Enquanto estavamos todos na mesa tomando o café da manhã percebi o quanto eu sentia falta de Vic, de suas asneiras, de seu sorriso e principalmente de sua companhia.
— Estava pensando, a gente podia ir fazer compras hoje — Vic falou antes de por uma torrada na boca.
— Eu acho uma ótima ideia — Minha mãe falou — É um tempo para passarem juntas.
— Eu não sei...
Vic me olhou com os olhos grandes e brilhantes, que nem os de um filhotinho de cachorro.
— Tudo bem, nós vamos.
— Uhuuu!
(...)
Andamos pelas ruas de Gotham, pulando de loja em loja. E mesmo que já tivesemos passado por pelo menos umas cinco lojas, só tínhamos comprado dois pares de sapato.
— Vamos entrar nessa também.
Não tive nem tempo de responder, pois Vic já tinha me puxado para dentro da loja.
— Por que estamos fazendo isso mesmo?
— Por que sua festa é daqui a oito horas?
— Ok, isso faz um pouquinho de sentido.
Ela sorriu para mim de um jeito triunfante.
— Eu disse um pouco.
Entramos na loja, e quando olhei em volta dei de cara com vestido vermelho. Ele tinha uma saia que batia no calcanhar, as mangas eram de tule tule vermelho, com um decote discreto e uma fita brilhante marcando a cintura. Era simplesmente lindo.
— Um belo vestido — Disse Vic se aproximando.
— Também gostei — Falei tocando na saia do vestido.
— Deveria levar.
Encarei por um tempo o vestido no manequim.
— Talvez...
— Você vai levá-lo, pronto.
E então Vic chamou a atendente e compramos o vestido.
— Ele vai chegar na sua casa hoje mesmo, senhora — Agradecemos a mulher e fomos embora da loja.
— Vamos comprar alguns acessórios agora? — Falei quando estávamos do lado de fora.
— Se você quiser...
— Pois bem, eu quero.
Puxei o braço da Vic e voltamos a andar. Enquanto caminhávamos, senti Vic meio estranha do meu lado.
— O que foi?
— Eu não sei... É que — Ela hesitou um pouco antes de responder — Quando estava de carro voltando do aeroporto, eu vi tanta sujeira, tanta pobreza, tantas pessoas lutando para viver e agora...
Olhei para ela atentamente. Vic sempre se sentiu culpada por ter nascido com tanto enquanto outros têm tão pouco. Não é culpa dela, claro, família não se escolhe. Mas acho que se ela pudesse, teria escolhido pais mais tolerantes.
Ela olhou em volta antes de continuar a falar.
— É como se nada disso existisse aqui.
Estávamos na parte rica da cidade, e tudo parecia exatamente como ela tinha dito: quieto, limpo e bonito.
— Eu sei que essa é parte rica da cidade, mas essa discrepância só mostra o quanto essa cidade é socialmente desigual.
Ela tinha um olhar triste.
— Me perguntou o porquê do Batman ainda lutar por essa cidade.
— Acho que ele vê algo que nós não vemos.
— Ou talvez tenha apego por essa cidade.
— Ou talvez ele só seja louco.
Demos uma risadinha.
— Uma ótima hipótese — Disse Vic sorrindo um pouco mais.
Continuamos andando.
— Você ainda desenha? — Ela perguntou.
— De vez em quando.
— Isso me parece um não.
E estava certa.
— Como pode me conhecer tão bem?
— Sendo sua amiga a quase nove anos.
Rimos de novo.
(...)
Voltamos para casa mortas de cansaço, mal aguentando ficar de pé. Comemos, tomamos banho e fomos para o meu quarto.— Estou meio triste — Disse Vic se jogando na minha cama.
— Por quê? — Perguntei me sentando ao seu lado.
— Vou embora na segunda.
— Assim tão rápido?
— É...
Estava ficando desanimada, mas me lembrei do baile da escola no próximo fim de semana.
— Pode ir embora no próximo fim de semana — Ela me olhou um pouco confusa — Vai ter um baile na escola, posso levar um acompanhante de fora.
— Eu não sei...
— Por favor — Falei juntando as mãos.
— tudo bem, eu vou ver com os meus pais.
— Uhuuu!
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Butterflies | Damian Wayne
FanfictionAchei que as coisas ficariam bem em Gotham, mas eu não podia estar mais enganada. A cidade do crime seria algo novo para nós, e mesmo que não quisesse ir, apoiei a ideia dos meus pais em nos mudarmos para lá. Mas nada me preparava para o que estava...