Noah Urrea
NY, Manhattan 13:30 pm.
O dia passava rapidamente e pensamentos repetitivos e incessantes acertavam minha mente.
Any Gabrielly, aquela maldita mulher.
Era involuntário, imagens, lembranças dela, pareciam fixas na minha cabeça. Pareciam me perseguir, me causava incômodo angústia, apertava meu peito. Eu não queria pensar nela, não queria que ficasse em minha cabeça.
Caminhei sem um rumo certo pelo galpão, até que cheguei na oficina, lá estava ela aquela maldita mulher de baixa estatura que tirava minha paz e sanidade.
A mesma desmontava um carro roubado, cujo iríamos vender as peças, de longe eu a observava, ela cantarolava junto, enquanto trabalhava. Concentrada no que fazia, chegou Josh, começou a conversar com ela e ambos riam, se entendiam, isso era fato.
- não, você não pode gostar dele, não sorria assim, Gabrielly! - rosnei, falando entre dentes. Olhando para cacheada, que empurrava Josh de leve sorrindo.
A sensação de perda me atingiu, apesar de que, eu não poderia perder uma pessoa que não era minha. Mas, o incomodo cresceu, ao vê-los juntos.
Eu queria que ela desejasse minha presença, mas tudo que ela fazia é me atiçar, ou me afastar dela.
Eu odiava, aquela desgraçada, com seu jeito espontâneo e livre. Odiava ela por me querer longe, odiava porque algo nela me atraía, talvez a beleza, ou o atrevimento, sua forma de se igualar a mim. Eu não sabia o que era, mas era perturbador...
(...)
Umas 19:00 cheguei em casa, meu carro, havia dado um problema e eu havia voltado a pé para casa e estava ensopado, pelo temporal que caía. Meus cabelos colados na testa e as gotas escorrendo pelo meu rosto. Minha camisa social colada ao corpo, meu corpo tremia excessivamente, meus dentes batiam, o frio era quase insuportável. Tanto que meus movimentos eram lentos e estava tendo dificuldade para respirar.
Ao chegar em casa, percebi que as luzes da sala e cozinha estavam apagadas. Subi as escadas, e caminhei pelo corredor, devagar sentindo uma confusão mental se instalar em mim, até que choquei com um corpo pequeno e quente.
- aí, cuidado - ouvi um resmungo de Any.
Antes que pudesse falar algo, ela me encarou como se me analisasse.
- eu só preciso... - tentei terminar a frase, mas estava tudo confuso na minha cabeça. Então desisti de falar e tentei passar por ela.
- Urrea, você está extremamente pálido e gelado... - disse tocando minha testa - caramba, você tá tendo uma hipotermia - disse e agarrou minha mão.
- Gabrielly, me deixa porra - falei grosseiro.
- dá pra parar de ser babaca, por alguns minutos? Só quero ajudar - perguntou tão ríspida quanto eu fui com ela.
- eu não preciso de ajuda! - revidei, na defensiva.
Ela murmurou um cala boca e me puxou pelo corredor, me forçando a andar mais rápido, levando até meu quarto.
- é... Vou te ajudar a tirar a roupa - disse relutante e apenas assenti lentamente.
Ela desabotoou minha camisa lançando a peça longe, em seguida desabotoou a calça e tirou os sapatos. Foi até meu guarda roupa pegando uma calça de moletom.
- tira o resto da roupa e coloca essa. Acha que consegue? - indagou, e assenti, ela virou de costas. E rapidamente fiz o que ela pediu e avisei.
- vou fazer um compressa de água quente - disse, pegando dois cobertores e colocando sobre mim e saiu do quarto.
Eu ainda tremia, tentando me aquecer, mas aqueles cobertores ainda não parecia o suficiente.
Alguns minutos depois Any voltou, com uma bolsa térmica e uma xícara.
Sem falar nada, colocou a bolsa térmica em meus pés. E voltou a atenção pra mim.
- toma esse chá, vai ajudar a não perder tanto calor do corpo - explicou.
- esse chá ta envenenado? - cerrei os olhos, me sentando e deixando o tronco destampado.
- com toda certeza, é de sabor xixi, inclusive - ironizou, revirando os olhos.
Peguei o chá de suas mãos e tomei um gole... Enquanto Any abraçava o próprio corpo.
- porque tá me ajudando? Você me odeia... - falei, sem entender.
- sim, você é insuportável, mas, se alguém for pra te matar que seja eu - deu de ombros, com um sorriso leve nos lábios.
Terminei o chá, e ambos ficamos em silêncio, nos encarando.
- se sente melhor? - indagou.
- ainda com muito frio - menti, aproveitando o fato do meu quarto ser o mais frio e minha pele ainda estar gelada.
Ela se aproximou, colocando as mãos pequenas e quentes sobre meu rosto, me permitindo sentir o quão macio e delicado era seu toque e seus olhos atentos a mim.
- realmente, sua pele tá um gelo - disse, um pouco espantada - mas, eu não tenho muito o que fazer. Você precisa continuar coberto e ingerir bebidas quentes. Se não passar, tem que ir no hospital - disse, fazendo menção de se afastar.
Antes que tomasse distância, segurei seus punhos a puxando para mim. Eu não estava acostumado com aquilo, mas não queria que ela se afastasse, muito menos que seus cuidados direcionados a mim fossem interrompidos.
- Noah... O que você tá fazendo? - indagou confusa pelo susto, caindo encima de mim.
- o calor humano...- disse, com o nariz roçando no seu pela proximidade dos nossos rostos.
- eu não acho que... - ela começou a falar.
- shiu - coloquei meu dedo sobre seus lábios - só um pouco, por favor - pedi, segurando seu rosto.
- só um pouquinho - repetiu relutante, como se desse um avisou e assenti concordando.
Soltou o ar pela boca, se deitando ao meu lado, ainda distante, passei o braço pelo seu corpo, deixando-a colada em mim.
- não acha que assim é demais? - indagou baixo.
- não, acho que agora está bom - respondi e coloquei a mão dentro da camisa que a engolia, deslizando a ponta dos dedos de sua cintura até o fim das costas.
Aproveitando todo o momento que estava ali sentindo seu corpo no meu, compartilhando calor, fechei os olhos, me lembrando de todas as vezes que fiquei doente quando pequeno e meu pai não deixava minha mãe me dar remédios e cuidar de mim. Dizendo que eu precisava ser resistente, ser homem.
Abri os olhos e me virei com cuidado, ficando de frente pra ela, que já respirava calmamente, dormindo. Observei seus cabelos cacheados esparramados no colchão, sua expressão parecia mais relaxada, estava num sono profundo.
Estranhamente ter ela ali, era bom. Toquei seu rosto, contornando seus traços, as maçãs de seu rosto a seu nariz e lábios. Me movi novamente e enterrei meu rosto em seu pescoço, inalando seu cheiro delicioso de baunilha, que tomava meu olfato.
Então meus músculos relaxaram e me permiti adormecer.

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𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚
Фанфик꧁𝐀𝐧𝐲 𝐆 & 𝐍𝐨𝐚𝐡 𝐔꧂ Any Gabrielly exercia grande poder sobre mim, como serotonina em meu organismo. Ela era minha pequena porção de felicidade e euforia. Aqueles olhos, aqueles malditos olhos castanhos penetraram minha alma, dominou minha ment...