Any Gabrielly
NY, Manhattan 14:20 pm
Eu olhava pra Sabina sedenta de informação, precisava de mais, só que já tinha pedido muito e já tinha conseguido mais do que imaginava. Não era minha intenção descobrir tudo aquilo, não sabia que ela tinha um restaurante. Nunca algo não planejado havia dado tão certo.
Olhei nos olhos da mexicana e vi a dor, vi a saudade, vi a impotência.
- obrigada, Hidalgo. De verdade - agradeci com o coração transbordando.
- não precisa agradecer, mas, tenha cuidado viu - alertou e assenti.
- agora, uma última pergunta - fiz uma pausa se levantando da cadeira - quem era o homem com quem falava naquela sala no dia da festa? - disparei, a encarando fixamente.
- não era eu dentro daquela sala - rebateu na mesma velocidade.
- como é? - ri incrédula.
Passei a mão pelos meus cabelos e cocei levemente o coro cabeludo, em sinal de impaciência.
Logo um silêncio cortante nos envolveu, Sabina evitava me olhar nos olhos agora, suas mãos pareciam suar, já que esfregava as palmas em seu jeans.
Ela estava mentindo óbvio e ocultando informações.
- não tente me fazer de idiota! Eu te segui e você sabe disso, não é burra. Ouvi você conversando com um homem, ele estava visivelmente chateado e ele falou alguma coisa relacionado a namorado... - comecei a falar, a fim de encurralar ela.
- chega! - elevou o tom de voz, me pegando de surpresa - desculpa, acho melhor ir embora - pediu logo em seguida, mas, me mantive parada na mesma posição.
- porque não pode falar quem é? O que esse cara tem haver com a morte do Bailey? E sabendo que ele tem um ligação direta com o que aconteceu, porque continua tendo contado com ele? - disparei em perguntas, já nervosa.
- eu não tenho nada a dizer sobre aquela noite, vá embora - disse fazendo menção de me levar até a porta.
Nos encaramos por alguns, sem desviar o olhar. Enquanto a olhava, pensava em um outro alguém que pudesse me ceder mais informações, mesmo que de outra perspectiva.
- e a Hina? - perguntei, parecendo tirar ela de seus pensamentos - ela sabe algo sobre a morte do Bailey né? - perguntei novamente, enquanto ia em direção a saída e ela assentiu devagar.
- a Yoshihara, talvez seja a que mais saiba sobre - respondeu secamente, parecia ressentida.
Senti uma pontada dentro do peito e engoli seco.
- acha que ela de alguma forma... Não, ela não faria nada do tipo - comecei a divagar em voz alta e fui cortada por Sabina.
- você é é inteligente, mas, ainda assim não é tão maliciosa quanto o necessário - ela pôs a mão não meu ombro, pendendo a cabeça pro lado - entenda, no mundo em que vivemos, não se confia em ninguém, nem em que dorme do seu lado - disse por fim.
Senti se uma faca estivesse acabado de atravessar meu peito, só saber que Hina sabia de algo, ou talvez de muitas coisas e não havia feito o mínimo esforço pra ajudar em minha busca, fazia com que eu me sentisse traída.
Tudo era confuso e mesmo não tendo certeza de nada, a dor era avassaladora.
Assenti sem dizer mais nenhuma palavra e sai dali desnorteada. Voltei até a oficina, peguei meu carro e fui embora.
Cheguei em casa por volta de umas 14:45.
Abri a porta da casa e entrei, indo direto pro quarto.- Any? - ouvi a voz de Noah me chamar e estranhei ele está em casa cedo. Mas, ainda assim não respondi.
- Any? - ele me chamou novamente e apareceu na minha frente com uma toalha de prato no ombro.
- você tá bem? Tá pálida! - disse segurando meu rosto.
- tô bem, eu não sei. Só... Me sinto esquisita - respondi sem nem conseguir entender minhas emoções.
- aconteceu alguma coisa? - indagou, segurando meu rosto com leveza e neguei - Any Gabrielly, se alguém sequer triscou o dedo em você... Por Deus, eu vou até no inferno por você, fala pra mim - seus olhos escureceram e sua voz demonstrava preocupação profunda.
- não aconteceu nada... Eu só, eu só... - tentei formular uma frase descente, mas, a angústia crescia dentro de mim, e eu já não conseguia falar.
As lágrimas tomaram meus olhos e sem pensar duas vezes, me lancei contra seu corpo o abraçando. Ele retribuiu prontamente, afagando meus cabelos, me dando o pouco de aconchego, que eu necessitava. Abraçar Noah talvez não fosse a melhor opção, mas, também não via nenhuma outra.
- eu tô me sentindo tão sozinha - minha voz saiu num choramingo, trêmulo e vulnerável.
Ele ficou parado por alguns segundos e então me abraçou de volta.
- eu tô com você, Any - respondeu, passando a mão em meus cabelos e então balancei a cabeça em negação.
- não precisa mentir tanto - falei o olhando agora, dentro de seus olhos, enquanto os meus minava lágrimas que eu não conseguia segurar.
- não chora, por favor - sua mão trêmula entrou em contato com meu rosto e secando minhas lágrimas, que ainda escorriam, fazendo sua ajuda acabar sendo inútil.
Eu apenas chorava de cansaço, saudade, de dor, de arrependimento.
Noah me impulsionou pra cima, me pegando no colo, passei minhas pernas envolta de sua cintura e ele sussurrou em meu ouvido.
- eu vou cuidar de você.
Abri a boca tentando falar mas, não havia uma sequer palavra para aquele momento.
Noah me levou ao banheiro, me deu banho, sem se aproveitar do meu corpo, lavou e penteou os meus cabelos, me pôs roupas limpas e cuidou de mim como se cuida de um recém nascido, com todo a devoção.
Agora eu estava sentada na cama com as famosas pernas de índio, enquanto Noah tornava o quarto o mais aconchegante possível.- quer me falar o porquê tá agindo assim? Você tá me assustando - falei, me afastando um pouco dele, assim que se sentou ao meu lado.
- você que me abraçou primeiro - levantou os braços em rendição, dando um sorrisinho fraco.
- sim, mas, esperava que me afastasse, no mínimo - falei enquanto gesticulava.
- Any Gabrielly, eu sei o que é necessitar de carinho, apoio, proteção e não ter - sua voz saiu ressentida e apenas o encarei.
- sei que o motivo disso, dessa perturbação mental é a morte do Bailey. Não sei o que descobriu, mas, definitivamente, não é sua culpa - disse segurando meu rosto, em seguida fazendo um carinho com o polegar minha bochecha.
Noah se deitou e me puxou para seus braços, beijando minha testa, o encarei por alguns segundos, sentindo sua mão acariciar o contorno do meu rosto. Seus olhos desceram para meus lábios, que foram tomados de forma serena, num beijos lento, que me permitia o apreciar cada segundo.
Nota da autora: gente, me indiquem alguma história pra me tirar da ressaca literária. Por favorzinhooo!
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𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚
Fanfiction꧁𝐀𝐧𝐲 𝐆 & 𝐍𝐨𝐚𝐡 𝐔꧂ Any Gabrielly exercia grande poder sobre mim, como serotonina em meu organismo. Ela era minha pequena porção de felicidade e euforia. Aqueles olhos, aqueles malditos olhos castanhos penetraram minha alma, dominou minha ment...