Yá
2 semanas depois
Terça feira, 20/01 - 08:21am
Terminei a primeira tatuagem do dia, limpei o braço da moça, tudo direitinho e tal, falei sobre os cuidados com a tatuagem e a alimentação, o que ela pode ou não comer para não causar inflação.
Ela saiu da sala indo fazer o pagamento lá com a Vivian, enquanto eu jogava os materiais usados no lixo e limpava tudo pro próximo atendimento.
Yá: Tá aí desde que horas?- pergunto vendo o Borges na porta da sala.
Borges: Acabei de chegar.
Yá: E veio fazer o que aqui? Tô no meu horário de trabalho.
Borges: Eu só queria te ver.- ele pega a minha mão olhando a aliança na mesma.- Cê devia tá pensando no seu vestido de casamento, não trabalhando. Sabe que eu posso te dar o que você quiser, é só pedir que eu te dou.
Yá: Temos tempo ainda, e não vou parar de trabalhar, eu amo o que eu faço.
Borges: Tô ligado, mas a gente vai casar, né. Cê tem que ver o seu vestido, pô, mulher tem mania de passar mó tempão pra escolher uma roupa pra ir na rua, imagina uma roupa pra casar.
Yá: No que você tá pensando?
Borges: Parou com essa feitiçaria tua, maluca. Tô pensando em nós.- fala mexendo no meu cabelo e a Vivian aparece.
Vivian: Desculpa atrapalhar o casal, mas o seu cliente chegou, Yasmin.
Yá: Tá bom, o Pedro já tá de saída.
Borges: Se cuida.- fala e me dá um selinho.- Aí, Vivian, vou te apresentar um parceiro meu. Tu vai curtir.
Yá: Não cai nessa não, Vivian.
Ela sai rindo enquanto ouve o Borges falar sobre o tal parceiro dele, logo depois o rapaz entrou na sala. Tive uma sensação muito estranha, meu corpo todo se arrepiou e fiquei até um pouco tonta.
Xxx: Tá tudo bem?- ele pergunta tentando se aproximar e eu me afasto.
Yá: Eu só vou beber uma água.
Ele assentiu e eu saí da sala, indo até a recepção recebendo o olhar da Vivian, que veio até mim quando cambaleei quase caindo.
Vivian: Yasmin? O que aconteceu?- pergunta me ajudando a sentar, depois pega um pouco de água.- Tá sentindo alguma coisa?
Yá: Não, foi só uma tontura. Já já passa.
Vivian: Tem certeza? Se quiser eu ligo pra sua médi...
Yá: Não, não precisa. Já estou melhor, como eu disse, foi só uma tontura.
Levantei e agradeci a ela, voltei pra sala onde o rapaz me esperava.
Yá: Pode deitar, vou preparar o decalque.- falo e assim ele faz.
[...]
Cheguei no meu apartamento com a mesma sensação de mais cedo, olhei para os corredores e não tinha ninguém. Entrei e tranquei a porta.
Fui direto pro meu quarto, separei uma roupa para eu vestir depois que tomasse banho e fui pegar minha toalha.
São quase 20h da noite, normalmente nesse horário eu estaria maratonando séries com a Ananda, sinto tanta falta dela. Estávamos quase sempre juntas, nos horários vagos pra ambas e agora só tenho fotos e boas lembranças.
E nem a companhia da Jú agora eu não tenho, já que agora ela tá morando com o pai e o apartamento dela está vazio. O Pedro ainda não sabe se deixa como está ou se vende, a Júlia adorava o apê dela, mas agora pode ter a companhia do pai por mais tempo.
Olhei assustada pra porta assim que ouvi a campainha tocar. Fui até a cozinha e peguei uma faca, enquanto ouvia a campainha tocar insistida vezes, abrir a porta e senti um alívio.
Borges: Qual foi, Yasmin? Pra que essa faca?- pergunta e eu dou espaço pra ele entrar.- Yasmin?
Yá: Eu passei o dia com uma sensação estranha. Um medo, sabe.
Borges: Aconteceu algum bagulho de diferente?
Yá: Não, eu fiz meus atendimentos como sempre fiz, mas essa sensação ficou comigo o dia inteiro. E você não avisou que viria.
Borges: Foi mal, eu nem me toquei de te ligar antes. Só queria ficar contigo, tá ligada.
Yá: E a Júlia?
Borges: A Talita ficou fazendo companhia a ela, e tem os vapores lá também.- fala me abraçando.- Relaxa, tá, eu tô aqui contigo. Nada vai te acontecer não.
Continuei abraçada com ele, enquanto o mesmo mexia no meu cabelo. Me sinto muito mais segura com ele aqui, mas não entendo porque tô com essa sensação de medo, uma angústia, sabe. Como se algo ruim fosse acontecer.
×
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Amor Vagabundo
General Fiction"Somos intensos, como o calor do sol e as chamas do fogo"