Yá
Terça feira, 23/12 - 10:15am
Tava encolhida no colchão, se antes eu já não tava ficando de pé direito, agora pior. O filho da puta do Ruan me deixou sem comida e sem água, ou seja, estou sem comer desde ontem, já que estava planejando a fuga da Júlia.
Nessa altura ela já deve tá com o pai, em segurança, mas não vou deixar que isso me abale, nunca!
Lc: Yá.- fala assim que entra no quarto.
Yá: Pra você é Yasmin, a Yá morreu no dia em que você me colocou nessa situação.- falo com ódio.
Lc: Tudo que tá acontecendo é culpa sua! A gente podia tá feliz agora, morando numa casa de frente pro mar, longe da favela e toda aquela trocacão de tiro. Tudo seria perfeito se você não tivesse se apaixonado pelo Borges.
Yá: Você nunca foi assim, Lu...
Lc: Eu sempre fui assim, Yasmin. Sempre! Escondi de você minha pior versão, fui pra você o que você queria que eu fosse.- fala alto.- Fui carinhoso, compreensivo, seu amigo, tudo que você quis! E pra quê? Pra você se jogar pra um cara casado, com filhos, que sequer moveu um dedo pra te tirar daqui. Acha mesmo que ele se importa com você, Yasmin? Ele praticamente te chutou da vida dele.
Yá: Não fez pior do que você, que sempre disse ser meu amigo. E que belo amigo eu arrumei, hein.
Lc: Se eu tivesse no lugar dele, moveria o céu e a terra pra te ter de volta, e é isso que eu tô fazendo.- fala e tenta acariciar o meu rosto, mas viro o mesmo.
Yá: Meu pai vai te matar, depois que o Pedro te fizer sofrer da pior forma possível. Claro.
Lc: Rir melhor quem rir por último, mas é bom ver que ainda tem a mente muito fértil, porque isso só vai acontecer nos seus sonhos.
Ele levantou ajeitando a camisa e saiu do quarto. Me segurei pra caralho pra não cuspir na cara dele, o tamanho do meu nojo pelo Lucas só aumenta a cada fala dele.
Nunca pensei sentir tanto nojo de alguém como sinto dele agora, superou até meu ranço pela Mara, puta que pariu.
Não consigo entender o porquê de tudo isso, que se ele acha que fazendo essa merda toda eu vou acabar ficando com ele, coitado, tá achando que é a Alice e tá no país das maravilhas.
Tentei dormir já que comer não ia acontecer, e eu mal conseguia me mover pra ao menos ir no banheiro.
Passou um tempo, até que ouvi um estrondo alto, que me assustou, ouvi vozes e depois muitos e muitos disparos. Minha mente só passava uma única coisa...
Yá: Pedro. Ele veio!- falo baixinho com um sorriso ridículo de tão bobo.
Logo o cara que fica na porta do quarto entrou, e me agarrou por trás, me colocando de pé e apontando a arma pra porta.
Meu coração faltou pouquinho pra sair pela boca. Eu tava fraca, machucada, quase sem fala de tão seca que minha garganta tava, a minha esperança era ver o Borges entrar por aquela porta e me tirar daqui o quanto antes.
Xxx: Se eu morrer tu vai junto, dondoca. Posso cair, mas caio atirando, foda-se tudo.
Meu corpo gelou por inteiro, senti uma sensação horrível ao ouvir aquelas palavras, meu estômago embrulhou e eu só consegui vomitar ali mesmo, fazendo ele me soltar. O Borges entrou na mesma hora e atirou no cara, foram muitos tiros, até que ele veio até mim.
Borges: Yás, eu tô aqui, reage! Por favor.
Yá: Me tira daqui.
Borges: Eu vou te tirar daqui.- fala e olha pras minhas pernas.- Caralho, você tá sangrando muito, cara.
Olhei bem pro rosto dele e ali eu me permiti chorar, de alegria por ele estar aqui e do medo que tive de morrer.
Borges: Chora não, Yasmin, tu sabe que não consigo te ver chorar assim, pô.- fala e olha novamente pras minhas pernas.- Você não para de sangrar, cara.
Lp: A gente tem que sair daqui logo, Borges.- fala entrando no quarto.- Yasmin, caralho! A Yasmin, Borges!
A última coisa que lembro de ter visto foi o Borges me olhar triste e o Lp disparar alguns tiros.
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Amor Vagabundo
General Fiction"Somos intensos, como o calor do sol e as chamas do fogo"