A casa
"Senhor Farid", a voz de Tonia era tão doce, tão suave, "Bella precisou ir até a vila comprar umas coisas que ficaram faltando e ela não notou antes, mas prometeu que estará de volta antes do jantar começar". Hannah já abraçava meu avô para lhe dar um carinhoso beijo e Tonia se pendurava em seu braço. "Seremos as anfitriãs, não tão boas quanto ela, mas receberemos seus convidados", Hannah era bem convincente quando queria.
"Tenho outra escolha, meninas lindas?", vovô estava rindo do que ele sabia ser uma armação, mas pensou que eu teria fugido para não enfrentar o homem que eu quase tentei matar dias atrás. "Seu amigo não veio com você Tonia?"
"Ah, senhor Farid, ele virá mais tarde, mas não sei se é uma boa ideia não", Tonia ficou tensa de repente. Felizmente antes que meu avô começasse a ser avô daquelas duas também, os outros convidados chegaram. E realmente minhas amigas foram fantásticas, mostraram os quartos para que pudessem descansar, coordenaram os empregados, serviram bebidas e mantiveram todos ocupados para que não notassem minha falta de educação, afinal, eu sou a dona da casa.
Assim que começou a escurecer meu avô ficou preocupado com minha demora, pois da vila até a residência não era tão longe. Mas Tonia disse que eu tinha preparado uma diversão para distraí-los caso eu me demorasse mais que o normal e foi levando todos para o anexo.
As expressões de surpresa eram audíveis e até vovô aprovou minha pequena traquinagem. Os músicos já estavam posicionados e começaram a tocar assim que todos se acomodaram. Havia algumas cadeiras e mesas de armar espalhadas, mas o resto era típico de um acampamento no meio do deserto. Vovô estava realmente emocionado. Mesmo com a música eu podia ouvir fragmentos de conversas. "Tonia, querida, o Dylon não vem pra cá não?", Kate perguntava para minhas amigas e pude ouvir Hannah bufando, "Não, ele tem mais o que fazer". Será que Hannah está interessada no Dylon? Preciso descobrir isso, seria um casal lindo: a linda e impulsiva loira e o gigante e tímido ruivo.
Olhei para as duas dançarinas e imediatamente elas saíram de trás das cortinas dançando para a pequena plateia. Elas eram realmente fantásticas. Depois da apresentação delas era hora de ponto alto da noite.
Caminhei lentamente até o centro da 'tenda' e comecei a dançar. Mesmo usando um véu meu avô sabia que era eu, as roupas, meu perfume, o jeito de andar. Escolhi uma roupa que minha avó havia costurado para mim quando eu tinha uns 15 anos, em tons de pérola, com pedras de verdade bordadas por toda vestimenta e as joias tilintavam enquanto eu dançava.
Eu misturava estilos diferentes de dança, minha avó era uma mistura de cigana romena com turco, meu avô, árabe, e aprendi mais algumas coisas em minhas andanças. Enquanto os músicos tocavam a parte mais lenta, do início da apresentação, eu me concentrava apenas nos meus movimentos, mas conforme a música ficava mais acelerada eu passei a me concentrar apenas no meu alvo, e isso ficou evidente para meu avô que se remexia um tanto nervoso na cadeira, mas ele sabia que era normal que as dançarinas escolhessem um ponto qualquer para não perderem o foco ou até mesmo o equilíbrio. E ele nunca tinha me visto dançando daquela maneira.
As duas dançarinas agora estavam com os candelabros sobre suas cabeças e eu peguei a espada. Pude notar pelo canto do olho que meu avô ficou ainda mais tenso, mas tinha ido longe demais para desistir agora e estava tão envolvida pela excitação da dança que não sei se eu conseguiria parar, mesmo que eu quisesse.
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Flor da Pele
ChickLitTudo o que ela queria era sua família. Tudo o que foi tirado dela foi sua família. Sem seus irmãos, sem o amor do pai, como lutar contra quem quer acabar com sua vida? Para se realizar alguns desejos precisamos lutar e abrir mão de algumas coisas. E...