Capítulo 31: Aviso

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Madeline

Estacionei meu carro na frente do mercadinho perto de casa. Meu estoque de besteiras estava acabando e eu precisava repor.

A mudança de temperatura me atingiu quando entrei na loja, arrepiando minha pele. Estava quentinho e com cheiro de pizza aqui dentro.

O cheiro da pizza quase me venceu, mas decidi deixar para uma próxima vez. Paguei minhas compras e saí dando um tchauzinho para o caixa.

O vento gelado balançou meus cabelos.

Talvez não tenha sido uma boa ideia usar saia.

Comecei a caminhar rápido na direção do meu carro para fugir do frio.

No entanto, senti uma mão envolver a curva do meu cotovelo, me puxando para um canto escuro ao lado do mercadinho. Pensei em gritar, mas antes que tivesse essa chance a outra mão cobriu minha boca.

O rapaz me prensou na parede. Mesmo na escuridão consegui perceber sua expressão preocupada. Ele olhava para os lados como se estivesse com medo de que nos vissem. Seus cachos ruivos caíram no rosto quando ele voltou a olhar para mim.

Estava ficando cada vez mais desesperada. Ele não falava nada. Só olhava para a minha cara.

— Vou tirar a mão da sua boca, mas prometa que não vai gritar — Ele olhou em volta mais uma vez — Eu preciso falar com você.

Confirmei com a cabeça e ele lentamente retirou a mão. Pensei em gritar e sair correndo, mas decidi cumprir com o que disse.

— Eles estão atrás de você e da sua família — Ele olhou para o estacionamento.

— Quem? — Perguntei confusa — Quem está atrás de mim?

Ele olhou nos meus olhos.

— Ascalapha.

Eu o encarei sem entender. Quem é Ascalapha? Olhei para ele, me perguntando se era algum tipo de maluco. Gotham tem muitos desse.

— Eu não conheço.

— São as pessoas que tentaram sequestrar você, que invadiram sua festa de aniversário e que jogaram uma pedra na sua janela.

Como ele poderia saber dessas coisas? Eu tenho certeza de que não contei sobre elas para ninguém. Exceto o que aconteceu na festa, que no caso muitas pessoas viram, mas ele não estava entre os convidados.

Eu o observei de cima a baixo, reparando na sua jaqueta, me dando conta do motivo pelo qual ele sabia dessas coisas. Ele era um deles. Olhei para os lados em desespero e tentei sair correndo.

— Espera! — Ele agarrou de novo a curva do meu cotovelo — Eu não vou machucar você.

Uma lágrima caiu do canto do meu olho. Estava com medo. Meu corpo todo todo tremendo. Não confiava nele e o fato dele estar com a mão no meu braço piorava tudo.

— Como posso saber que de fato não vai fazer nada? — Minha voz saiu junto com um soluço — Você está com eles.

— Sim — Ele assentiu, ainda me segurando — Mas não quero feri-la, não estaria aqui se fosse.

— Por favor me solte — Ele me olhou desconfiado — Não vou sair correndo — Prometi.

Ele me soltou.

— Essas pessoas não querem só você morta, seus pais também — Continuou — Mas acho que eles conseguem se virar. Minha preocupação é você.

Meu coração batia tão forte que chegava a doer e as lágrimas silenciosas continuavam caindo. Meu deus. Pensei. Só quero ir para casa.

Evite sair de casa tão tarde — Ele parecia tão agitado quanto eu — Não têm muita coisa que eu possa falar para te previnir, mas se eu souber de algo contra você eu te encontrarei. Fora isso, não tente falar comigo, se não vamos nos meter em um grande problema. 

Tive vontade de me afogar nas minhas próprias lágrimas só para não precisar passar por aquilo. O que está acontecendo? O pior de tudo era que, por mais que não quisesse acreditar em nada disso eu sabia que ele estava falando a verdade.

— Aproveite a vigilância daquele seu amigo e...

— Que amigo?

Era só o que faltava. Mais um maluco me vigiando.

Ele parecia genuinamente confuso

Achei que você soubesse já que...

— Que amigo? — Repeti a pergunta dando um passo na direção dele.

— O Robin — O rapaz disse apressado — O cara quebrou meu braço — Ele estendeu o braço direito para mim. O mesmo que usou para cobrir minha boca — E o pior é que tenho que fingir está normal para que não desconfiem.

O Robin me vigiando? Isso explica as ocasiões em que ele apareceu. Não eram coincidência. Ele de fato estava de olho em mim.

Ele está aqui agora ou estou por conta própria?

Olhei em direção ao meu carro, não me importando com isso. Queria sair dali neste exato momento.

Ele reparou no meu olhar e voltou a falar.

— Sei que está tarde e não vou mais tomar o seu tempo. Por favor fique segura.

Ele deu mais uma olhada ao redor e se virou, indo para as sombras.

— Ei! — Gritei para ele e dei um passo a frente — Quem é você? Por que se importa?

Ele se voltou para mim com um sorriso tenso.

— Não posso te contar quem sou agora — Ele pôs as mãos no bolso, seu sorriso se tornado gentil — E eu me importo com você Madeline. Sei que parece estranho, mas vai fazer sentido depois.

Ele desapareceu nas sombras.

Corri para dentro do carro. Encostei a cabeça no volante tentando me acalmar. Respirei fundo para conseguir absorver o que aconteceu.

Que porra foi essa?

Butterflies | Damian Wayne Onde histórias criam vida. Descubra agora