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Any Gabrielly

NY, Manhattan 08:49 am.

Deixei Hina no galpão, lhe dei a desculpa que não ficaria, pois o café teria me feito mal, então, voltei para casa. Ou melhor o lugar que eu apenas me recolhia.

Assim que ela saiu do carro, arraquei, com a sensação esmagadora, de dor e desespero no peito, sentindo em um bolo se formar em minha garganta, tudo num momento só.
Ao chegar em casa, entrei no banheiro da suíte, quarto que dividia com o Urrea.
Dentro do box - lugar onde eu sempre tive costume de me esconder para chorar - retirei minha roupas e tomei um banho, ignorando meus sentimentos, tentando não desabar.

Eu acreditava fielmente que o tempo apagaria as marcas daquele dia. Mas, não havia acontecido. Agora eu sentia tudo de uma vez, vindo a tona.
Necessidade de perdão, raiva, vingança, impotência. Tudo misturado, borbulhando dentro de mim, tão perigoso quanto uma bomba atômica.

Olhei no meu reflexo vendo meus olhos inchados, que minavam lágrimas e eu ao menos sabia quando tinha começado, enquanto me vestia.

Me senti perturbada presa no meu próprio mundo, enquanto olhava alguns vidros de perfumes, desejando quebrá-los e rasgar lentamente partes do meu corpo.

Já vestida, me sentei no chão do banheiro, lembrando que na última gaveta do móvel acoplado na pia havia um esqueiro que eu havia guardado, abri tateando a gaveta até que finalmente o achei.
Manuseando o instrumento, vi a chama se acender, e encostei na sola macia de meus pés, sentindo primeiro arder, em seguida o fogo estava a derreter minha pele, travei o maxilar, as lágrimas de tornaram mais intensas, mas eu não parei.

Seria uma dor na qual eu entenderia porque estava sentindo, me flagelar era uma forma de lidar com aquilo, havia algo em meu peito, que doía tanto quanto pedra nos rins. Uma dor insuportável que eu já tinha provado há algum tempo atrás; o fato era que, eu não desejava aquele sentimento sufocante, perturbador e cheio de desespero a ninguém.

Com o rosto vermelho, olhos e nariz inchados, sorri amargamente com as lágrimas minando dos meus olhos numa frequência irritante.
Me sentia perdida e sozinha, tudo muito intimista, não era capaz de contar meus temores ou falar sobre o que me machucava.

- Any... - a voz de Noah atravessou meus ouvidos, ele gritou, num aviso que estava chegando. Pela intensidade do som, já estava no corredor.

Meus olhos arregalaram, minha aparência estava péssima, sem querer que me visse daquela forma, me levantei rápido, esquecendo dos meus pés recém queimados, que ardiam como o inferno, minhas pernas fraquejaram.

Agora ele estava à minha frente, ofegante como se corrcorreuma maratona, parado no batente da porta do banheiro, que eu havia esquecido aberta.

Me observando, com uma expressão difícil de decifrar.

Ela estava eu, me sentindo pequena, sensível e claramente instável e me levantando do chão.

- oi - respondi, evitando contato visual. E me colocando de pé a força.

Gemi sentindo a ardência e o desconforto inevitável pelas queimaduras, algumas outras lágrimas encheram meus olhos, por conta da dor.

Antes de me apoiar na pia do banheiro, senti seus braços envolveram minha cintura, sustentando meu corpo, junto ao seu.

- cuidado! - pediu levemente afobado, me colocando em pé.

𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora