Damian
Nos passamos no refeitório para pegar alguma coisa para comer. Pegamos uma maçã e sentamos atrás de um arbusto.
Me virei para ela e percebi que me olhava com curiosidade.
— O que foi? — Perguntei.
— Nada — Ele cutucou a maçã — É só que eu não estou acostumada com você sendo legal.
Eu tinha dito que foi por causa do que ela falou na festa. Mas não foi. Percebi que seria mais fácil ficar de olho nela se ela se sentisse bem na minha presença.
Achei que se fosse grosso com ela teria bons resultados. Mas não foi bem assim.
Tratá-la daquela forma a deixava mais alerta e na maioria das vezes ela se afastava de mim.
Esse é de longe um dos trabalhos mais difíceis que meu pai já me deu.
— Tem uma primeira vez para tudo — Dei de ombros e mordi a maçã.
— Bom, já que podemos conversar normalmente hoje, gostaria de fazer algumas perguntas — Ela virou o corpo na minha direção.
— Vai se aproveitar da minha gentileza para me interrogar?
— Só um pouquinho — Ela deu sorriso sem exibir os dentes.
Suspirei e esperei que ela começasse.
— Ótimo. Aquele garoto que estava na festa da mansão é realmente seu amigo?
Fiquei surpreso com a pergunta dela. Eu esperava outra coisa.
Ela percebeu minha confusão e disse:
— Jon, se não me engano.
— Eu sei de quem é, obrigado — Falei com ironia
— Você não respondeu minha pergunta — Ela cruzou os braços.
— Sim — Pus as mãos atrás da cabeça — O que ele falou de mim?
— Sou eu quem faz as perguntas.
— Acho justo que você também tenha que responder pelo menos uma — Sorri de maneira convencida.
Ela revirou os olhos. Um gesto engraçado nela.
— Disse que seus pais trabalham juntos, que foi por isso que acabaram se tornando amigos e que quando se conheceram você era bem insuportável. E então? Algo que você queira desmentir?
— Não, tudo certo. Próxima.
— O garoto que saiu desesperado da festa, o que você falou para ele?
Olhei para sem saber exatamente o que dizer. Ela me pegou de desprevenido. Eu esperava coisa do tipo: "qual o seu sabor de pizza preferido?" ou "você gosta de alguma garota da escola?" ou então "Você tem um cachorro?"
Quer dizer, a pergunta sobre o Jon era até bem valida. Mas essa não.
Aquele garoto era um dos membros da gangue que estamos perseguindo há meses. A mesma gangue é o motivo de eu ficar de olho em Madeline. O garoto estava lá de penetra e descobrimos que tinha o plano de persegui-los até em casa para matar toda a família de Madeline.
Mas isso não para os ouvidos dela. Ainda não.
Então pensei em uma mentira.
— Ele amassou meu terno com o esbarrão dele e eu disse que amassaria a cara dele.
— Seu terno não parecia amassado — Ela parecia vermelha e sussurrou tão baixo que tive dificuldade de ouvir.
Ela estava de cabeça e então reparei que estava constrangida por ter reparado no terno. E é claro, não perdi a chance de provoca-la.
— Pra quem não gosta de mim você observa demais.
— Se tivesse olhado para mim teria visto que meus olhares não eram muito amigáveis — Ela arqueou uma sobrancelha.
Eu sei que não eram porque eu a vi olhando para mim mais de uma vez.
— Mais alguma pergunta? — Joguei o miolo da maçã por cima do arbusto.
— Quando me pediu desculpa aquele dia depois do trabalho de matemática, foi realmente o seu irmão que mandou?
Percebi que ela estava meio hesitante quando fez a pergunta.
— Não — Peguei a maçã dela e deu uma mordida — Foi o meu pai.
Ela pegou a maçã de volta.
— Ele te dedurou foi?
— Não, ele me zoou — Ela riu da minha cara — E meu pai descobriu.
— Devo agradecer a ele então? — Ela continuava rindo.
Dei de ombros.
Até que ser legal com ela não é tão difícil quanto eu achei que seria. Madeline é bem agradável, na verdade. Mas ainda odeio a tarefa de ficar de olho nela, me sinto uma babá.
Porém, naquele dia em que ela quase foi sequestrada eu vi que ela realmente precisa que eu fique por perto.
Agora ela estava ali, segura, sentada no chão e... Girando a maçã na mão, bem indignada.
— O que foi? — Perguntei.
— Agora eu tenho uma mordida a menos — Me olhou revoltada.
— E daí? Não é como se você fosse passar fome por isso.
— Vou sim! — Ela cruzou os braços.
Revirei os olhos.
— Tá, depois a gente pega outra.
Ela ficou olhando para minha cara.
— O que você tá esperando?
— Como assim?
— Vá pegar outra maçã!
Bufei e fui andando até o refeitório buscar outra maldita maçã.
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Butterflies | Damian Wayne
FanfictionAchei que as coisas ficariam bem em Gotham, mas eu não podia estar mais enganada. A cidade do crime seria algo novo para nós, e mesmo que não quisesse ir, apoiei a ideia dos meus pais em nos mudarmos para lá. Mas nada me preparava para o que estava...