A voz de Dan provoca um despertar em ambas. Me afasto acompanhando seus olhos cor de mel, notando que agora eles estão quase dourados. O calor e a tensão entre nós é quase palpável. Provavelmente não para Dan, que ainda está falando algo animado e rápido demais, me obrigando a semicerrar os olhos para atentar processar o que ele diz.
Não demora e desisto... Fecho os olhos por um segundo me lamentando... Tentando agora conter o turbilhão de emoções que surgiram.
Tudo efeito e culpa do álcool ? Com toda certeza que sim!
Olho para Dan e ele reforça sua última frase, me fazendo pegar o fio da meada. Ele está contando algo sobre ter descoberto como fazer vodka com batatas... Sim, eu não estou louca!
Tenho certeza que estou com uma cara de indignação bem grande agora. Realmente ele boicotou o que poderia ser um beijo maravilhoso, para me contar que vodka é feita com fermentação de batatas?
Meu santo pai Dan! Nós fizemos escola de gastronomia juntos, não acredito que ele atrapalhou todo esse clima para me contar uma informação óbvia dessas!
Dan bêbado ainda me mata de ódio!
- Jura Dan? Questiono e Rafaela começa a rir, talvez ela compactue do mesmo sentimento.
Dan não se importa para nossa total falta de interesse no seu assunto. Continua animado contando como se produz vodka e quando penso que finalmente ele vai embora, ele faz questão de pegar a mão de Rafaela e sai arrastando ela pela multidão a fora...
O que me restou foi pegar a garrafa de vinho e terminar-la. Fui bebendo calmamente, conversando com uma e outra pessoa que ia passando. Confesso que só percebo que o álcool fez efeito quando tento me levantar. Talvez tenha tentado levantar rápido demais e o álcool esteja me castigando, pela minha audácia de beber como se vinho fosse água. De toda forma, tudo ao meu redor começa á rodar em torno dos meus pés, um alerta na minha cabeça me diz que isso não é um bom sinal.
Me apoio no balcão, tentando me segurar e segurar a vontade de vomitar, que veio com força do fundo do meu âmago. Quase como um porto seguro, sinto uma mão contornando a minha cintura e me sustentando.
- Você está bem ? Ela me pergunta e apenas balanço a cabeça em negativa - Respira, que vai melhorar... A voz de Rafaella me trás um conforto, ninguém melhor para me socorrer do que uma médica!
Bêbada e lascada sim, com azar? hoje não!
Ela me guia com cuidado e a passos curtos pela multidão. Seu braço ainda está envolta da minha cintura, me fazendo amar a sensação do seu toque. E se não estivesse tão mal, poderia facilmente desejar que ela me segurasse por mais tempo...
Percebo que estamos em meu quarto, ela me coloca gentilmente sentada na cama e jogo meu corpo para trás, sentindo o colchão macio me dar algum conforto. Tudo ainda está rodando e é difícil me concentrar em qualquer ponto que seja...
- Venha... Você precisa de um bom banho para melhorar. Vou te ajudar com isso.
Sua mão passa por meu pescoço, enquanto ela me puxa para cima, me obrigando a sentar novamente e em seguida ficar de pé.
Banho? Um pequeno neurônio de sanidade bate em minha mente e busco o resto da minha dignidade.
- Eu consigo sozinha...
Provavelmente não consigo, mas não vou passar por essa cena... A Bianca de amanhã vai me agradecer por esse ato de coragem, a de agora nem tanto...
- Tudo bem...Ela me encara quase que medindo se realmente é uma boa ideia me deixar sozinha - Vou estar na porta, qualquer coisa é só chamar.
Ela me solta e me arrasto para o banheiro. Agradeço o vestido ser soltinho, pois não tive dificuldades em tirá-lo, empurrando o mesmo cintura a baixo, para em seguida o chutar para algum canto do banheiro, enquanto me apoio na parede.
Tiro o sutiã e a calcinha, me obrigo a entrar no box do banheiro a tropeços. Felizmente, não cai. Tento controlar a vontade de rir.
Meu Deus que situação!
A água cai inicialmente gelada e isso serve para me despertar. Deixo que caia pela minha cabeça e nuca, deixando meus cabelos molhados. Aos poucos a água esquenta e meu corpo relaxa sobre ela.
Desligo o chuveiro quando já me sinto humanamente melhor.
Olho para o armário da pia e em cima de sua bancada está uma muda de roupa. Provavelmente Rafaela que colocou.
Me seco e coloco a camisetão que vai até um pouco abaixo da minha bunda, sem sutiã e com uma calcinha confortável vermelha.
Rafaela mexeu na minha gaveta de calcinhas ? Ela entrou aqui, será que ela me viu tomando banho ?
Essas são perguntas que não quero responder agora.
Pego a toalha e seco superficialmente meu cabelo. Para então sair e encontrá-la sentada na minha cama, mexendo no celular distraída.
Ela percebe minha presença e posso sentir o peso dos seus olhos lindos brilhando sobre mim, eles ainda estão dourados, com a mesma intensidade de cenas atrás... Me repreendo, lembrar que quase à beijei faz meu corpo começa a esquentar novamente.
- Melhor ? Sua voz sai doce e baixa e me faz ter a certeza que ela se importa comigo nesse momento.
Balanço a cabeça confirmando, quase sem coragem de falar pela vergonha de ter dado um belo "PT". Sento na cama ao seu lado e então jogo meu corpo para trás.
Quase que em sintonia com meu movimento, Rafaella se levanta, puxando uma coberta e me cobrindo cuidadosamente.
- Bons sonhos Bianca. Ela fala ao pé do meu ouvido, dando um beijo suave na minha bochecha... Fecho os olhos e absorvo a sensação dos seus lábios sobre a minha pele. Sem conseguir conter o mar de sentimentos dentro de mim.
- Obrigada... Solto em um sussurro fraco, fechando os olhos e controlando a respiração...
Alguns minutos depois, tudo apaga...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pimenta & amor
RomanceBianca é sócia de um restaurante com seu melhor amigo e com sua agora, ex-noiva. Vivendo na pele as inseguranças e as cicatrizes de um relacionamento abusivo, ela tenta buscar forças para salvar seu negócio da ruína. Sem inspiração, em crise consig...