Maratona 1/4
Any Gabrielly
NY, Manhattan 20:30 pm.
O percurso até o restaurante foi longo, como sempre o silêncio prevalecia, mas dessa vez era um silêncio confortável que nos envolvia.
Eu realmente achei que a ida ao restaurante fosse apenas um pretexto para sexo, mas ele realmente falava sério.
Noah parou o carro em frente á um restaurante luxuoso, desceu do carro e abriu a porta para mim, estendendo a mão para me ajudar a sair. Fiquei perplexa pelo gesto de cavalheirismo, normalmente ele é o cavalo.Em seguida, entregou a chave do carro ao manobrista, passou a mão pela minha cintura, me abraçando de lado e entramos.
Observei o lugar todo iluminado com lustres ladrilhados e enormes, tendo dois andares, uma orquestra tocava, deixando o ambiente ainda mais chique.Após Noah dar seu nome, um homem de baixa estatura usando um smoking nos guiou até uma mesa, que ficava na parte de cima, subimos as escadas, e logo nos acomodamos.
Ficamos em uma mesa que dava pra ver toda a cidade, era extremamente lindo e eu estava fascinada.- gostou? - indagou, parecendo apreensivo.
- tem como não gostar? - indaguei retórica, admirando a vista.
De relance vi seus lábios curvando levemente, num sorriso pequeno, sem mostrar os dentes.
Logo o garçom apareceu, nos serviu vinho e anotou nossos pedidos.
Observei em volta, tendo minha atenção tomada pelas lindas mulheres que chegavam e passavam por ali. Altas, com seu cabelos lisos e alinhados, imponentes e vestidos glamurosos, então, de repente me senti deslocada e inferior.
- espero que não esteja se comparando com elas - comentou Noah, tomando minha atenção para si e apenas me mantive calada.
Eu sabia que Noah frequentava lugares como esse e a até mais luxuosos, mas, quando era para tratar de assuntos voltados á máfia, e as raras vezes que tinha um jantar importante, não entendia porque iria querer me trazer a um lugar assim.
Na verdade não entendia porque estava sendo tão cortês.- para, agora! - advertiu em tom baixo, mas firme, como se lesse meus pensamentos.
- eu não estou fazendo nada - menti, desviando o olhar.
É óbvio que eu me sentia inferior aquelas mulheres lindíssimas e cheias de classe, que riam discretamente, com suas vozes angelicais, esbanjando beleza e confiança.- você está... - deu uma pausa - magnífica. Quero dizer, não só hoje, ou quando está arrumada. É linda até quando está gritando com uma chave de roda na mão - disse, tocando meu rosto com delicadeza.
Suas palavras me fizeram ruborizar, e senti seu polegar acariciar minha bochecha levemente.
- obrigada - agradeci desconcertada, me afastando de seu toque.
Ele se moveu como se tivesse incomodado pelo meu distanciamento, mas, em seguida a expressão facial se suavizou.
- me diga, como foi seu dia? - perguntou curioso. Já que passou maior parte do dia resolvendo algumas coisas fora do galpão.
- ah... Foi trabalhoso, cansativo. Nada diferente - respondi, dando de ombros.
- aposto que foi triste, já que eu não estava lá para te prestigiar com minha presença - disse convencido, num tom descontraído e leve.
- quase não percebi que você não estava lá - respondi, também em tom de descontração.
Não sei como, mas engatamos numa conversa amistosa, longe de qualquer coisa que nos tornava inimigos.
Longe da máfia, das brigas, das suspeitas...
Estávamos parecendo apenas duas pessoas com vidas normais, tendo uma noite agradável, o que era muito estranho, mas, incrivelmente bom.- adoro livros de romance, daqueles clichês que fazem as borboletas dançarem no estômago - informei, me sentindo a vontade.
- eu não esperava isso, você é durona demais para uma pessoa que se derrete por personagens fictícios - disse ele, parecendo surpreso e dei de ombros.
Noah também falava sobre ele, mas me deixava tão a vontade que estava dando espaço a mulher tagarela e espalhafatosa que eu realmente era.
E bom, eu tinha tido apenas um namorado, nosso relacionamento se resumia à : beijos, carícia, sexo oral e ele forçando a barra para que houvesse penetração.
Eu não lembrava de uma única vez que alguém realmente quis conversar comigo, que havia me dado atenção, que se interessava por algo que eu falava.
Normalmente eu passava despercebida...
Mas, Noah parecia interessado, ouvindo com atenção, sem ao menos desviar o foco, ou fazer eu me sentir tola. Não parecia confortável ali, comigo.Agora eu contava uma das minha várias piadas sem graça e ele riu.
Ele realmente sorriu, sorriu de verdade, sorriu pra mim.
Seus lábios se abriram num sorriso glorioso e singelo, mostrando os dentes alinhados e brancos. E novamente, aquele raro brilho nos olhos, apareceu.
Agora eu também sorria da minha propria piada, as pessoas esnobes e sérias demais a nossa volta, nos olhavam entortando o nariz, talvez porque era falta de compostura rir alto num ambiente tão calmo e exuberante, mas, nao estávamos ligando, era como se estivéssemos num mundo a parte.Senti meu coração palpitar, algo derreteu dentro de mim... Quando percebi para onde minha mente estava se direcionando, balancei a cabeça discretamente, tentando afastar aquela sensação.
Mas, eu não podia negar algo: aquela era um traço da personalidade do Urrea, ele parecia livre, sem toda aquela carranca e mau humor de sempre. Nem parecia o mesmo homem que sempre ouvi falar.
O que me levou a pensar: o que fez ele se tornar esse homem frio e sádico que era na maior parte do tempo?
- obrigada pelo jantar... Foi ótimo - agradeci.meio sem jeito, assim que ele desligou o carro.
- Any Gabrielly está me agradecendo? Está finalmente baixando a guarda? - indagou, me alfinetando com um ar de riso contido.
- não se ache, não vai acontecer com frequência - soltei uma piscadela, saindo do automóvel.
Depois de retirar toda a maquiagem, estando deviadamente limpa e confortável, caminhei em passos silenciosos até a cama, me deitei com cautela no espaço vago, longe de Noah, fui surpreendida quando seu braço me alcançou, me puxando para perto dele, me abraçando de uma maneira tanto desengonçada.
- não quero você longe de mim... Em nenhum sentido - sussurou sonolento, me encarando nos olhos e deixou um beijo lento em meus lábios.
Senti minhas bochechas corarem pela segunda vez no dia, fitei seu rosto que era iluminado, assim como o quarto com apenas a luz fraca do abajur, e o vi envolto num sono profundo, como se não dormisse a vários dias, e ele me segurava com delicadeza, contra seu peitoral, afagando meus cabelos.
Não. Não. Não!
Lembre-se: apego emocional não é permitido. Não queremos ir por esse caminho, Any Gabrielly!Digo a mim mesma, tentando me afastar do calor natural do corpo de Noah, mas sem muito sucesso, apenas adormeço pensando como seria se isso se repetisse mais vezes...
Nota da autora: A maratona veio!!!

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𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚
Fanfiction꧁𝐀𝐧𝐲 𝐆 & 𝐍𝐨𝐚𝐡 𝐔꧂ Any Gabrielly exercia grande poder sobre mim, como serotonina em meu organismo. Ela era minha pequena porção de felicidade e euforia. Aqueles olhos, aqueles malditos olhos castanhos penetraram minha alma, dominou minha ment...