Cap XXX - Você não confia em mim.

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Pov Natasha

_ O que houve com a Carol? – Wanda pergunta.

_ O que? – A olho confusa. Ela ligeiramente semicerra os olhos.

_ Nada, só vim pegar os arquivos para dar uma olhada, desculpa interromper. – Pega o notebook e sai em passos largos.

_ Você está encrencada? Porque pareceu que você está encrencada. – Clint fala, em tom brincalhão.

_ Merda.

_ Relaxa, vai lá explicar, é passado e...

_ Não estou aterrorizada porque é passado Clint, mas porque tudo está ficando cada vez mais estranho... Não temos nada, e eu não sei o que é estar em um relacionamento. Fui criada para o contrário de tudo isso, entende? Não sei se estou pronta para...

_ Você merece ser feliz, Natasha! E o fato de ser treinada para não se importar, não te impediu de dar a própria vida pelo mundo.

_ É diferente...

_ Essa mulher deu parte da vida dela por você, para que você tenha uma chance ter o que foi lhe tirado. Você já a queria antes de tudo isso. Não desperdice essa chance, não sabemos o que estar por vir.

_ Tenho que ir. – Desligo o telefone, arrumo tudo o que ficou do lado de fora, e entro no trailer, vendo-a sentada na mesa encarando o notebook. Permaneço em silêncio, arrumo algumas coisas do café e inicio o preparo do almoço. Vou dar tempo para que ela saiba exatamente o que eu já sei. Passam-se uma hora e meia, então sirvo dois pratos, pondo um na sua frente.

_ Pode dar um tempo? – Pergunto. Ela baixa a tela, pega seu prato e come olhando vez ou outra para a janela. _ Sabe que vamos resolver isso, não é? Tudo isso.

_ Eu não sei, Natasha... É muito para processar. – Diz de cabeça baixa, encarando sua refeição. _ Você fez uma grande pesquisa aqui... Sobre o poder, sobre mim, o que fiz, e o que eu posso fazer...

_ Sim.

_ Porque? – Questiona, trazendo seus olhos para os meus. Ela estava com dúvida, mas não sobre as informações, e sim sobre mim.

_ Precisava ajudar, e essa é a única coisa que sei fazer Wanda, além de ser uma máquina de matar. – Falo séria.

_ Esse é o seu único propósito?

_ Já falamos sobre isso, e sim. Eu teria que ter outro? – Ela fica um tempo em silêncio.

_ Agatha está com o Grimório, algo que pertence a mim. Preciso ir para lá o mais rápido possível.

_ Ela já deve saber o que tem nele do inicio ao fim. Não precisamos de pressa, mas sim de um bom plano para recuperá-lo. E acima de tudo, precisamos saber seu próximo passo...

_ Quando você pensou em tudo isso, Natasha? Você me disse que fez uma pesquisa, mas não me contou nada sobre Natalia também ter sido uma Feiticeira... Agora sabe exatamente como devemos agir?

_ Você está querendo perguntar algo especifico, vá em frente... – Me levanto, recolhendo meu prato e pondo-o na pia, virando de frente para ela, com os braços cruzados. Ela massageia o lábio inferior me olhando.

_ Ótimo... Você voltou a pouco mais de duas semanas, e a minutos atrás, sabia mais sobre mim do que eu mesma... - Levanta e se encosta na mesa. _ Porque tudo isso?

_ Essa sua insegurança comigo vem do fato de eu ser uma assassina treinada? Acha que tenho outros interesses além de te ajudar? – Ela fica em silêncio. _ Excelente, pense o que quiser e haja como quiser..., mas saiba que pelo menos dessa vez, estar sozinha, foi uma decisão sua. – Digo e vou em direção ao quarto, fechando a porta do mesmo.

Ser uma agente de espionagem, tem seus inúmeros defeitos. O Stark, Steve, Nick... Todos passaram por essa fase comigo, e provei para todos o quanto estavam errados. Entendo a desconfiança de cada um, mas achei que já estivesse passado dessa fase com todos, principalmente com os membros da equipe, mas estava errada.

A pior parte é que vindo dela, não me deixa confortável. Depois que voltei, a única coisa que estou fazendo é provar que estou aqui para ajudá-la, para nos ajudar, o que parece estar sendo em vão.

Frente a janela do quarto, de pé, começo a imaginar o quanto enganei, matei ou machuquei, antes da Shild e depois dela, também... Fui uma ferramental por muito tempo, mas hoje, posso lutar pelo que  acredito, isso é a única coisa que me conforma. Acredito que mesmo com todas as conturbações, sairemos dessa. 

Escuto a porta do quarto sendo aberta, mas não me movo, continuando de costas para a mesma. Sinto seus braços rodeando minha cintura, e sua cabeça encostar em meu ombro direito.

_ Me desculpa, eu não quis dizer nada daquilo, só estou confusa com tudo. – Fala baixo e permaneço em silêncio. _ É difícil lhe dar com esse poder, que as pessoas que o conhecem, escondem coisas... Não deveria comparar você a eles, me perdoa.

_ Você não confia em mim. – Afirmo claro. _ Pelo menos não o suficiente. Não é a primeira vez que questiona meus atos, e entendo que está sendo difícil... – Saio dos seus braços. _ Mas não use isso como justificativa. Vou atrás desses livros, te entregar e nos livrarmos de uma vez dessa ligação. Depois disso, poderemos seguir nossas vidas.

_ Não é assim, Natasha... – A encaro.

_ Não? E como é? Porque eu tenho certeza que você ouviu o que falei para o Clint no telefone, mas só citou o conveniente para você. – Suspiro cansada. _ Está na cara que não estamos bem, Wanda... Eu também não sei lhe dar com isso, mas faço o melhor que posso. – Ela vem na minha direção, e estendo a mão para que ela pare. _ É difícil para nós duas, tudo o que acontecer a você, acontece a mim, e eu fiz a pesquisa para te entender, para achar uma saída, como vem pedindo desde que isso começou. Se não é o suficiente para você, eu sinto muito... – Pego um par de tênis próximo a cama.

_ Para onde você vai? Não terminamos de conversar. – Pergunta nervosa.

_ Preciso de um tempo, mas volto logo. – Me aproximo e beijo sua testa, saindo em seguida. Toda essa enxurrada de emoção está me deixando apreensiva, nunca me senti assim. É como se fosse físico, como se meus hormônios estivessem aflorados, só que a situação em si, já é corrosiva demais.

Corro um pouco mesmo me sentindo cansada, e depois de algumas horas, com a cabeça mais leve, resolvo retornar para o trailer. Nem notei que estava tarde, até começar a escurecer, então apreço um pouco os passos e chego, indo direto para o banheiro.

Pov Wanda.

Passei a tarde completamente perdida nesse mar de emoções, mas controlei ao máximo para que ela não sentisse, já basta o que causei hoje. Pelo menos a sua demora foi o suficiente para colocar minha cabeça no lugar, e reconhecer o quão estupida eu fui. 

Tomei banho, preparei um jantar simples, e a esperei, enquanto lia no quarto. Quando ela chegou, já estava escuro, mas não se justificou ou nada assim, apenas adentrou o banheiro, em silêncio. 

Alguns minutos passam até que ela sai de toalha, vindo para o quarto. Não quero mais perder um minuto, deixando o clima tenso entre nós. 

_ Eu também gosto de você. – Digo sem rodeios, e ela me olha confusa. Levanto da cama, me aproximando dela. _ Eu me apaixonei por você, Romanoff. E eu sinto muito por tudo o que falei. Vou aceitar o que você quiser fazer a partir daqui, não só porque te machuquei, mas porque confio em você. Preciso que saiba. 

_ Está apaixonada por mim? – Pergunta sorrindo. Aceno positivamente e me aproximo mais, tocando seu rosto.

_ Estou apaixonada por você e quero viver isso, mesmo com toda essa confusão. Se você também quiser é cla... – Sou interrompida com o toque dos seus lábios nos meus. Suas mãos puxando minha cintura para si, colando nossos corpos com intensidade. Depois de alguns segundos, ela se afasta. _ Isso significa que você também quer? – Ela apenas rir, e me beija de novo. 

Mas dessa vez, há mais desejo... Em nós duas. 

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