Cap XXVI - Eu preciso de você.

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Pov Natasha.

_ NATASHA? — Consigo ouvir a sua voz, mas a dor não cessa, me deixando totalmente desnorteada. Levo as duas mãos a cabeça, na ilusão de contenção, mas nada adiantava.

_ Está tudo bem... — Tranquilizo-a, mas nem mesmo ouço minha própria voz, somente um barulho ensurdecedor acompanhado de uma dor aguda. 

Grito. Sinto meu corpo ser levantado e tento me manter consciente, o que estava cada vez mais difícil. Mesmo ela tendo usado seus poderes rapidamente, a consequência é terrível, acredito que por estarmos tão próximas.

A sensação é que minha cabeça está no ápice do momento de uma explosão, constantemente. Depois de muito tempo, definido por mim, consigo enfim notar que estou no banco do passageiro do carro, e ela está parando na frente de um hospital.

_ Não... — Tento falar, ela chorava nesse momento. _ Calma... Vou ficar bem, vamos para casa, por favor... — A dor não diminui, então por não aguentar mais, apenas fecho os olhos.

Não sei exatamente o que aconteceu depois, mas quando volto a consciência, estou no trailer, na nossa cama. Levanto devagar e noto que a dor já não está mais lá, apenas um incômodo. Procuro-a pelo quarto, e não a vejo.

_ Wanda? — Ouço passos rápidos vindo em minha direção, e ela aparece com os olhos inchados e se joga na cama ao meu lado, me puxando para um abraço desajeitado.

_ Graças a Deus! Me perdoe, por favor, me perdoe... — Diz com a cabeça afundada em meu pescoço.

_ Estou bem, não há o que perdoar. Estou aqui com você e estou bem. — Tento acalmá-la.

_ Eu não deveria ter feito isso com você, Natasha. Isso é sério, poderia ter te perdido. — O seu choro retorna, e na mesma hora a aperto mais no meu abraço.

_ Do que está falando? Você não poderia, foi rápido e estávamos perto demais. Foi para nos defender como havíamos combinado. Por favor, para de se culpar. — Tento levantá-la, mas ela afunda ainda mais o rosto no meu pescoço, então a deixo lá. _ Estou aqui e não vou embora... Estou bem. — Lentamente, noto ela se acalmar, e depois de alguns minutos naquela posição, ela levanta o rosto avermelhado por conta do choro, então enxugo-o. _ Ficará tudo bem, não sinto mais nada... — Ouvimos o barulho da chaleira, e ela se afasta.

Quando olho ao redor, vejo alguns frascos e seringas, então olho para o meu braço e noto que há um acesso nele.

_ Beba. — Pego a xícara da sua mão, tomando um pouco do líquido ainda quente. É o mesmo chá que me serviu da última vez que isso aconteceu.

_ Como me trouxe, e o que são essas coisas? — Aponto para os medicamentos.

_ Persuadi a um enfermeiro para me dar alguns sedativos.

_ Viu só? Estou em boas mãos. — Digo, voltando a tomar o chá.

_ Por favor, não faz piada com isso... Com nada disso.

_ Não estou. Por quanto tempo fiquei desacordada?

_ Três ou quatro horas, eu acho... — Ela fica cabisbaixa, e uma lágrima silenciosa cai do seu rosto. Engulo o resto do líquido quente e coloco a xícara sobre a cabeceira.

_ Vem aqui. — Puxo-a, trazendo-a para ficar ao meu lado. Não demoro para abraçá-la. _ Você cuidou muito bem de mim, Wanda, obrigada. — Ela levanta em um salto, me olhando com certa raiva.

_ Cuidei de você? Eu que te causei isso, Natasha. — Faço menção de falar algo, mas sou impedida. _ Não tenta argumentar o oposto, não sou criança. Fala para mim, o que estamos fazendo aqui?

_ O quê? — Pergunto confusa, sua voz já estava alterada.

_ Não ficarei aqui para te causar isso de novo, Natasha. Vou embora e você ficará.

_ Do que você está falando? — Me levanto, indo na sua direção.

_ Verei a Agatha e você ficará aqui, farei o que ela quiser para obter todo o conhecimento necessário, e então acharei uma forma de romper essa maldita ligação, mas nunca mais, nunca mais colocarei você em perigo de novo.

_ Não. — Em um impulso, seguro seu braço. _ Calma aí... Foi um acidente. 

_ Não estou pedindo permissão. — Ela se desvencilha do meu toque e me encara como se estivesse se despedindo, levando uma das mãos para meu rosto, acariciando-o. _ Minhas coisas já estão no carro, é para o nosso bem... Farei isso por você, Natasha. — Beija meu rosto com carinho e simplesmente sai. 

Pov Wanda.

Me afasto dela sem olhá-la novamente, tentando a todo custo conter as lágrimas que teimavam em cair. A cada passo dado, era como se estivesse deixando uma parte de mim mesma, mas era preciso. Não poderia permitir viver assim com ela.

Abro a porta do trailer e antes que consiga atravessá-la, a mesma é fechada bruscamente. Sinto meu corpo ser virado a força na direção contrária, e vejo Natasha me encarar com os olhos vermelhos em um misto de lágrimas e raiva. 

Ela aproxima seu rosto do meu, me fazendo sentir a sua respiração.

_ Eu disse NÃO. — Fala pausadamente e me encarando, então a afasto.

_ Nat, não complica.

_ Você só sairá daqui se me deixar desmaiada. Então use o seu poder em mim agora, e acabe com isso de uma vez. — Fala alto, dando um passo para trás.

_ O quê? — Estava perplexa com a hipótese que ela formulou.

_ O que você ouviu, vamos, acabe com isso. — Novamente se aproxima e me prende contra seu corpo e a porta, me fazendo bater de costa na mesma. — Você não vai me machucar mais do que já está machucando. Foi para isso que você me trouxe? — Lágrimas caem dos seus olhos. _ Para ficar brincando comigo?

_ CALA A BOCA, NATASHA. — Empurro seu corpo, fazendo ela dar alguns passos para trás. _ Você não sabe de nada. Estou fazendo isso para te proteger, sua idiota. — Nossas vozes já estavam alteradas novamente, a raiva falando por nós duas. 

_ Não. Acho que você queria isso desde que chegou aqui. — Rir sarcasticamente. _Você me impõe às suas escolhas, e depois que se arrepende, quer simplesmente dar as costas e ir embora?

_ CALA A BOCA. — Grito empurrando-a novamente, e dessa vez ela bate com força na parede.

_ Você sempre faz isso... — Diz baixo, me encarando com ódio. _ Não deixarei você ir. Dissemos que resolveríamos juntas, e é o que faremos. Se quiser, te ajudo a...

_ A quê? Treinar como um soldado? — A interrompo. _ Não sou um soldado, sou uma Feiticeira, Natasha. Não posso ficar correndo por uma montanha e viver escondida em um trailer para sempre. Preciso de um motivo para fazer minha vida valer apena, um motivo para continuar respirando e... — Ela me interrompe vindo em minha direção em passos largos, me segurando possessivamente com as duas mãos na minha cintura. A encaro assustada, vendo a raiva em seus olhos, mas...  Havia algo mais.

_ Espero, com todo o meu coração, que esse sirva... — Sinto meu corpo ser pressionado contra a porta, com o impacto dos seus lábios sendo colocado sobre os meus. 

Dura apenas alguns segundos, então ela se afasta um pouco, como se quisesse ver a minha reação. Leva uma de suas mãos até meu queixo e ergue minha cabeça, tentando me ler. 

_ O que você...  

_ Preciso de você, Maximoff. — Diz baixo, então levo minhas duas mãos ao seu pescoço, entrelaçando-as nele, e puxando-a de volta para mim, iniciando outro beijo. Dessa vez, um beijo de verdade. 


Até que enfim... 
Espero que tenham gostado! 

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