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Any Gabrielly

NY, Manhattan  21:20 pm.

Após um banho para esfriar a temperatura de meu corpo, pus uma roupa confortável e prendi o cabelo num rabo de cavalo. Saí do quarto pronta para dar meu próximo passo, em relação ao Noah. Meu plano para essa noite seria cozinhar, mesmo correndo o risco de mata-lo antes da hora, eu tentaria e eu já sabia o que faria, observando os hábitos alimentares do homem que vivia comigo, notei que: comida caseira e tradição, eram coisas que ele prezava, então, iria pelo básico, spaghetti com molho de tomate e polpetones.

Fui para a cozinha e reparei no total silêncio, talvez Noah ainda estivesse em seu quarto ou no escritório onde passa a maior parte do tempo quando estava em casa.

- ok, Gabrielly. Você consegue, porra! - murmurei, como se me preparasse para uma competição.

Vendo o passo a passo coloquei a massa de Spaghetti para cozinhar inteira, em seguida, peguei a cadeira e subi na mesma para pegar alguns temperos no armário, e fui colocando na parte de baixo do armário, me estiquei para pegar um último pote de condimento que faltava, e desci novamente.

- está tentando acabar com minha cozinha novamente, Soares? - indagou ele zombeteiro, me fazendo dar um pequeno pulo por conta do susto.

- caralho, já mandei parar de aparecer do nada - reclamei, cerrando os olhos.

- que boca suja - me repreendeu cínico.

Revirei os olhos e voltei a atenção para o que precisava fazer. O silêncio perdurou por apenas alguns segundos, enquanto ele olhava em volta.

- quer ajuda? - perguntou, parando ao meu lado.

- não precisa - respondi sem o olhar, apesar da minha falta de intimidade com a cozinha, estava indo tudo bem, na medida do possível.

Então, ele sentou numa das banquetas da ilha, enquanto observava  cada movimento que eu fazia, seu olhar analítico sobre mim, como se me estudasse me deixava levemente desconfortável, não dava para decifrar o que seu olhar significava, mas me deixava em alerta, o Urrea era imprevisível e eu não confiava nele, nem um pouco.

Depois de me esforçar ao máximo, consegui terminar, orgulhosa e satisfeita com o que tinha preparado, a comida tinha uma cara ótima e o cheiro também era muito agradável.

- eu nem acredito que fiz tudo sozinha! - falei animada ao finalizar nossos pratos.

- e não arrancou nenhum dedo... Não é pra qualquer um - zombou e fiz uma careta.

Resolvemos comer na sala desta vez, o intuito do jantar era criar laços, queria que nossa relação fosse para além do trabalho, ou dos momentos de provocação e tensão sexual.
Ele abriu a garrafa de vinho e eu esperava ansiosamente para vê-lo provar o que eu tinha feito. Ele me olhou e depois para o prato, levou a primeira garfada à boca e mastigou devagar, as pupilas dilataram de forma instantânea, e ele se manteve calado por alguns segundos.

- tá tudo bem? O que foi? Não gostou? - fiz perguntas consecutivas, sem entender sua reação.

- não sei como, mas, você fez minha comida favorita e lembra muito o tempero da minha mãe - comentou, sua voz tinha um tom nostálgico e juro que vi um pequeno e singelo sorriso se formar.

- ela sempre o fazia, é uma lembrança positiva da minha infância/adolescência - informou, aguçando minha curiosidade.

- nunca me falou sobre sua família - comentei, como quem não quisesse nada, levando a taça de vinho até a boca.

- não tenho nada o que falar, não há nada que você precise saber - disse, na defensiva.

Talvez ele tivesse mais traumas e problemas familiares do que eu imaginava.

- desculpa, não quero te deixar desconfortável, era só uma curiosidade - me retratei, rapidamente.

Novamente silêncio total, me deixando agoniada, era muito desconfortável.

- não se ache muito, mas... Está delicioso - elogiou, mudando o foco de si mesmo.

- não sabia que era capaz de ser gentil - brinquei tentando deixar o clima cada vez mais amigável.

- que engraçada - disse irônico e voltou a comer.

Após o jantar tomamos mais algumas taças de vinho, arrumamos a cozinha e logo nos retiramos para nossos quartos.

Porém eu não conseguia dormir, rolei pela cama algumas vezes e chateada por nao conseguir nem cochilar, me levantei, resolvendo que iria andar pela casa.
Caminhei pelo corredor, na intenção de descer as escadas e ir a sala, quando me bateu a curiosidade de ir para o outro lado, o corredor do lado esquerdo era sempre mantido com a luz apagada, para o lado de lá ficava o escritório de Noah, biblioteca, quartos de visita e etc.

Resolvi ir à biblioteca, liguei as luzes, e se revelou o cômodo, era espaçoso como todos os cômodos da casa, com uma enorme janela doutro lado da sala dava a vista para um jardim. Voltei a atenção para as estantes, procurando uma leitura interessante, meus olhos vasculharam todas as prateleiras, até que achei um livro que falava sobre psiquiatria forence, ele estava no canto no fim da estante, meio empoeirado, o peguei, limpando a poeira, e abri numa página aleatória.

Havia uma foto marcando a página, era de uma mulher muito bonita e sorridente, na frente da Torre Eiffel, segurando uma rosa numa das mãos e ajoelhado,  estava Noah beijando as costas de sua mão. Parecia felicidade genuína.

- então o Urrea já se apaixonou... Interessante - murmurei, virando a foto e estava a data: 09/01/2011. Calculando a idade do Urrea e o ano, cheguei conclusão que tinha 21 anos naquela ocasião.

Ao ver a página na qual a foto marcava, percebi que falava sobre crime passional, com alguns trechos de um relato específico marcados a lápis, dizendo como homem havia matado aquela que dizia ser o amor de sua vida.

Coincidência? Ou não?

Logo lembrei da lista de mulheres que haviam se envolvido com Noah, que Hina tinha me dado, lembrando vagamente das características da primeira mulher, vi que coincidia com a da foto no livro, fiquei alguns segundos olhando a foto e folheei o livro, achando um pedaço de jornal bem velho, a parte destacada a folha, era de 2012, informando sobre a morte misteriosa e cruel de uma jovem mulher, mas não havia nenhuma foto, informação que só aguçou mais minha curiosidade.

Temendo ser pega, guardei e saí da biblioteca deixando tudo da maneira que estava antes, voltei a meu quarto e deitei, pensando no que tinha achado.

Porque ele a mataria?  Ou melhor, qual seria o motivo dos outros feminicídios ligados à relacionamento amoroso dessas mulheres com o Urrea?

Muitas possibilidades faziam minha mente borbulhar, eu precisava de respostas.

Nota da autora: olá pessoas, passando para avisar que, os capítulos serão postados uma ou duas vezes por semana💞

𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora