Bônus

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Amores... 

domingão, nada para fazer, nada para ver na televisão. Vamos ouvir música e ler?!

Ontem algumas leitoras pediram um capítulo para hoje, algo para animar ainda mais o final de semana. E fiquei pensando, pensando, pensando... Calma ainda estou pensando.

Não vai ter capítulo com mais mistérios e histórias e homens gostosos. Maaaaaas, que tal uma pequena brincadeira?

Um bônus bobo, com uma homenagem para uma das pessoas que mais me incentivou - e ainda incentiva - a publicar minhas histórias (palmas para ela rsrsrs). Então é só uma manhã na vida das meninas. Esse bônus não interfere na trama principal, não tem ligação nenhuma com nada.

Divirtam-se, curtam e aproveitem o restante do domingo.

* * * * *

Em um domingo qualquer...

"Ei preguiça! São quase nove horas da manhã, você pretende dormir o dia inteiro?", Hannah gritou ao entrar no meu quarto e abrir as cortinas sem a menor cerimônia.

"Fecha essa porcaria de cortina sua chucrute dos infernos. Hoje é domingo, quero dormir. Fiquei até tarde na boate ontem", resmunguei sem nem me virar na cama, mas usando o travesseiro para tampar o rosto da claridade irritante.

"Ora. Ora. Ora. Quer dizer então que a pequena mulher bomba está de péssimo humor?!?! O que foi, sua terroristazinha de araque, William não apareceu ontem e você não teve em quem bater? Se bem que eu tenho ideias melhores do que fazer com tudo aquilo", ela falou se jogando na minha cama e me dando um beijo de bom dia.

"Ei, meus olhos! Socorro! Mulheres se agarrando!", Tonia entrou no quarto também, dando risadas ao nos ver abraçadas.

Já que não tive escolha, melhor levantar. "Quero as chaves da minha casa. A pessoa trabalha a semana inteira, tem dois empregos e não pode nem mesmo dormir até o sono acabar no único domingo de folga que aparece? Vocês são más".

Não tem como odiar essas meninas, elas são como irmãs, estão sempre por perto, sempre me ajudando.

Tonia deitou a cabeça no colo de Hannah enquanto fui tomar um banho e colocar alguma roupa confortável, "Meninas, queria sair para umas comprinhas. Estou meio sem roupas para trabalhar. Querem ir comigo?", pergunto voltando do closet.

"Não, eu trouxe malas de roupas do desfile que fiz. Tem umas coisas que você vai amar, estão na sala", Hannah falou sem levantar a cabeça do seu tablet.

Fiquei olhando para ela, esperando que ela levantasse a cabeça e me encarasse, mas tanto ela quanto Tonia estavam absorvidas no aparelho e depois de dois minutos eu desisti "Suas chatas, vou fazer café, querem alguma coisa especial?".

Ambas resmungaram algo sobre café preto e beigel. Quem mandou trabalhar em uma confeitaria kosher? Agora toda vez que essas duas estão aqui tenho que assar meus deliciosos beigels, um tipo pãezinho, sem recheio, sem cobertura, mas que é tão macio e fofinho que é impossível comer apenas um; sorte que sempre tenho em casa, porque eu também não sei mais viver sem eles.

Voltei ao quarto para chamar aquelas duas, porque cansei de gritar avisando que o café estava pronto. Elas simplesmente continuavam jogadas na cama, ainda grudadas no tablet, "O que vocês estão fazendo, não me ouviram chamar?".

"Comida", as duas correram para a cozinha me deixando plantada no meio do quarto.

Elas pegam pães, geleia, patês, café e suco e arrumam tudo na mesinha da sala, se acomodam no chão e começam a devorar a comida como se não comessem há meses. "Vocês são modelos mesmo? Cara, nunca vi mulheres comerem assim!", eu sempre fico espantada com a voracidade dessas duas.

"Comida para a barriga, exercício para as formas e homens para a alma. Falando em homens... Bella, quando você vai parar de brincar de cachorro que caça o rabo com o William?", Tonia segurava o beigel cheio de geleia na altura dos olhos e gesticulava com ele em minha direção. "Porque tem que ser muito cego para não notar que você baba cada vez que ele aparece. Certo, qualquer mulher que tenha orgulho de se chamar de mulher baba por ele. E olha que ele nem é assim, sem ofender..., não é assim lindo, maravilhoso e exuberante. Mas ele é um espetáculo e acho que está na hora de você pelo menos provar";

Depois de engasgar e desengasgar umas duas vezes, "Tonia, você está falando o que eu acho que você está falando?".

Ela deu uma risada e piscou para Hannah que já estava novamente grudada no aparelho e meio alheia a nossa conversa. "Sim, Bella, a Tonia está dizendo que você precisa largar seus amigos e pegar um homem de verdade".

Tonia ainda completou antes que eu pudesse abrir a boca, "Fecha a boca porque você sabe que estamos certas. Você fica aí se fazendo de ofendida, mas eu sei que você fica procurando matérias sobre 'O advogado mais brilhante de Londres', pare de se esconder e aja. Você o quer, ele quer você. Se peguem. Se for bom, ótimo. Se não for... Com aquela cara dele, isso é impossível, vai ser bom.".

Melhor deixar essas duas malucas e ver o que tem nas malas que a Hannah falou. Temos tamanhos diferentes, sou mais baixa que elas, mas Hannah conhece meu estilo melhor que eu. Por este motivo não me espanto quando noto que uma das malas está cheia de roupas perfeitas para trabalhar. Com isso vou ficar um ano sem me preocupar em ir às compras.

Essas minhas amigas são loucas: Hannah sempre troca uma parte de seus cachês por roupas, para mim e para Tonia. Outra parte ele divide igualmente entre seus gastos e doações. Já Tonia fica com apenas metade do seu cachê. A outra parte vai toda para a organização que dirigimos.

De repente Hannah se jogou no sofá ao meu lado, "Bella, você fala português não fala?", ela e Tonia em olhavam com olhos esperançosos.

"Mal. Por quê?".

Depois de um suspiro Hannah me explica, "Essa semana de moda estava cheia de brasileiras, e elas me falaram de um aplicativo com livros escritos por pessoas como nós, aí me mostraram vários e elas estavam lendo um que eu apaixonei. Mas está em português e o tradutor está fazendo uma bagunça no texto, tá difícil de entender muita coisa. Então já que você é uma amiga linda, maravilhosa e super poderosa, que fala português como uma nativa, você vai sentar aqui e ler a história para mim e Tonia. Ela se chama Amores Bandidos, de uma autora chamada Dehratton, Deh, Dêh, Déh. Ah! Não sei como se fala isso. Mas a história é fantástica, sobre uma menina que entra em depressão depois de se apaixonar por um bandido. Vai lê aí para nós".

Ela jogou o tablet no meu colo, se acomodou no sofá ao meu lado e Tonia se enroscou em umas almofadas no chão. E ficamos o domingo inteiro lendo o tal livro, que era realmente uma delícia, muito bem escrito.

Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora