Cap XVII - Observações desnecessárias.

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Pov Wanda.

Retornamos para a casa, e o restante do dia passou rapidamente, com Natasha dedicando-o totalmente as crianças, e eu ajudando Laura com algumas coisas. 

Algo estava me incomodando como sempre, principalmente após constatar o fato, de que enfim, aquela seria uma nova fase da minha vida que estava iniciando, e apesar de estar feliz em ter uma família, isso acabou despertando uma imensa saudade dos meus filhos. 

Para não deixar o clima tenso, subi para o quarto. A imagem dos meninos e do Visão não saíram da minha cabeça pelo restante de todo o dia. Controlei minhas emoções o máximo que pude, mas a sensação era de que eu os trairia se me permitisse viver uma nova chance... Quer dizer, nem se quer me permitir viver um luto por eles, a única coisa que fiz foi procurar uma saída atrás da outra, para a dor que eu estava sentindo.

Primeiro teve meu relacionamento com Visão após a morte do Pietro, depois houve o Hex por eu perder o Visão, a perda dos meus filhos... Duas vezes, e agora, essa ligação com a Natasha. Como ela quer se manter por perto para cuidar de mim, só me faz imaginar que também posso estar manipulando-a inconscientemente, para não ficar sozinha de novo. 

O fato de ficarmos ligadas pela dor até a morte é extremamente radical, quer dizer, enquanto eu estiver viva, terá alguém dependendo de mim. Esse pensamento está me sufocando, não posso me permitir viver nada parecido com meus últimos erros.

Por outro lado, posso chamar esses pensamentos de autossabotagem? Talvez. Sinto resquícios de felicidade, isso é um fato, e meu lado sádico deve estar tentando estragar tudo. 

Fiquei muito tempo em meio a esses pensamentos, e Já era final de tarde quando levanto e olho pela janela. A imagem que contemplei serviu para definir com clareza a resposta para minha breve tortura psicológica. 

Natasha estava brincando com os meninos, correndo atrás do Natan enquanto Lila e Cooper apenas riam dos dois, posso ouvir a voz de Laura que, provavelmente, está na varanda, ensinando o filho a derrubar a ruiva, que responde caindo após o menino fazer o que a mãe falou. 

Acho que viver alguns dias com minha ex tutora e companheira de equipe, pode realmente estar me fazendo bem. Conclusão essa tirada de eu ter respondido a todas aquelas risadas, rindo também, mesmo não estando naquela brincadeira. 

Desço até a varanda, e sento ao lado de Laura. Natan logo vem me puxar para a brincadeira, mas desiste quando digo que não sou pairo para ele, eu seria uma presa muito fácil, melhor é ganhar da viúva negra. 

_ Você me parece bem. — Ela diz, e tendo certeza de que de onde estávamos, nada seria ouvido pelas crianças ou por Natasha, recorro a única pessoa que tem me ajudado com meus sentimentos desde que cheguei.

_ Eu e a Natasha vamos embora depois do fim de semana, ela me convidou hoje pela manhã, e acho que será bom para entendermos melhor como funciona essa ligação, não é? 

_ Está com dúvida se deve ir ou não? 

_ Não... É só que, tudo está sendo rápido demais. Ainda sinto a ausência dos meus filhos... Do Visão, não sei se isso pode fazer bem para a gente, entende? Digo... Próximas, ela sentirá tudo intensamente.

_ Ter alguém por perto que entenda suas dores, não me parece uma forma ruim de enfrentar um luto.

_ Só não quero mais tomar a decisão errada e fazê-la viver com ainda mais consequências do que já está vivendo.

_ Vou te dizer algo como amiga agora, por favor, não me entenda mal. — Toca em minha mão, e mantém os olhos nos meus. _ A ausência deles, Visão e seus filhos, sempre existirá dentro de você. Ninguém aqui tem dúvida de que fez tudo o que pode, para tê-los. Como mãe e esposa, você deu o seu melhor, tomando a decisão certa por eles e por outras pessoas. Mas agora, tente decidir por você. 

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