça mesmo, logo comigo, meu irmão.

Lima: Tu tem uma filha adolescente, outro pivete pra nascer, Pedro, porra! Coloca isso na tua cabeça!

Soltei ele, sentei no sofá que tem no canto da parede e puxei o ar com o nariz.

Borges: Sai daqui, cara, não quero perder a consideração que tenho por tu não.

Lima: Tu tá perdendo bem mais que isso, tu tá se perdendo usando essas coisas aí.- fala.- Na hora da curtição, beleza, dá mó brisa, mas nesse momento não vai resolver nada tu se drogar pra caralho, só vão te destruir mais.

Borges: Cadê o Luan?

Lima: E o Lp sai daquele hospital? Tá lá desde ontem, veio só pra comer e trocar de roupa. Mas pelo menos não tá usando cocaína que nem maluco.

Borges: Eu vou lá.

Lima: Mas não vai mesmo, tu vai pra sua ca...

Antes que ele terminasse de falar, eu passei por ele sem dar ouvidos ao que ele dizia. Subi na minha moto e cantei pro hospital que a Yasmin tá internada.

Cheguei lá e já fui entrando, dei de cara com o Lp sentando na cadeira, na sala de espera.

Borges: Qual foi? Tá feliz porque?- pergunto e ele me encara.

Lp: A Yasmin acabou de ir pro quarto. Eu vim de lá.

Borges: Tá falando sério?- pergunto e ele assente.- Em que quarto ela tá? Fala, Luan, caralho.

Lp: Tu tá drogado, mano, não acredito.

Borges: Fala logo, porra.

Lp: 301, segundo andar. Precisa pegar o crachá de visitante.

Fui lá na recepção, peguei aquele papelzinho do visitante e dali fui direto pro elevador, saí já no andar do quarto da Yasmin.

Procurei pelo quarto dela, até que achei, quando entrei vi ela se mexendo na cama, acordada.

Dei uma fungada, coçando meu nariz em seguida, ela me olhou e deu um sorriso largo.

Borges: Oi.

Yá: O Luan disse que você não viria aqui tão cedo.

Borges: O Lp tem razão, pô. Nem ia vim aqui, tu não merece me ver assim não, mó feio pra minha cara.- falo cruzando meus braços.

Yá: Senta aqui.- fala e eu nego.

Se eu chegar perto dela, a mesma vai perceber rapidinho que eu tô entupido de droga.

Yá: Ei, tô falando contigo.

Borges: Tô bem aqui, fica sossegada aí.

Yá: Porque tá fungando desse jeito? Não me diz que cê tá drogado.

Borges: Eu volto outra hora.

Yá: Pedro!- ouço a voz dela antes de fechar a porta.

Saí de lá mais rápido do que entrei, não ia ficar lá estando drogado, porra, qual é, mó feio.

O pior de tudo isso, ela tava grávida, e perdeu o bebê por minha culpa. Se eu não tivesse falado aquelas paradas pra ela talvez isso não aconteceria, a gente ia tá feliz juntos, eu, ela, a Júlia, e o bebê que ela esperava, e tem o Gabriel também, mesmo sendo filho da Talita.

Porra, meu sonho é ter um pivetinho ou menininha com a Yasmin, e saber que eu fiquei tão perto de ter isso e tudo acabou do nada. Sequer tive a felicidade de saber a notícia, só tragédia atrás de tragédia.

Ricardo: Como ela tá?- pergunta assim que passo por ele.

Borges: Ela parece bem.

Ricardo: Acho que você já sabe que a nossa trégua acabou, agora é cada um por si. E em relação à Yasmin, quero você longe dela.

Borges: Isso tu só vai conseguir me matando, delegado.- falo ficando cara a cara com ele.- Pela Yasmin, eu faço o que for preciso e possível pra estar sempre do lado dela.

Ricardo: Faça-me um favor. Minha filha quase morreu por sua culpa, ainda gerou uma criança que mal teve chances de viver. Não ver que você tá cercando ela com esse mal que você carrega nas costas? A Yasmin não merece carregar um peso que é só seu.

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Amor VagabundoOnde histórias criam vida. Descubra agora