Cap VII - Está acontecendo.

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Pov Wanda.

_ Isso foi incrível, simplesmente incrível. Vocês não sabem como estou feliz por ter dado tudo certo. – Laura fala abraçada a Natasha, enquanto ainda estávamos na varanda.

_ Vamos Laura, solte-a, você está a sufocando. – Clint tenta controlar a esposa. _ Nat, fica aqui enquanto falamos com as crianças, ok? Não queremos que elas se assustem com você aparecendo do nada. – Ele pega a mão da esposa, que fica meio relutante em segui-lo até a casa, querendo aproveitar mais a ruiva.

Sentamos ambas em um pequeno banco do lado de fora. Ela apoia os cotovelos nos joelhos e começa a encarar as próprias mãos, pensativa. Ficamos em silêncio por um tempo, não quis invadir a sua privacidade lendo seus pensamentos de novo, e respeitei o tempo dela, sei que estava se sentindo confusa naquele momento.

_ Em que ano estamos? – Pergunta, quebrando o silêncio.

_ 2025, quase um ano e meio depois que todos voltamos do blip. – A informo e ela assente, levantando e se apoiando em uma das colunas da varanda, encarando o nada. _ Sei que não falavamos nada além do essencial, mas... Estou aqui se quiser conversar. – Olha para baixo, e novamente assente com a cabeça. A porta da frente é aberta e os filhos do Barton passam correndo por ela, com o pequeno Nate na frente, pulando diretamente em seu colo, fazendo-a gargalhar.

Depois de uma pequena comemoração entre as crianças e ela, adentramos a casa. Poucos minutos com todos juntos se passam, então ela sobe para o seu quarto, na intenção de tomar banho, e se livrar do traje. Fico no andar de baixo, com o restante do pessoal.

_ Esse é um grande momento. Contar para ela tudo o que aconteceu... – Clint fala suspirando. _ E só pra constar... Alasca Wanda? Sério? Se queria privacidade com ela era só falar.

_ Ha-ha. Você é tão engraçado... Agatha é imprevisível. Só mandei vocês pra longe para ficarem seguros. – Informo e pego uma maçã na mesa, mordendo-a em seguida.

_ Tá certo... – Ele revira os olhos. _ Você quer contar pra ela sobre... A ligação atual de vocês? Por falar nisso, como é, você tá sentindo alguma agora?

_ Não. Quando ela retornou, eu senti algo, mas não sei colocar em palavras ainda. Foi entranho... – Divago, lembrando do momento. Pela minha visão periférica, o vejo encarar a esposa, que estava calada, até então.

_ Talvez devêssemos ir por partes. – Laura fala. _ Teve a batalha, a morte do Stark, o Steve... Vou colocar as crianças na cama após o jantar, e enquanto vocês falam com ela, vou ligar para a Kate, talvez a Yelena tenha falado com ela recentemente, e se não, acredito que ela possa rastreá-la. - Barton tinha me contado sobre a Kate Bishop, enquanto esperávamos Banner reconstruir o túnel quântico na ilha, então concordamos.

Mais alguns minutos se passam, e vemos Natasha descer as escadas com uma camiseta azul marinho, calça preta e cabelo solto molhado, adentrando a cozinha e pegando uma fruta em silêncio.

_ Estou pronta para ouvir. – Diz, se encostando no balcão, nos encarando, com os braços cruzados.

_ Você começa. Eu, vou tomar um banho. – Falo para o Barton e saio dali. Não que eu não quisesse ficar e participar disso, mas estávamos conectadas pela dor, e sei que essa conversa não seria fácil para ela.

Ficar sentindo tudo enquanto a encaro não seria bom. Por ser a primeira vez e eu não ter ideia de como isso vai funcionar, resolvi subir para o quarto dela e tomar um banho.

Quando entro no quarto, sou recepcionada com uma avalanche do cheiro da Natasha, o mesmo de antigamente. Claro que na cômoda tinha coisas dela, coisas que o Clint conservou intactas, o que foi ótimo pro momento.

Pego minha bolsa e começo a arrumar minhas coisas, obviamente não vamos dormir na mesma cama, afinal, ela merece um pouco de normalidade depois de voltar da morte.

Deixo somente uma muda de roupa fora da bolsa, e caminho sentido ao para o banheiro. Ao chegar na porta, sinto um aperto horrível no meu peito que me faz travar na hora. Essa dor eu conhecia melhor do que ninguém, era a dor da perda, e ela só aumentava. Me encosto na porta e começo a chorar.

Estava acontecendo, era a ligação.

Não sei qual parte da história ela está ouvindo, não vejo suas lembranças ou pensamentos, é semente a dor. A agonia da perda. Tento respirar fundo e controlar a sensação, na esperança de que também dê alivio a ela, mas nada muda. Lágrimas escorrem pelo meu rosto sem sessar.

Tento pensar em algum feitiço que faça isso parar, mas nada me vem a mente. Foco em pensamentos felizes que tive com os meninos, mas nada muda o que estou sentindo. A única coisa que me resta a fazer é esperar ela se acalmar. Então tiro a roupa, entro em baixo do chuveiro e ligo a água gelada. Apoio as duas mãos na parede, e me permito apenas sentir.

Nenhuma palavra seria capaz de descrever isso.

Fico assim por um tempo, como se estivesse novamente perdido pessoas que importam pra mim. Desabando em lagrimas silenciosas de baixo d'água.

Vou me adaptando com a sensação de forma forçada, não tem como dizer que diminuiu, apenas nos obrigamos a viver com a mesma, é assim que a dor perda funciona... Respiro fundo e termino meu banho. Saio do pequeno cômodo, e vejo Laura sentada na cama.

_ Desculpa entrar assim. Ele está contando tudo agora, então vim ver como você está. – Fala com um ar preocupado. Ela sabia sobre as consequências do retorno da Natasha.

_ Todos sabíamos que haveria um preço. – Falo para ela, e dou um sorriso amarelo. _ Eu aceitei isso antes mesmo de fazer, Laura, e está tudo bem. Ela está sofrendo e eu sinto tudo. – Respiro fundo novamente, me aproximando e segurando sua mão. _ Obrigado por se preocupar.

_ Aguente firme, Wanda. E não me agradeça. Você é da família agora, e família é isso, é cuidado. Pode contar conosco. – Me encara sorrindo. Eu estava extremamente acolhida com isso, é bom ter pessoas que se importam. _ Porque suas coisas estão arrumadas? Você não vai embora, mocinha. – Íntima, apontando para mim e para a bolsa na cama.

_ Não se preocupa, não quero ir embora agora. Só preciso de um lugar provisório na sua casa. O sofá está ótimo pra mim, se não se importar.

_ Não seja boba, a Nat não vai se incomodar de dividir o quarto dela com você. Mas se te deixa desconfortável, posso trazer um colchão pra cá, para não precisarem dividir a cama.

_ Um colchão está ótimo, obrigada!

_ Vou deixar você se trocar. Melhor descer para o jantar, uma parte importante dessa conversa, terá que ser explicada por você. Acumule energia, querida, aquela mulher lá em baixo não é fácil. – Diz rindo.

_ Eu sei, já estou indo, obrigada novamente, Laura. – Ela sorri e sai do quarto. Me troco, e desço pra sala. Não que eu não sinta mais o sentimento de perda, mas quando a olho, parece estar internalizando 'bem' as coisas.

Sentada no sofá da sala de frente para o Clint, sei que percebeu minha presença ali, mas continua encarando o chão. Então sigo caminho até a cozinha, dando um aceno de 'tudo bem' para o Clint, que me olhava preocupado, acredito que pensando na ligação.

Sento em uma cadeira da mesa que me deixa de frente para a sala, tento observar em que parte da conversa o Barton está, mas eles falam muito baixo. Laura me entrega um prato com o jantar, e começo a comer em silêncio com ela também jantando ao meu lado. Ambas estamos na expectativa, penso em ler os pensamentos deles, mas resolvo aguardar como uma pessoa normal.

_ Tenta relaxar, o Clint vai te chamar quando chegar a hora. - Laura diz e eu aceno em resposta, mas continuo olhando para eles na sala.

A feição pensativa dela, como quem está absorvendo tudo a força, me deixa com vontade de abraça-la, e dizer que vai ficar tudo bem, afinal, sou expert em sentir isso, mas então a realidade bate... Acalentar Natasha Romanoff, essa é boa. Sorrio do meu próprio pensamento e finalizo meu jantar. Tiro o prato da mesa e sento no mesmo lugar, ainda encarando-os até que ela olha na minha direção... Clint também olha, depois retorna a conversar com ela. Acho que essa é minha deixa.

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