Madeline
O enterro de meu pai estava lotado não apenas por familiares e amigos, mas também por aqueles abutres da imprensa, aqueles sanguessugas que grudam em você e só soltam quando já tem mais nada para eles chuparem. As câmeras e os flash's estavam por todos os lados.
Eles não tinham o direito de estarem aqui, nem conheciam meu pai.
Alguns de seus antigos parceiros de negócios vieram homenagear-lo, prestar seu respeito e nos dar seu consolo pelo acontecido.
Vic e seus pais também estavam aqui, o que não foi nenhuma surpresa, já que ela é minha melhor amiga. Lembro-me de quando ela fugia para minha casa, meu pai sempre a acolhia e eu tenho certeza de que ela o tinha como um segundo pai.
Evitei chorar durante todo o enterro, dando o máximo para permanecer firme e oferecendo meu ombro para minha mãe chorar.
— Meus pêsames — Disse o Sr. Wayne, olhando primeiro para ela depois para mim.
Mamãe apenas o encarou com seus olhos marejados, fazendo um grande esforço para sorrir em agradecimento. Ela passou por eles indo para o carro.
— Eu sei como se sente — O Wayne olhou para mim com empatia, pondo a mão no meu ombro.
O homem foi para seu carro também, deixando Damian e eu sozinhos. E assim que a multidão diminuiu, deixei que uma lágrima escapasse. Eu só me permitia ser vulnerável perto dele.
Ele me puxou, envolvendo-me em um abraço apertado. Afundei o rosto em seu ombro, soluçando loucamente. Meu namorado acariciou meus cabelos enquanto fazia carinho nas minhas costas.
Eu o agarrava com força, como se ele fosse um um bote salva-vidas e eu estivesse prestes a me afogar no mar.
— Ora, ora, ora. O que temos aqui?
Uma voz que eu conhecia muito bem soou do meu lado esquerdo, espalhando calafrios pela minha pele.
Eu e Dami nos afastamos lentamente, virando para onde estava vindo a voz.
Reconheceria aquele cabelo castanho e aqueles olhos azuis frios de longe.
Thomas.
— Faz o que? Dez meses? — Ele pôs a mão no queixo como se estivesse pensando — E você já arrumou outra pessoa.
Por mais que eu quisesse responder, fiquei muda. Não tinha energia para discutir com ele agora. Só queria deitar na minha cama e me acabar de tanto chorar.
Sequei as lágrimas com a manga comprida do vestido, encarando Thomas sem dizer nada.
Damian mantinha uma mão possessiva na minha cintura, olhando para o garoto na sua frente com o cenho franzido.
— Você deve ser Thomas, o ex — Ele disse com arrogância.
— E quem seria você? Tenho a impressão de que já te vi em algum lugar — Thomas o olhou de cima à baixo.
— Sou Damian Wayne.
A expressão de choque no rosto dele durou pouco, porque logo foi substituída por um sorriso maldoso.
— Uau, quem diria que você conseguiria fisgar um Wayne — Ele olhou para mim — Você é muito boa mesmo.
O garoto deu um passo em nossa direção, a mão de Damian se apertou levemente na minha cintura, como se Thomas pudesse me agarrar a qualquer momento e sair correndo.
— Mas ele não é tão bom quanto eu, né?
Ele estendeu a mão para tocar no meu rosto, mas antes que eu pudesse me afastar, Damian o empurrou para trás.
— Não toque nela.
A expressão no Thomas foi de diversão para raiva em questão de segundos.
— E quem você acha que é pra me dizer o que fazer? — Ele apontou o dedo para Damian com fúria.
Meu namorado soltou minha cintura e postou à minha frente com os braços cruzados, olhando para Thomas com seriedade.
— Se você ousar encostar em um fio de cabelo dela, eu vou te fazer engolir os próprios dedos.
Ele não respondeu a ameaça de Damian, que simplesmente se virou para mim e pôs uma mão gentil nas minhas costas guiando-me para fora do cemitério.
— Vamos — Ele disse.
Enquanto entrava no carro, vi Liam e Simon saindo também. Por mais que Simon não conhecesse meu pai, Liam conhecia e o irmão veio fazer-lhe companhia.
Ver isso deixou meu coração um pouquinho mais quente.
Dami deu um beijo rápido na minha têmpora.
— Até daqui a pouco.
(...)
Eu me encontrava deitada na minha cama com a cabeça apoiada nas coxas de Vic e as pernas em cima de Damian enquanto ambos tentavam me consolar.
— Eu não acredito que ele realmente fez isso — Vic disse indignada — É o enterro do seu pai, ele não tem um pingo de respeito?
— Por mim, teria arrebentado a cara dele — Damian disse.
— E por que não fez? — Ela perguntou.
— Porque eu tenho um pingo de respeito.
— Verdade.
A interação entre eles me fez sorrir um pouquinho. Era muito bom ver isso, fazia eu me sentir menos mal com tudo que estava acontecendo.
Mas um vazio enorme ainda se alastrava pelo meu peito, me sentia incompleta e perdida em meio minha tristeza. Ao mesmo tempo que sentia vontade não estar viva, sentia vontade de viver.
Vic deu um beijo na minha cabeça e depois se virou para Damian sorrindo.
— Não fica com ciúmes, Damian, eu cheguei primeiro.
— Sem problemas.
De novo, eu sorri e fiquei feliz de tê-los comigo. Eu os amava e é por eles (e por minha mãe) que eu continuaria procurando motivos para sorrir.
Quando a noite chegou, todos nós descemos para jantar. Mamãe, Damian, eu, Vic e os pais dela nos sentamos à mesa para comer, e por mais que a ocasião que nos reunia não era das melhores, houve risadas e boa conversa. O que era para ser uma noite horrível e solitária, se tornou um jantar agradável e reconfortante.
Ainda estava muito triste, mas a vida não era feita só de momentos felizes. Sempre existirá uma luz no fim do túnel, por maior que ele seja.
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Butterflies | Damian Wayne
FanfictionAchei que as coisas ficariam bem em Gotham, mas eu não podia estar mais enganada. A cidade do crime seria algo novo para nós, e mesmo que não quisesse ir, apoiei a ideia dos meus pais em nos mudarmos para lá. Mas nada me preparava para o que estava...