Borges
Quarta feira, 18/02 - 06:09am
Acordei ouvindo um barulho vindo do banheiro, olhei pro lado e não vi a Yasmin, corri direto pro banheiro e vi ela sentada no chão com os olhos vermelhos.
Borges: Ei, linda.- falo sentando do lado dela.- Eu tô aqui!
Abracei ela sentindo as lágrimas caindo no meu ombro, fiquei ali, quieto, apenas abraçando ela.
Yá: Eu não queria te acordar.- fala limpando o rosto.
Borges: Eu tô aqui contigo, Yá. Não precisa se esconder pra chorar, e muito menos fingir que não tá sentindo a morte do seu pai. É normal, tá.
Yá: Não quero que sintam pena de mim.
Borges: Pô, Yá. Todo mundo aqui só quer o seu bem, e tá geral preocupado com tu.
Yá: Eu sei.
Borges: Então, linda. Quando quiser chorar, pode chorar, não reprime esse sentimento não. Isso faz mal pra caralho.
Yá: Cê chegou tarde ontem.- fala mudando de assunto.
Borges: Tava resolvendo umas coisas na boca, não se preocupa não, é o mesmo de sempre.
Yá: Tá.
Borges: Vem, bora tomar um banho juntinho.- falo e ela solta um riso.- Sem segundas intenções, sua safada.
Tiramos nossas roupas e fomos tomar banho.
Tudo que eu queria nesse momento, era dar um pouco de paz e tranquilidade pra Yasmin, e eu tenho noção que aqui ela não vai ter isso, mas não posso obrigar ela a viajar pro outro lado do mundo sem eu pelo menos saber se ela vai ficar bem.
Depois da gente tomar banho, nos vestimos e descemos pra tomar café. A Yá ainda tava bem tristinha, mas já não tava chorando mais, como chorou o banho quase todo.
Jú: Bom dia. Acordaram cedo, né.- fala enquanto come.
Yá: Bom dia, Jú.- fala e dá um beijo na testa dela.
Jú: Tá bem?
Yá: Eu vou ficar.
Borges: E a Talita?
Jamile: Tomando sol, a vitamina d dela deu muito baixa no último exame.
Yá: Com tanta coisa acontecendo, ela tá com medo de sair na rua. Só pro essencial.
Borges: Pô, vários guris aí pra acompanhar ela. Pode isso não!- falo bolado. Quem já se viu, Sol é de graça e aqui tem uma área enorme pra isso.
Jamile: Relaxa que ela já tá fazendo as coisas certinho.
Borges: Tenho um papo pra levar contigo também. Tu e a Mara, lá na boca antes do almoço. E Júlia, nada de ficar perambulando sem segurança.
Jú: Tranquilo.
Dei um beijo na testa da Júlia e um beijo na Yá.
Yá: Não vai comer?
Borges: Eu tenho que ir resolver umas coisas, mas te prometo que venho almoçar com vocês.
Ela apenas assente com um sorriso fraco, encarei a Jamile q me encarava, arqueei a sobrancelha e ela negou virando de costas. Papo reto, só tô engolindo essa mulher por causa da Yasmin, não sei pra que tanta implicância comigo por causa de um bagulho de tantos anos atrás.
Porra, ninguém se culpa mais do que eu pela morte da Clara, mas não dá pra voltar atrás, não tem mais como mudar o que aconteceu e por mais que doa, ela tem que aceitar isso. Como eu já aceitei.
Lp: Como tá a Yá?- pergunta assim que piso o pé na boca.- A Nayara tá doida pra ir ver ela, mas tá mó caos lá com o pai dela.
O pai da Nayara foi preso por porte ilegal de armas e por matar um major, ela tá correndo atrás de tudo que possa fazer o pai dela sair da cadeia, mas sinceramente, ele não sai de lá tão cedo. A ficha dele é foda de pegar habeas corpus, ali é bandido velho, foi pego por vacilo.
Borges: Ela tá na mesma, mas pelo menos deixou de segurar o choro. Papo reto, nunca me doeu tanto ver alguém chorando.
Lp: Tu ama ela, não esperava menos que isso.
Borges: Essa garota ainda me leva a loucura.
Ele apenas concordou.
Fiquei pela boca resolvendo uns bagulhos enquanto esperava as madames chegarem. A Mara foi a única que foi na minha sala, diferente da mãe da Yasmin, isso me deixa puto de uma forma que se ela imaginasse, viria voando.
Mara: Ela não fez por querer.
Borges: Defende não, na moral.- falo.- Mas vou te falar logo, cê vai ter que ficar um tempo longe daqui. Já tá tudo organizado. Passagem, casa, seguranças, tudo pra manter você segura em outro país.
Mara: Obrigada, Borges, você não tem obrigação nenhuma de fazer isso, mas obrigada.
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Amor Vagabundo
General Fiction"Somos intensos, como o calor do sol e as chamas do fogo"