Cap XX - Daria qualquer coisa.

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Pov Natasha.

Eu não sei se é um bom momento para estarmos brincando assim uma com a outra, mas usando as palavras de uma criança birrenta, foi ela quem começou. Em todo o caso, preciso terminar, não quero que as coisas fiquem ainda mais complicadas do que já estão. 

Por mais que essas provocações sejam pequenas, não posso dizer que não queria realizar isso há muito tempo.

Quando voltamos de Sokovia, simplesmente estava indiferente a sua presença no complexo. Seu luto pelo irmão não foi fácil, a maioria do tempo ela ficava em seu quarto e, os poucos momentos onde cruzamos uma com a outra, eram nos treinos ou nas refeições que realizávamos em grupo. 

A situação permaneceu assim até o momento de vê-la realmente vulnerável por sua perda. Óbvio que a maioria de nós presenciou isso, mas o único que verdadeiramente chegou perto para lhe proporcionar o apoio necessário, foi aquele que menos foi impactado pelo quão ruim, o sistema pode ser.

Depois que Visão se aproximou dela, notamos um pouco de diferença no seu comportamento, então apenas tentei ser "amigável" da minha forma, diminuindo a intensidade dos treinos e algumas noites, vigiando o quão perigosos seus pesadelos poderiam ficar. Só pernoitava na sala de música que era próxima ao seu quarto. Normalmente era por lá que o Visão atravessava algumas vezes.

Uma noite, as coisas ficaram mais intensas que o normal, então agi por impulso e invadi seu quarto, deparando-me com a mesma aos prantos e se contorcendo, muito acima da cama, coberta por sua própria magia. Não soube muito o que fazer, apenas a chamei, na verdade, gritei seu nome e ela mesmo dormindo, cessou os raios de magia escarlate, o que causaria a queda do seu corpo, se não a tivesse segurado nos braços. 

Quando a encarei com o semblante cansado e olhos ainda fechados, soube que daria qualquer coisa para tirá-la daquilo, para protegê-la. 

Nunca senti amor, não um amor romântico, pois amo a minha irmã e minha família de aprimorados compulsivos, mas tirando isso, nada mais. Acho que estava simplesmente admirada no começo, porque mesmo em um país estranho, rodeada de desconhecidos e sem saber ao certo o que seus poderes conseguiam realizar, ela sempre estava se esforçando demais... Dando o seu melhor.

 Foi enquanto estava confusa comigo mesma, que Visão atravessou as paredes do quarto e me viu ali, com ela em meus braços.

_ Entrei quando ouvi ela gritar, acho que era um pesadelo. Cheguei a tempo de evitar o impacto de seu corpo na cama ou no chão. — Esclareci o fato de estar com ela em meus braços, baixo, para não acordá-la, e colocado-a sobre a cama. 

_ Tudo bem, srta. Romanoff, assumo daqui. — Protetoramente, se aproxima da mesma, e dou um passo para trás.

_ Claro. — Me limitei em falar e saí, vendo-o se sentar na cama e observá-la, antes de fechar a porta. Suspirei pesado, me escorando na mesma. Nesse ponto, eles já estavam bem próximos e me senti estranha, com toda tensão. 

Foi a primeira vez que questionei meus sentimentos por Wanda. Mas, em hipótese alguma, participaria desse triângulo amoroso, por esse motivo, me afastei. Seja lá o que estivesse acontecendo comigo, teria que acabar da mesma forma que começou, rápido. Mas não tive muita sorte com isso.

Cerca de três semanas antes do secretário Ross chegar com o Tratado de Sokovia, Clint tinha me pego agindo "flertando", usando suas palavras, com ela nos treinos. Tinha a prendido abaixo de mim, e sussurrei algo em seu ouvido no calor do momento, por puro descuido da minha parte, assumo.

Não foi surpresa quando ele iniciou uma série de interrogatórios constantes sobre o que estava acontecendo, e precisei contar tudo, porque suas hipóteses estava me dando nos nervos. O que realmente nos surpreendeu foram as escolhas de palavras que usei para descrever o que estava sentindo, como sensações, e até o novo fato do meu corpo agir muito rápido quando estava perto dela.

Todavia, muita coisa aconteceu depois disso, muita coisa mudou o curso de toda a história, com consequências diferentes para ambas, mesmo assim reais. E é em nome do que vivemos e nos tornamos hoje, assim como dos últimos acontecimentos, que não posso nem mesmo sonhar em ter algo com ela. 

Definitivamente não estou pronta e sei que, por mais que ela seja brincadeira da sua parte, isso pode acabar mexendo conosco em algum momento, e consequentemente problemas piores surgirão, porque é só isso que o amor pode fazer a uma assassina como eu. 

A forma como ela lutou pelo Visão, por sua família, só mostra a quão maravilhosa é, e eu nunca conseguiria oferecer uma vida assim a ela. Não permitirei que uma brincadeira cause mais dor do que ela já sentiu. Destinada a terminar esse jogo, pego um copo com água e vou para o nosso, mais novo, quarto.

_ Olha, sei que você... — Estava determinada, mas o copo que carregava acaba caindo no chão, quando a vejo vestida apenas com uma calcinha azul-marinho rendada, de costas para mim. Ela estava terminando de colocar uma camiseta, que parecia emperrada acima do ombro, quando ouviu a minha voz, e virou sutilmente o rosto na minha direção, e um sorriso presunçoso nos lábios. _ Desculpa — Saio dali o mais rápido possível, mas não sem antes berrar da cozinha: "Temos um banheiro, Maximoff." quando percebi que aquilo fora proposital, pois dava para ouvir sua risada convencida de qualquer lugar do trailer. Jogou muito sujo, bruxa.

_ Já terminei, pode vir limpar sua bagunça. — Respiro fundo, pego um pano e vou para o quarto. Encaro a mesma sentada na cama com a blusa de dormir manga longa azul, na mesma cor da bendita calcinha, e um lençol cobrindo suas pernas.

_ O que foi? — Mas é sínica mesmo. Balanço a cabeça em negação, e enxugo a água que derramei. Termino toda a limpeza e vou para cama.

_ Wanda, a gente não... — Tento argumentar.

_ Será que podemos conversar amanhã? Estou um pouco cansada. — Me interrompe. 

_ Claro. — Deito e ela apaga a luz. Talvez isso seja mais difícil do que pensei. Sou uma espiã treinada, a melhor... Conseguirei dar a volta nisso, óbvio... A imagem volta à minha mente... Mas se por um acaso, eu falhar, não dar para me culpar, certo?

A noite passa tranquila e acordo bastante cedo no dia seguinte. Saio da cama devagar e após fazer minha higiene matinal, preparo um café da manhã para a gente. Algo básico, café, panquecas e um pouco de mingau de cereais. Me sirvo e depois saio para explorar um pouco o território, deixando um bilhete com: "Tem café para você, bom apetite! Saí para ver a região, volto antes do almoço."

O dia está com uma temperatura agradável hoje, então deixo o casado, mas levo uma arma comigo, ordens do ofício. A pé, percorro cerca de cinco quilômetros e não havia sinal de nada por perto, mas a vista era espetacular. Mason realmente caprichou dessa vez, o que me deixa na obrigação de agradecer. Pego o celular e digito:

N — Me ver voltar dos mortos te deixou ainda mais sensível?

M — Basta agradecer, mulher.

N — Obrigada, você realmente caprichou!

M — Sei, tem um armazém na cidade que é bem discreto. Poderá reabastecer a despensa lá, deixei o endereço na gaveta do armário.

N — Que atencioso!

M — Quando nos veremos de novo? Ainda não acredito que você voltou.

N — Também estou me acostumando. A gente janta um dia desses, amigo.

M — Mensagem recebida, mas aceito o jantar, AMIGA. Te vejo em dois dias, tudo bem?

N — Até lá.

A gente precisa socializar mesmo, e Wanda gostará de conhecer a cidade. Se bem que poderíamos sair hoje, temos uma conversa pendente. O com o pensamento de convidá-la para um jantar amigável, sigo com minha caminhada. 

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