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Any Gabrielly

NY, Bronx 09:30 am.

Achei que sair do Brasil e morar com meus pais seria a melhor decisão da minha vida.

Quando cheguei aqui, tinha apenas 16 anos. Atualmente, com 21, já vi muitas coisas acontecerem, descobri que meu pai era um mafioso, vi meu irmão morrer, minha melhor amiga é uma assassina de aluguel, me tornei chefe da máfia, casei com um Dom da máfia inimiga... E nem precisava pensar muito para chegar a conclusão que, não era essa vida que desejava, mas, estava condicionada à viver.

Andei em direção à uma biblioteca do Bronx, já que hoje eu não era tão necessária no galpão, resolvi ir fazer algumas pesquisas. E nada melhor que ir à um lugar em que não irei esbarrar com alguém indesejado.
Entrei na biblioteca, de tamanho médio, tudo parecia empoeirado, as janelas fechadas, dando pouca passagem para luz solar, o que impossibilitava melhor iluminação, além de tudo, estava praticamente vazia.

- olá, bom dia. Posso ajudá-la? - a bibliotecária, de meia idade se ofereceu sorrindo, dando destaque as rugas em seu rosto.

- bom dia - a cumprimentei - acredito que sim - quero saber um pouco mais sobre essa notícia - estendi o papel de jornal rasgado que tinha pego na noite anterior.

- isso aconteceu há 11 anos atrás... Já  tentou pesquisar na internet? - indagou, me olhando.

- lá não há nada que todos já não saibam, sou estudante de psiquiatria forense, estou fazendo um trabalho - menti, para justificar meu desejo nas informações que precisava.

- ah sim, compreendo, acho que tenho algo que pode lhe ajudar, mas antes pode me mostrar sua declaração? - pediu.

- claro - retirei da bolsa a falsificação, a mulher mais velha, analisou o papel e me entregou novamente, assentindo positivamente.

- isso é tudo que temos- disse, me levando ao fundo da biblioteca, à uma estante grande, com etiqueta: material de pesquisa.

Aquilo fez meus olhos brilharem, desde meus 19 anos era fascinada pelo cérebro humano, mais ainda por entender mentes criminosas, seus gatilhos e comportamentos. O que me levou a querer investigar a vida de Noah e mais ainda o envolvimento dele na morte de Bailey, não queria apenas me vingar, queria a história por trás.

- muito obrigada - sorri, gentilmente.

- de nada, pode olhar o que quiser, fazer anotações, só não pode tirar fotos - disse se retirando e assenti.

A estante era organizada por ordem alfabética.
Procurei pela etiqueta de crime passional e pronto, achei uma pasta com o nome de Noah, era bizarro o fato dele ser descrito como um criminoso totalmente perigoso e ninguém havia o descoberto.

Duas alternativas plausíveis:

• As autoridades encobriam seus crimes, afim de obter algum de seus serviços;
Ou
• Ele era muito bom no que fazia;

Sua pasta não tinha muitas informações, mas, estava lá o jornal inteiro, falando sobre a morte de sua ex namorada, a forma que o crime era descrito, com alguns detalhes descrevendo como a garota havia sido morta, da mesma forma, descrita no livro que achei em sua casa, só que um pouco pior. Olhando novamente  lista de nomes que Hina tinha me dado, constatei era a primeira mulher da lista, Selena Gonzáles, havia sido o primeiro e mais cruel homicídio que o Urrea tinha cometido.

Causa da morte: não identificado.

Local do corrido: Itália, Costa Almafitana.

Folheei a procura de mais informações e a única coisa que havia achado em questão de distúrbios seria apenas o diagnóstico de transtorno obsessivo compulsivo.

Na página seguinte, achei a mesma lista que Hina havia me disponibilizado, provavelmente foi tirada daqui, quando a japonesa me entregou a listagem, achei que encontraria o nome de Bailey como uma das vítimas, mas nada, em nenhuma das listas.

Saí da biblioteca me sentindo atônita, estava crente que acharia algo que me levaria mais perto do "x" da questão que havia levado a morte de Bailey.
Mas, não iria descansar até achar as respostas que eu queria.

Entrei em meu carro e fui à casa de meus pais, já que tinha um bom tempo que não aparecia por lá.
Ao chegar na casa, sou recebida por Alex na varanda.

- olha quem lembrou que tem família- brincou, me abraçando e erguendo em seguida.

- como está? - pergunto assim que ele me pôs no chão.

Enquanto íamos para a sala principal, Alex me contava o que andava fazendo de sua vida e as novidades amorosas, encontramos nossa mãe, folheando atentamente uma revista, enquanto tomava algo que imaginei ser chá.

- querida, que saudade! - se levantou vindo em minha direção.

- é muito bom te ver, mamãe - sorri com doçura, sendo envolvida num abraço aconchegante e acolhedor.

- espero que fique para o almoço - sugeriu, com uma ordem mascarada em sua fala e assenti confirmando sua expectativa.

Ela sorriu animada batendo palmas, pegou em minha mão em seguida, me chamando para sentar ao seu lado e Alex se retirou para seu quarto.

- conte querida, o que tem feito? - indagou interessada.

- investigado a vida do meu inimigo - respondi o óbvio.

- mas, se já sabe quem é seu alvo pra que procurar mais? - se moveu desconfortável, sorrindo levemente sem graça.

- eu quero saber fundamentos, envolvidos... - respondi.

- Any, você estava lá, viu quando assassinaram o Bailey, o que mais quer saber? O homem falou para você para quem estava trabalhando antes de morrer, não acha que já é o suficiente? - se exaltou, ficando claramente chateada.

- porque se incomoda tanto com a minha procura? Não está óbvio? Eu quero fazer justiça, com minhas próprias mais - rebati.

- acho que deve parar de procurar sobre isso, não tem nada que possa te acrescentar! - deu uma ornde indireta.

- e se tiver? - arquei a sobrancelha, falando calmamente em tom de desafio.

Fiquei em alerta com a mudança abrupta de comportamento e humor.

- sabe de alguma coisa que não devia, mãezinha? - arquei a sobrancelha, falando de forma sarcástica.

- obvio que não, Gabrielly. Está suspeitando de sua mãe? - cruzou os braços, irritadiça.

- claro que não, só curiosidade - respondi erguendo as mãos em sinal de rendição.

Silêncio e apenas a sua respiração descompensada, ela se acalmou na medida do possível e se aproximou.

- eu só não quero te perder também - sua fala se tornou melancólica e preocupada, tocando meu rosto.

- e não vai - assegurei afim de a tranquilizar, mas não tinha engolido sua desculpa.

Sempre me perguntava o porquê de meus pais não irem mais afundo na questão da morte de Bailey, às vezes parecia que não era uma prioridade para eles. Lembro da expressão de choque incrustado em seus rostos, quando decidi desenterrar a história.

Observando o comportamento de minha mãe, percebi que talvez a história seja mais perturbadora do que penso.

Nota da autora: não esqueçam de comentar e votar, espero que estejam gostando. E até o próximo capítulo💅🏾

𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora