Capítulo Quarenta e Um

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O susto

Encostei em Kazimir, apoiando minha cabeça ao seu peito, "Eu estraguei sua noite, me perdoe. Pode ficar um pouco? Estou com medo de ficar sozinha".

"Ele não vai tentar entrar no hotel, pode ficar tranquila. Minha companhia não era tão interessante quanto você e algum dos meus homens a acompanhou até em casa".

"Ah!", faço cara de ciumenta decepcionada. "Era uma mulher? Desculpe não queria estragar sua noite. Se quiser pode ir se encontrar com ela, eu fico sozinha, já estou acostumada". Dou um suspiro e tento sair do seu abraço, "Vou ficar bem sozinha. Eu acho. Você tem razão, o que de mal pode acontecer comigo dentro de um hotel?".

Ele afastou meu cabelo para segurar minha nuca e poder olhar diretamente dentro dos meus olhos, "Você quer que eu fique com você?".

Para o inferno que eu sabia o que queria. Mas peguei a mão dele e fui caminhando para a recepção assim mesmo. Percebi que os homens na entrada eram seguranças de Will e Edward, isso queria dizer que eles já estavam na suíte embaixo da minha.

"Você já jantou? Quer jantar comigo? Podemos pedir o jantar no meu quarto enquanto eu tomo um banho, assim ficamos mais à vontade para conversar. O que acha?". Não precisei fingir que cambaleava um pouco, descobrir que minha cabeça estava finalmente se curando e que eu poderia tentar ter um relacionamento com alguém era algo muito mais embriagador do que qualquer bebida do mundo.

Quando entramos no elevador, Kazimir soltou minha mão e me abraçou suavemente, percebi um toque delicado em minha testa, não um beijo real, apenas uma insinuação. Fechei meus olhos, me preparando para o papel que teria que desempenhar e só então percebi que todos os músculos do corpo dele estavam contraídos. No momento em que as portas do elevador se abriram, ele saiu na minha frente e foi me puxando, tirou o cartão das minhas mãos e abriu a porta me empurrando delicadamente para dentro.

Virei-me e o vi encostado à porta, me avaliando como um tigre estudando a presa e um arrepio me fez tremer. Na mesma hora ele esticou o braço, me puxou para ele e mergulhou a cabeça na curva do meu pescoço. Ele só me segurava, de leve, então foi fácil empurrar o peito dele para tentar me afastar, mas não gostei do que vi nos olhos dele quando o fiz.

Eu tentei dar um passo para trás, mas não consegui, seus braços me prendiam enquanto Kazimir ria para mim. Não havia a menor graça naquele sorriso, então levantei a mão para lhe dar um tapa e o tirar daquele transe estranho, mas ele aparou o golpe e ainda torceu meu braço para trás, com mais força que a necessária.

"Kazimir, por favor, não, você está me machucando, pare".

"Parar? Por que?", ele prendeu meus braços às minhas costas com apenas uma mão, enquanto a outra ele passava no meu rosto lentamente, descendo pelo pescoço, colo, até a barriga – na verdade foi um pouco abaixo da barriga –, e ele não tirava os olhos de mim, "Era isso que você queria. Por que outro motivo traria um homem que você sabe que está interessado em você para dentro do seu quarto?", ele fechou os dedos ao redor do meu mamilo, brincando com ele por sobre o tecido fino do vestido, ao mesmo tempo em que me puxava para mais perto de seu corpo, acabando de vez com a pequena distância que nos separava, "vou adorar ouvir você gemer enquanto passo minha língua aqui", e deu um leve apertão.

Tentei soltar os braços. Ele estava me machucando. Não imaginei que ele era tão forte. Sua mão livre continuava brincando com meu seio, "Isso, querida, resista mesmo, com o sangue quente é mais divertido". Quando viu o medo em meus olhos, ele me beijou. Ao contrário do que supus que ocorreria, não foi violento; ele só encostou os lábios nos meus e passou levemente a língua entre meus lábios, deu uma pequena mordida no meu lábio inferior e me soltou, de repente. Eu cambaleei, com a ausência de sua força me prendendo ao seu corpo e com raiva da porcaria de situação que entrei e não conseguia pensar em como sair.

"Você conhece a lenda das guerreiras amazonas?", perguntou e eu não sabia se ele estava brincando ou se queria só me assustar mais. Droga, o cara me desestabilizou em dois minutos, "eu vou derrotar você e depois você será meu troféu da vitória, gritando meu nome na minha cama, enquanto eu fodo você do jeito que você merece", ele continuou falando, interrompendo meus pensamentos.

Senti um embrulho no estômago ao ouvir essas palavras e não foi do tipo bom. Eu o queria encurralado, não que ele me encurralasse.

Kazimir caminhou até o pequeno bar e serviu duas doses de vodka, virou a dele em um único gole e caminhou lentamente até parar ao meu lado, "Beba. Sua boca está muito seca", e levou o copo até meus lábios. Ele derramava bebida em minha boca e me empurrava para trás, percebi quando me choquei com a parede.

"Isso. Agora, onde paramos? Ah! Eu ia começar a descrever o que vou fazer com você", ele arremessou o copo longe e me virou de costas me imprensando contra a parede, abaixando o zíper lateral do vestido e beijando minha pele nua. Ele me soltou por um minuto para levantar minha saia e eu tentei me virar para me afastar dele. Todo o treinamento, todas as horas que passei lutando desapareceram como um passe de mágica; só sentia medo e vontade de fugir o mais rápido possível para onde minhas pernas aguentassem me levar.

"Hummm, de frente? Seus seios querem atenção, é isso?", ele falou antes de passar a língua em meu mamilo, por cima do vestido, e depois deu uma leve mordida.

Sem aviso nenhum ele se endireitou e, apertando meu pescoço com força, me levantou do chão. Pude ver raiva em seus olhos.

"Kazimir... por... favor...", ele apertava meu pescoço de uma maneira que era difícil respirar.

"Por favor, o quê? Faça logo? Ou pare com isso?", e deu uma leve sacudida que enviou ondas de dor por toda minha espinha. "O que você quer?".

Eu tentei olhar para ele, mas sentia que perdia minha consciência. Não conseguia respirar, meus pulmões queimavam e não via nada claramente.

Não cheguei a apagar de verdade, tinha certeza que não havia desmaiado. Só não sabia como cheguei ao sofá e de que modo a manta que estava sobre a minha cama acabou enrolada em meu corpo, com algumas almofadas sob minhas pernas. Eu estava no colo de Kazimir. Passei no primeiro teste. Por pouco, devo reconhecer, e tive muito medo do que viria a seguir.

Depois de semanas treinando com meus amigos e Will, não deveria ter me assustado tanto, não poderia nunca ter entrado em pânico daquela maneira. Ele controlou completamente a situação e eu fiquei ali, indefesa, sem saber como me defender. Caso eu continuasse agindo desse jeito todo o plano estava fadado ao fracasso.

* * *

- Como boa autora má que sou (amei esse trocadilho), próximo capítulo só na outra quarta-feira! 

Flor da PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora