Any Gabrielly
NY, Queens 23:05 AM
Minhas mãos inquietas, batem em minhas coxas, agora precisava sair dali, mas o medo de ser pega me consumia lentamente. Tomei coragem e saí. Olho para trás, me certifico se não fui vista, e dando mais alguns passos havia uma curva a esquerda. E de relance vejo a sombra de um homem passando, assim que virei percebi que não era um outro corredor, mas o final do mesmo, que tinha uma porta, que sinalizava o fim dele.
- por aqui! - exclamou a voz do homem que agora estava mais alterada que antes.
Abri sem nem pensar que poderia ter alguém ali, mas para minha sorte era apenas uma sala com produtos de salinha de limpeza. Entrei ali, e me coloquei no espaço entre uma prateleira e a parede.
Ouvindo os passos chegarem em direção a porta, um bolo tomou todo espaço da minha garganta.
Por alguns segundos, que em minha opinião pareciam uma eternidade tudo, o silêncio era absoluto, até que ouvi vozes se tornarem altas, gradativamente, a porta continuava fechada, as vozes emboladas, agora parecia ter mais alguém.
A porta se abriu e segurei a respiração, fechando os olhos, esperando o pior.Reconheci a voz de Sabina, que tentava apaziguar o homem, que tinha um sotaque forte e falava em espanhol, e a terceira voz era a do homem que conversava com Sabina na sala.
A voz mais grave e áspera do homem recém chegado, proferia o que me parecia ameaças, ele falava entre os dentes, totalmente, enraivecido. Provavelmente, o chefe de ambos.
Até que a porta se abriu e meu sangue parecia ter congelado nas veias.- não tem ninguém aqui, deve ter sido alguém bêbado procurando o banheiro - ela explicou.
Cochichos, e apenas os som seco das palavras saindo pelos lábios eram ouvidos.
O ranger da porta, me fez enteder que estava sendo fechado, em seguida ouvi passos se distanciando dali, então, pude soltar todo o ar que segurava, voltando a respirar normalmente.
Esperei um momento para que pudesse sair, enquanto isso, pensava numa desculpa para Noah, para nao sucitar sua desconfiança imensurável.Quando tive certeza que, o perigo de ser pega havia diminuindo, saí do espaço que tinha me enfiado, com passos lentos e calmos, caminhei até a porta, saindo de lá, quase correndo, voltei ao cômodo principal, onde a festa acontecia.
- onde estava esse tempo todo? - indagou o Urrea, assim que parei ao seu lado.
- eu disse que iria no banheiro - respondi óbvia.
Estava estampado em sua cara, que ele não acreditava, respirava pesadamente, com as pupilas dilatadas me encarando. Deu o último gole na bebida e se aproximou mais um pouco, me fazendo recuar dois passos.
- estava com quem? - indagou novamente, agarrando meu braço, me trazendo para perto e sua boca agora roçava na minha.
Antes que eu pudesse pensar em respondeu, disparou novamente:
- estava com o Aron? Porque ele também sumiu, antes de você ir no "banheiro" - apertou o meu braço fazendo uma pressão mediana.
Ele falava com a voz entre dentes, claramente alterado, porém ele sabia se controlar - bom, eu gostava de pensar assim - não queria despertar a desconfiança além do limite, o cheiro do álcool e nicotina que saía de sua boca, me envolvia, enquanto tentava pensar rápido.
- eu não estava com ninguém, me solta porque tá me machucando - assegurei, tentando retirar meu braço de sua mão.
- demorei porque precisei ajudar uma garota que estava passando muito mal. Vomitando horrores - dei a minha desculpa menos elaborada.
Ele continuava olhando dentro dos meus olhos, como se procurasse algum resquício, algo que me faria vacilar. Mas, eu era boa com mentiras, falava com tanta certeza que soava como um fato, por hora iria conseguir o tapear. Mantive minha postura relaxada e confiante, sem desviar os olhos dos seu ou engolir seco. Então, senti sua mão aliviar o toque e me soltar, sem diminuir a distância.
Não era hora de deixar Noah desconfiado, ainda mais depois de ter a informação que havia alugado um triplex em minha cabeça, Aron havia sumido da festa, talvez fosse ele falando com Sabina... Se não fosse, seria muita coincidência, e se tem uma coisa que eu não acredito é em coincidência.
Saí do quebra-cabeças que estava tentando montar, com as recentes informações, que Noah havia me dado.
- você não seria capaz de me trair, ainda mais com um merda igual ao Aron, não é? - perguntou, mas sua pergunta soou bem retrógrada, mas mesmo assim neguei com a cabeça.
Suas palavras escorriam possessividade e seus olhos brilhavam com as pupilas dilatadas, o verde de sua íris parecia mais escuro, suas mãos trêmulas tocavam agora o meu rosto, com o polegar fazia movimentos circulares em minha bochecha.
- ele não chega aos seus pés - assegurei, levando a mão em seu rosto. Enquanto falava em tom aveludado, afim de passar o máximo de confiança possível.
Ele sorriu altivo e imponente. Me puxou pela cintura e sussurrou contra meu ouvido.
- eu sei, querida - disse colocando uma mecha de cabelo que caia sobre meu rosto pra trás e descendo a outra mão pelo meu quadril - mas, não me faça desconfiar... Não sabe do que sou capaz - sua voz rouca encheu os meus ouvidos como se não houvesse mas ruídos em volta, beijou meu pescoço, me apertando de forma deliciosa contra si.
(...)
Olhando para o teto branco, reparo em algumas imperfeições, o quarto e iluminado apenas pelos fechos de luz da lua. Meus olhos ardem cansados, com a falta de sono e minhas perguntas clamam por respostas, respostas nas quais não estou com paciência de esperar para obter.
Os braços de Noah me envolvem, ele dorme como pedra, me abraçando como se eu fosse fugir, tento me desvencilhar de seu toque, já agoniada por estar deitada sem conseguir dormir. Ele se move sonolento afrouxando os braços e consigo me levantar, rápido.
Olho pra ele novamente e parece continuar dormindo como antes, caminho em passos silenciosos e cautelosos até sair do quarto, caminhei pelo corredor e fui até a biblioteca, esperando achar algo interessante.
- vejamos... Friedrich Nietzsche, Karl Marx - lia os nomes dos autores enquanto passava a mão pela capa dos livros.
Dedilhei a enorme estante inteira, mas, ainda tinha outras duas, indo de uma prateleira pra outra, até que na última prateleira, achei um livro meio empoeirado, atrás de todos os outros e o puxei, retirei a poeira com a palma da mão revelando o título.
- orgulho e preconceito? - resmunguei, sorrindo levemente - essa é nova pra mim - observei o livro de capa dura que nunca imaginei que Noah teria em casa.
Fui até a poltrona e me sentei pronta para reler a história do meu livro favorito, pensando que me ajudaria com a falta de sono.
- ai Elisabeth, eu te amo! - sorri batendo as pernas no ar enquanto lia as mesmas páginas que já li umas 10 vezes, sendo modesta.
Num descuido, caiu uma folha de entro do livro, abaixei meu tronco sem levantar da poltrona, percebi que na verdade era uma foto, que tinha uma dedicatória escrita no verso.
"Para a minha doce e favorita irmãzinha. Espero que tenha gostado do dia de hoje"
Com carinho, Noah.
Irmã? Aquilo já havia me pego de surpresa num nível extremo. Arqueei a sobrancelha já sem saber o que esperar e virei a foto para ver a frente.
Sabina, Hina, Noah, Josh.
- mas, que porra é essa?! - falei em choque - não pode ser... - minha voz saiu mais alta que o planejado. Minha boca estava literalmente aberta diante, enquanto olhava a foto.

VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚
Fiksi Penggemar꧁𝐀𝐧𝐲 𝐆 & 𝐍𝐨𝐚𝐡 𝐔꧂ Any Gabrielly exercia grande poder sobre mim, como serotonina em meu organismo. Ela era minha pequena porção de felicidade e euforia. Aqueles olhos, aqueles malditos olhos castanhos penetraram minha alma, dominou minha ment...