Noah Urrea
NY, Manhattan 09:59 am.
- o que quer me propor? - indagou Any, com a curiosidade escorrendo pelos seus poros. Claramente impaciente.
- vou te ajudar a descobrir quem é o assassino de Bailey e você..- respondi, me sentando à beira da cama, mas, antes que terminasse, fui interrompido.
- calma aí - estendeu a mão, fazendo um gesto para eu parar, enquanto balançava a cabeça em negação - essa é sua proposta? Quer me ajudar? Você é a pessoa mais aproveitadora que eu conheço, tá querendo algo - riu cerrando os olhos em seguida.
- óbvio que quero algo em troca - respondi - mas, é irrelevante no momento - dei de ombros e ela pendeu a cabeça para o lado.
- eu definitivamente, não preciso de sua ajuda - rebateu, fazendo um gesto para que eu saísse.
- se não precisasse não queimaria a sola dos próprios pés. É assim que seu pai te punia por não ser como Bailey? Ou por ter atraído ele para própria morte? - indaguei atraindo sua atenção de foram instantânea, como um imã.
- onde aprendeu a despertar o pior das pessoas, usando os traumas e medos. Foi com o papai? Da mesma forma que ele fazia com você? - devolveu na mesma moeda, me fazendo perder as palavras.
Seus lábios se entortaram num sorriso maquiavélico e ela prosseguiu.
- foi um aluno tão dedicado que se tornou a cópia dele... Que incrível - me alfinetou novamente e senti uma centelha de ódio se acender dentro de mim.
Travei os maxilar cerrando os dentes, os arrastando, gerando um atrito irritante. E Any apenas arqueou uma das sobrancelhas, sendo presunçosa, do jeito que ela sabia ser quando queria.
Eu odiava ser comparado a meu pai, mas, ser taxado como cópia fiel do homem que eu repudiava era como atear fogo no meu corpo. Na verdade, se eu fosse queimado vivo seria menos doloroso.
Marcos Urrea era desprezível, sádico, manipulador. Se desejasse algo, teria. Mesmo que precisasse fazer coisas ediondas, de forma superficial e direta, ele era... Cruel, no mais básico.
Eu não era como ele. Não mesmo.
Aproximei meu rosto ao dela, e puxei o ar e inspirei pesadamente e segurei os rosto dela.
- não tente me desestabilizar, é uma tentativa inútil - grunhi, contra seu rosto, apertando as bochechas levemente rechunchudas dela.
- não gosta quando usam sua estratégia contra você? - sorriu cínica, enquanto ainda estávamos nos encarando.
- ainda estou esperando a resposta para minha proposta - voltei ao assunto inicial.
- não, não quero sua ajuda - respondeu, firme.
- tudo bem - dei de ombros, assentindo.
Apesar de sua resistência, sabia que ela iria voltar atrás. Mesmo que não quisesse precisaria de mim, Any ansiava por descobrir o assassino de seu irmão, mas, isso era só a ponta do iceberg...
Any Gabrielly
Noah me encarou por alguns segundos, e não eu conseguia nem imaginar o que passava por sua cabeça, sua expressão não denunciava nada.
Ele se levantou da cama, ligou o ar condicionado e saiu do quarto fechando a porta.Me mantive na mesma posição que antes, por alguns segundos. Ele havia aceitado minha resposta, sem ao menos reclamar ou me dar vários motivos de como eu deveria aceitar sua proposta.
Ele aceitou minha rejeição rápido demais... Como se não precisasse me fazer acreditar nele, porque quem precisa de respostas sou eu. O que me leva a crer que talvez ele saiba de coisas que não sei, ou talvez esteja apenas jogando comigo. Querendo me fazer vacilar, ou criar paranóias onde não existe.
Apesar de todos os questionamentos e possibilidades que meu cérebro criava, eu estava exausta e com os pés intocáveis, ardendo intensamente.
Minhas noites eram curtas, tinham um período de dois ou três horas dormidas, no máximo.
Mesmo cansada o sono parecia esvair do meu corpo.Me deitei na cama, e relembrei minhas últimas anotações do diário de investigação. E aos poucos fechei os olhos, ignorando a dor e tudo a minha volta.
(...)
Senti dedos me tocando levemente, enquanto esfregava devagar um creme pela pele machucada, agora em carne viva dos meus pés.
Meus olhos ainda estavam pesados demais, para que eu os abrisse completamente. Ainda sentia o toque leve das pontas dos dedos, abri meus olhos, numa pequena fresta, os sentindo menos pesados.
Noah Urrea, estava a minha frente, sentando na cama, sobre as pernas na famosa pose de índio. Com um dos meus pés no colo e o outro sobre sua coxa.
Ele estava cuidando de meus machucados... Cuidando de mim? Não era possível.
Abri mais os olhos, e sem me mexer esperei para ver a sua reação assim que visse que eu estava acordada.
E não demorou muito para que acontece, seus olhos encontraram os meus, e me encaravam atentamente, ele engoliu seco e resmunguei de dor quando apertou levemente meu pé.- eu só estou fazendo isso porque precisa ficar bem logo, para voltar a trabalhar - se apressou em dizer, pigarreando ao final.
- não é sua obrigação - respondi, e minha voz saiu um pouco mais baixa e grave que o normal.
- é, mas, sei perfeitamente o que é não ter ninguém e não receber cuidado algum - comentou e senti o peso do ressentimento em sua voz.
Nos encaramos por alguns segundos. E pensei que, sua fala anterior poderia ter haver com sua infância, que pelo seu comportamento, não parecia ter sido a melhor nem mais saudável.
É o que eu poderia dizer de infância saudável? Nada, levando em consideração o fato de que meu pai possuía métodos de punição totalmente fora da curva.
- mas, isso não significa que estou cuidando de você - disse tropeçando nas palavras, me retirando do transe que estava - só estou retribuindo o que já fez por mim - justificou.
Noah não era o tipo de pessoa que gostava de demonstrar nenhum tipo de emoção, muito menos altruísmo e fraqueza.
- eu não disse nada - argumentei, erguendo as mãos, como sinal de rendição.
O Urrea era um sujeito estranho, tinha alguma coisa misteriosa naqueles olhos, no comportamento,na forma que ele conseguia ser gentil e prestativo, da sua forma, claro.
Eu mantinha o mais distante possível, de forma emocional, porque meu plano inicial era usar de manipulação através de um relacionamento amoroso, mas, se ele quisesse aplicar este mesmo golpe em mim, eu precisava estar atenta.Agora que eu sabia que, Noah tinha noção da minha procura, precisava agir com cautela.
O mais perturbador era: o Urrea era meu alvo, mas ele não parecia se importar com a possibilidade de ser um suspeito, agindo como se não houvesse nenhum envolvimento com a noite fatídica, que mudou minha vida.O que me levava a pensar:
• Será que o Urrea não era o assassino ou melhor o mandante do assassinato?
• Ou ele estava apenas tentando me confundir e retirar de si qualquer suspeita que eu tivesse?
E a pergunta que não quer calar: Como ele soube que eu estava investigando sobre Bailey? E se sabe disso, quem me garante que ele não saiba de mais?
A cada momento que passava eu ficava mais intrigada... Não sabia o que esperar a seguir.
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𝑫𝒆𝒔𝒕𝒊𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂 𝒔𝒆𝒓 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 || 𝑵𝒐𝒂𝒏𝒚
Fanfiction꧁𝐀𝐧𝐲 𝐆 & 𝐍𝐨𝐚𝐡 𝐔꧂ Any Gabrielly exercia grande poder sobre mim, como serotonina em meu organismo. Ela era minha pequena porção de felicidade e euforia. Aqueles olhos, aqueles malditos olhos castanhos penetraram minha alma, dominou minha ment...